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DECISÃO

Torcedor que cometeu injúria racial contra goleiro é solto e proibido de frequentar estádios no PI

Caso aconteceu no sábado (20) quando Francisco das Chagas chamou goleiro de 'uva preta'


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(Atualizada às 11h32)

Apontado como autor de ofensas racistas contra o goleiro Caíque, do Ypiranga, Francisco das Chagas Sousa foi solto após ser preso em flagrante na tarde de sábado (20). O caso aconteceu durante a partida entre Altos e Ypiranga, pela Série C, quando Francisco chamou o goleiro de "uva preta". Após audiência de custódia, ficou determinado que Francisco está proibido de frequentar estádios por seis meses. A decisão, obtida pela coluna, foi proferida neste domingo (21).

  

Torcedor foi preso em flagrante pelo crime de injúria racial
Reprodução

   

"No caso em tela, ao fazer análise para ver se esses elementos justificam a gravidade das consequências do ato e a estigmatização jurídica e social, reputo que as medidas cautelares são suficientes ao caso, visto que, não estão preenchidos os requisitos objetivos para a decretação da prisão preventiva", diz trecho da decisão. 

Na decisão, o juiz Washington Luiz Gonçalves Correia, alegou que "os requisitos para autorizações legais para o deferimento da prisão preventiva estão os casos de delitos envolvendo violência doméstica, inclusive, que envolvam crianças". 

Desta forma, Francisco está sujeito apenas a medidas cautelares, como proibição de frequência em estádios por seis meses, deverá ainda comparecer a todos os atos processuais sempre que intimado e proibido de ausentar-se da comarca ou mudar de endereço sem aviso prévio a este juízo. Ele vai responder pelo crime.

Entenda o caso

Francisco das Chagas Sousa foi conduzido à Central de Flagrantes de Teresina, na tarde de sábado (20), após cometer injúria racial durante a partida entre Altos e Ypiringa, no estádio Lindolfo Monteiro, pela Série C do Brasileiro. Ele foi apontado por Caíque, goleiro do Ypiranga, após ofender o jogador o chamando de "uva preta" quando o goleiro se dirigia para fazer a cobrança do tiro de meta

  

Caíque foi à Central de Flagrantes para depoimento após a partida
TV Antena 10

   

Após ser ofendido, Caíque parou a partida e denunciou o torcedor para o árbitro. O homem foi identificado e preso em flagrante pelo crime de injúria racial. Ao final da partida, o goleiro, um membro da comissão técnica do Ypiranga e uma testemunha foram à Central para realização dos procedimentos cabíveis ao caso.

Em janeiro deste ano, a Lei 14.532/2023 foi sancionada pelo presidente Lula que igualou o crime de injúria racial ao crime de racismo. De acordo com a lei, caso o crime seja cometido no contexto de atividades esportivas, religiosas, artísticas ou culturais destinadas ao público, a pena é de reclusão, de 2 a 5 anos, e proibição de frequência, por 3 anos, a locais destinados a práticas esportivas, artísticas ou culturais destinadas ao público, conforme o caso. 

Clubes emitem nota de repúdio

Ao final da partida, as redes sociais de Altos e Ypiranga publicaram notas de repúdio contra o caso. Veja abaixo.

A Federação de Futebol do Piauí (FFP) também emitiu nota de repúdio sobre o caso.

Esta não é a primeira vez que um caso de racismo ocorre em uma praça esportiva piauiense. Ainda em 2019, durante uma partida do Campeonato Piauiense, o zagueiro Alan, à época jogador do Piauí Esporte Clube, foi chamado de “macaco” por um torcedor presente na arquibancada. O caso foi julgado pelo Tribunal de Justiça Desportiva do Piauí e chegou ao Ministério Público do Piauí.

Após esse caso, a Federação de Futebol do Piauí assinou junto ao MP-PI um termo de ajustamento de conduta para o enfrentamento e o combate a condutas discriminatórias em estádios do Piauí.  O termo possui 15 cláusulas nas quais a entidade desportiva assume o compromisso de desenvolver uma série de ações. A FFP também lançou a campanha “Racismo não se tolera, racismo se combate”, onde desde então faixas na lateral dos gramados das praças esportivas, banners em redes sociais e no site da entidade, além de chamadas nas transmissões dos jogos pela FFPTV são constantemente divulgados, com o intuito de conscientizar, esclarecer, prevenir e combater novos episódios de racismo e injúria racial. 

A Federação de Futebol do Piauí repudia todo e qualquer ato de racismo e discriminação, condutas incompatíveis com o esporte, ao tempo em que se solidariza com o atleta Caíque, do Ypiranga-RS. Reconhecemos que para tais pautas não há cor, raça, credo, religião, sexo e muito menos escudos que nos diferenciem ou nos tornem mais ou menos que o próximo. A intolerância, a discriminação e o preconceito precisam ser combatidos, seja no futebol ou em qualquer outro lugar na sociedade. Esse fato só reforça a importância de nossa luta por um futebol sem ódio. A FFP aproveita a oportunidade para agradecer à Polícia Militar pela eficiência no apoio prestado.

Fonte: Portal A10+


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Sobre a coluna

Por Jade Araújo

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