Lula assina MP que socorre empresas atingidas pelo tarifaço dos Estados Unidos

Medida vai destinar R$ 30 bilhões para os setores afetados pelas tarifas impostas por Donald Trump

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou nesta quarta-feira (13) a MP (Medida Provisória) Brasil Soberano, que vai destinar R$ 30 bilhões de socorro às empresas afetadas pelo tarifaço de 50% imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

“Quero dizer para os empresários e para os trabalhadores que a gente vai tentar fazer o que estiver no nosso alcance para minimizar o problema que foi criado. Nós vamos continuar vendendo as coisas que os EUA não querem comprar, nós vamos procurar outros países”, afirmou Lula.

  
MP foi apresentada por Lula e Alckmin Ricardo Stuckert/PR
 
 
 

A cerimônia de assinatura foi realizada no Palácio do Planalto, com a presença do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).

No discurso, o vice-presidente Geraldo Alckmin detalhou que a MP vai ampliar o Reintegra para todas as empresas que exportam para os Estados Unidos. A iniciativa vai permitir que as empresas exportadoras recebam de volta parte dos valores pagos em impostos.

“Na área da indústria teremos o Reintegra. Para a pequena empresa, as micro e pequenas, já tinham [acesso à medida]. Agora as que exportam para os Estados Unidos terão esse acesso. Vão ser 3% de retorno dos impostos pagos”, explicou.

Alckmin também citou o drawback. “Aquilo que eu importo eu não pago imposto, mas se eu frustro a minha exportação, eu teria que pagar o imposto do que eu importei, além de multas e sanções. O senhor está prorrogando por mais um ano o drawback”, citou.

Ele acrescentou que a MP contempla “medidas de crédito e fundo garantidor, compras governamentais, e [ações] na área tributária, enfim um conjunto de medidas buscando atender o setor produtivo para garantir emprego, garantir a produção e abertura de mercado.”

Também presente na cerimônia, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reiterou as frentes do plano de contingência: linhas de crédito, compras públicas de mercadorias perecíveis e devolução de créditos tributários. “É uma leva de proposições que vão atenuar esse impacto inicial. Vamos ficar atentos e monitorando nossas exportações e o comportamento do mercado”, disse.

A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, classificou as sanções dos Estados Unidos como “chantagem”. “O plano é para proteger nossas empresas e exportações, a economia e as famílias brasileiras, e os empregos. Uma grande responsabilidade que mais uma vez devemos compartilhar com o Congresso Nacional”, disse.

Ela acrescentou: “O Brasil e o mundo são testemunhas que [as tarifas], [são] uma verdadeira chantagem, e foi provocada por aqueles que tentaram abolir o estado democrático de direito”, afirmou.

Veja as principais medidas

Linhas de crédito

Prorrogação de prazos do regime de drawback

Compras públicas: apoio a produtores rurais e agroindústrias

Modernização do sistema de exportação

Fundos garantidores

Novo Reintegra para empresas afetadas

Produtos atingidos pela nova tarifa

🔸Café — Maior exportador global, o Brasil tem nos EUA um dos principais compradores. Em 2024, as vendas atingiram quase US$ 2 bilhões, equivalentes a 16,7% do total exportado.

🔸Carne bovina — O mercado norte-americano absorveu 16,7% das exportações brasileiras do produto em 2024, o que corresponde a 532 mil toneladas e US$ 1,6 bilhão em receitas. A Minerva projeta queda de até 5% na receita líquida.

🔸Frutas — Mais de 1 milhão de toneladas foram enviadas ao exterior em 2024, e parte expressiva passará a ter tributação adicional.

🔸Máquinas agrícolas e industriais — O decreto prevê isenções para peças da indústria de papel e celulose e itens da aviação civil. Equipamentos fora desses segmentos serão integralmente tributados.

🔸Móveis — Alguns modelos escaparam da taxação, como assentos e estruturas metálicas ou plásticas utilizadas em aeronaves. O restante terá incidência da nova alíquota.

🔸Têxteis — A isenção restringe-se a itens específicos, como fio de sisal para enfardamento e materiais aeronáuticos.

🔸Calçados — Todos os modelos brasileiros passaram a ser taxados, agravando dificuldades de um setor já pressionado pela concorrência global.

Suco de laranja

Mesmo incluído na lista de exceções à sobretaxa de 50% imposta pelos Estados Unidos, o setor brasileiro de suco de laranja enfrenta perdas expressivas. O impacto imediato é estimado em R$ 1,54 bilhão, decorrente da inviabilidade econômica das vendas externas de subprodutos, que receberam a tarifa máxima e renderam US$ 177,8 milhões na safra anterior (cerca de R$ 973,6 milhões).

Soma-se a esse montante o efeito da cobrança de 10% sobre o suco in natura, calculado em US$ 103,6 milhões (R$ 566,7 milhões), com base nos volumes registrados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex/Mdic) para a safra 2024/25.

A combinação de tarifas e retração de preços pode elevar as perdas totais do setor para além de R$ 2,9 bilhões. “Embora o setor esteja aliviado por ter sido incluído na lista de exceções, os impactos são significativos, principalmente em um contexto de mercado desafiador como o deste ano”, avalia o diretor-executivo da CitrusBR, Ibiapaba Netto.


Os subprodutos da cadeia citrícola são matéria-prima para as indústrias de bebidas e cosméticos.

Perguntas e respostas

Qual é a medida assinada por Lula e qual o seu objetivo?

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou a Medida Provisória Brasil Soberano, que destina R$ 30 bilhões para socorrer empresas afetadas pelas tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos.

O que Lula afirmou sobre a situação das empresas?

Lula afirmou que o governo fará o possível para minimizar os problemas causados pelas tarifas e que buscará vender produtos para outros países.

Quais são os principais pontos abordados pelo vice-presidente Geraldo Alckmin?

Geraldo Alckmin detalhou que a MP ampliará o Reintegra para todas as empresas que exportam para os Estados Unidos, permitindo que recebam parte dos impostos pagos de volta. Ele também mencionou a prorrogação do drawback e outras medidas de crédito e tributárias para apoiar o setor produtivo.

O que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse sobre o plano de contingência?

Fernando Haddad reiterou que o plano inclui linhas de crédito, compras públicas de mercadorias perecíveis e devolução de créditos tributários, visando atenuar o impacto das tarifas e monitorar as exportações.

Como a ministra Gleisi Hoffmann classificou as sanções dos Estados Unidos?

A ministra Gleisi Hoffmann classificou as sanções como “chantagem” e destacou que o plano é proteger as empresas, a economia e os empregos brasileiros.

Qual é a importância do mercado norte-americano para o Brasil?

Os Estados Unidos são um dos principais compradores das exportações brasileiras, com vendas que atingiram quase US$ 2 bilhões em 2024, representando 16,7% do total exportado.

Quais setores estão sendo impactados pelas tarifas e quais são as estimativas de perdas?

Os setores de carne bovina, frutas, máquinas agrícolas, móveis, têxteis e calçados estão sendo impactados. As perdas totais do setor de suco de laranja podem ultrapassar R$ 2,9 bilhões devido às tarifas e à retração de preços.

Qual é a avaliação do diretor-executivo da CitrusBR sobre a inclusão na lista de exceções?

O diretor-executivo da CitrusBR, Ibiapaba Netto, afirmou que, embora o setor esteja aliviado por estar na lista de exceções, os impactos das tarifas são significativos em um mercado desafiador.