Se condenado, Bolsonaro pode pegar mais de 40 anos de cadeia

O parecer foi enviado na noite desta segunda-feira (14) pelo procurador-geral Paulo Gonet ao ministro Alexandre de Moraes, relator do caso

A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro por envolvimento na tentativa de golpe de Estado em 2022. Se condenado pelas penas máximas previstas, Bolsonaro pode pegar até 43 anos de prisão.

O parecer foi enviado na noite desta segunda-feira (14) pelo procurador-geral Paulo Gonet ao ministro Alexandre de Moraes, relator do caso. A PGR acusa Bolsonaro de cinco crimes: organização criminosa, tentativa de abolição violenta do Estado democrático de direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça, e deterioração de patrimônio tombado. 

Ex-presidente Jair Bolsonaro Valter Campanato / Agência Brasil
 
 
 

No documento, Gonet afirma que os crimes foram cometidos de forma coordenada sob liderança de Bolsonaro. “A cooperação entre si dos denunciados para esse objetivo derradeiro, sob a coordenação, inspiração e determinação derradeira do ex-presidente da República denunciado, torna nítida a organização criminosa, no seu significado penal”, diz o texto.

Entre os fatores que podem ampliar as penas estão o uso de arma de fogo e o fato de Bolsonaro ter exercido o comando da organização. Para o crime de organização criminosa, por exemplo, a pena pode ser aumentada em até nove anos, considerando os agravantes.

A manifestação da PGR marca a fase final do processo antes do julgamento, previsto para setembro. O próximo passo é a apresentação das alegações finais pelos réus. O primeiro a se manifestar será o tenente-coronel Mauro Cid, que fechou acordo de delação premiada. Em seguida, os demais réus terão 15 dias para enviar suas defesas.

Além de Bolsonaro, são acusados de integrar o núcleo central da trama: Alexandre Ramagem, Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno, Mauro Cid, Paulo Sérgio Nogueira e Braga Netto. Todos respondem pelos mesmos cinco crimes, que, somados, também podem resultar em mais de 40 anos de prisão.

No parecer, a PGR criticou a colaboração de Cid, classificando-a como ambígua e incompleta, e sugeriu apenas a redução mínima de um terço da pena. Também rejeitou benefícios como perdão judicial ou penas alternativas.