Maria Regina Sousa, nasceu em 4 de julho de 1950, no município de União, quinta de 14 filhos do casal de agricultores, Raimundo Sousa Miranda e Maria da Conceição Silva Miranda, desde nova iniciou o trabalho, para ajudar na renda familiar, plantando e colhendo milho, feijão e fava, além de quebrar coco babaçu, e hoje assume o maior cargo executivo do Estado, com a saída de Wellington Dias para disputar uma vaga no Senado Federal, Regina toma posse como a primeira governadora efetiva do Piauí.
Foi alfabetizada de forma tardia, aos sete anos de idade, em uma escola rural. Aos treze mudou-se para Parnaíba, para continuar os estudos, concluiu ginásio e o curso pedagógico, antes de se mudar para Teresina para estudar Letras, na Universidade Federal do Piauí, e foi durante o curso que iniciou a vida política, no movimento estudantil, durante a ditadura militar.
Após sua formatura em Letras com habilitação em língua portuguesa e francesa, foi aprovada no concurso público do Banco do Brasil, em 1983, onde continuou sua atuação política, como presidente do Sindicato dos Bancários do Piauí. E foi no meio sindical que conheceu Wellington Dias, então funcionário da Caixa Econômica Federal. E aqui a história reflete o que ocorreria novamente em 2022, foi sua vice na eleição para o Sindicato dos Bancários do Piauí, para o qual foram eleitos, e assumiu a presidência do órgão após a saída de Dias.
Ainda no movimento sindical, Regina Sousa foi uma das fundadoras da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Piauí, eleita por seis mandatos como presidente do diretório estadual do Partido dos Trabalhadores, desempenhou as funções de coordenação nas campanhas de Dias, a governador nas eleições de 2002 e 2006.Em 2003, com a vitória de Wellington, foi por ele designada como secretária de Administração do Piauí.
Pessoa de extrema confiança de Wellington Dias, Regina, coordenou diversas candidaturas, até integrar sua chapa ao Senado Federal em 2010, como primeira suplente, tornando-se Senadora quando Wellington assumiu pela quarta vez o governo do Estado. Posteriormente integrou a chapa para reeleição, elegendo-se vice-governadora.
Senado
A presença de Regina Sousa no Senado Federal, foi marcada por ataques e questionamentos, mulher negra e simples, apesar da trajetória política, teve sua inteligência e capacidade questionada por inúmeras vezes.
Um dos episódios mais marcantes foi quando o humorista Danilo Gentili comparou Regina Sousa a uma “tia do café”. Em outra ocasião, a senadora foi chamada de “anta”, “gentalha” e “semianalfabeta”, pela então jornalista Joice Hasselman, em um vídeo gravado na galeria do plenário. À época a senadora se emocionou após recusa da justiça em retirar o vídeo do ar.
“Eu fico pensando: o que esse colegiado acha que eu sou gentalha, anta? Só pode. Um vídeo que já foi visto por muitas pessoas, e eles querem que seja visto de novo”, falou entre lágrimas.
De volta ao Piauí
Com a vitória de Wellington Dias para governador, pela quarta vez, Regina foi empossada como vice-governadora em 2019, durante esse período, assumiu diversas vezes o governo, durante ausências de Wellington, fato que agora será em definitivo até dezembro de 2022.
Regina será empossada como governadora do Piauí nesta quinta-feira (31). “Eu me sinto feliz. Será um desafio e tanto, não apenas por ser mulher. Para qualquer um, seja homem ou mulher, assumir um Estado, uma cidade, um país, cuidar da vida do povo, é muita responsabilidade. Estou preparada, pensando em coisas que eu possa desenvolver e que tenham a ver com meu jeito, com minhas metas, com minhas causas”, disse.
Reconhecidamente preocupada com causas sociais, Regina afirmou que vai priorizar os cuidados da população vulnerável. “Eu quero cuidar das pessoas que estão precisando, que são invisíveis e isso, geralmente, não gera notícias, as pessoas não veem. Mas, eu considero a grande obra da minha vida é trabalhar com essas pessoas, que é tudo que tenho feito até hoje”, pontuou.
Quanto à representatividade para as mulheres de estar no cargo máximo do Poder Executivo estadual, a vice-governadora cita a importância do empoderamento feminino.
“É importante porque a gente tem uma luta por empoderamento. Então, cada uma que ocupar um espaço é um exemplo para dizer que a mulher pode fazer as coisas, que pode ser governadora, prefeita ou presidenta. As meninas que estão vendo e vão se mirar nesse exemplo, como quem estuda e chega nas faculdades. Cada conquista das mulheres é exemplo para as meninas e outras mulheres para consolidarmos a conquista dos espaços públicos que ainda são muito masculinos, a gente ocupa muito pouco”, disse Regina Sousa.
A violência doméstica como desafio
“É muito da concepção, de construção social na cabeça dos homens ter a posse, serem donos da mulher, eles têm isso na cabeça e acabam acontecendo essas tragédias que a gente vê todo dia. Então, temos que construir juntos a saída. Particularmente, vejo a saída pela educação. Educar os meninos de hoje para não serem violentos, educar para a paz, para não agredir, não querer, não sentir vontade de agredir. Agora, se não são educados, serão influenciados pelo que veem na televisão, na rua, em casa o pai agredindo a mãe ou as irmãs, ele pode crescer uma pessoa violenta. Ou a gente inclui esse assunto com seriedade na educação ou vamos penar durante muito tempo agindo depois da tragédia acontecida, agindo na consequência e não na causa”, destacou.
Participação das mulheres na política
“Durante muito tempo quando as mães mandavam as filhas estudar fora, era para fazer economia doméstica, para ser dona de casa. Lembro que muitas colegas foram para Natal (RN) estudar e se prepararem para o casamento, tomar conta da casa. Isso existia há, até, pouco tempo, na minha geração. O menino vai jogar bola na rua, as meninas ficam em casa ajudando a mãe ou brincando de casinha. Tudo isso é construção social. Essa menina pode ser orientada a ir brincar na rua com suas coleguinhas, não? Por que só o irmãozinho pode ir? Isso não se desconstrói fácil”, finalizou.
Saída de Wellington
Wellington Dias renunciou o mandato para concorrer ao Senado Federal nas eleições de 2022. Assim como ele, o secretário de Fazenda, Rafael Fonteles também deixa suas funções administrativas para concorrer, pela primeira vez, o cargo de governador do Piauí pelo PT.
*Com informações do Governo do Piauí