📲 Siga o A10+ no Instagram, Facebook e Twitter.
O Perito Geral de Polícia Científica do Piauí, Dr. Antônio Nunes, informou em entrevista à TV Antena 10 nesta quinta-feira (09), que os cajus que foram analisados no caso dos irmãos que, em agosto de 2024, morreram envenenados após consumirem as frutas, serão periciados novamente; além das crianças, um gato foi encontrado morto. Os novos exames surgem após a morte de outros familiares com a mesma substância constatada nas vítimas em ambas as situações, que é o Terbufos.
Antônio Nunes classifica a nova perícia como fundamental para haver uma certeza do que houve no crime anterior. As duas crianças, segundo a polícia, comeram cajus envenenados pela vizinha, Lucélia Maria da Conceição Silva, 52 anos. O caso ocorreu em 23 de agosto na cidade de Parnaíba, litoral do Piauí. Ela segue presa desde então.
"Exatamente igual, o Terbufos. Mesmo veneno (em ambos os casos). Nós temos a prova técnica dos corpos. Os corpos tinham o Terbufos. Esse veneno está detectado nos corpos das crianças. Então, só saber que eles foram envenenados. Segundo consta do inquérito, e aí deixo claro que isso não é da polícia científica- eu estou dizendo aqui o que consta lá- seriam testemunhos que ela tinha o costume de envenenar gatos antes, teria um histórico, supostamente. E testemunhas teriam visto ela entregando esses cajus para as crianças", disse.
Questionado sobre o motivo dos exames não terem sido realizados na época das mortes dos dois irmãos, Antônio Nunes argumentou que o estado do Piauí ainda não contava com um laboratório de toxicologia forense.
"Ele começou a ser montado e tudo terminou de ser montado, tudo que tinha que estar lá, de equipamento, há quatro meses. A partir daí, você vai calibrar os aparelhos, tem treinamento mesmo, vem a equipe de fora para treinar, porque não basta você saber. Dois meses, dois meses e meio a gente começou a receber os reagentes e outros materiais. Os que foram chegando a gente começou a fazer os exames de acordo com aqueles que tinham chegado. E o que possibilita fazer este exame dos cajus chegou a mais ou menos uma semana", relatou.
O perito não descartou uma exumação dos corpos, mas irá estudar o caso anterior para saber da necessidade. No entanto, garante que os resultados sairão brevemente. "Devo passar esse final de semana estudando o caso para verificar se compensa, se tem condições de se fazer alguma coisa depois de exumar. Não pode só exumar por exumar, tem que haver um objetivo. Tenho que verificar essa droga terbufos, do tempo em que o cadáver está enterrado, se tem condições de detectar algo. Se tiver, não exumaremos. Se tiver, exumaremos. Até agora, tivemos em todos que foram examinados foi encontrado o terbufos", pontuou o médico.
A prisão do padrasto suspeito de envenenar família no Piauí
Personalidade complexa, colecionador de livros sobre o Nazismo, tinha uma residência exclusiva, e sentimento de ódio pelos enteados. Essas são algumas das características, segundo a Polícia Civil do Piauí, sobre Francisco de Assis Pereira da Costa, 53 anos, preso como principal suspeito do envenenamento da própria família, na cidade de Parnaíba.
Seguindo uma cronologia dos fatos, Francisco teria sido o último a dormir quando finalizada a festa de Réveillon realizada pela família na madrugada do dia 1º de janeiro de 2025. No dia seguinte, conforme a polícia e relatos de outra enteada do suspeito, ele teria insistido para que fosse reutilizado o arroz, que havia sobrado da confraternização familiar. Ninguém relatou a presença de pessoas estranhas nesse período até a refeição do almoço.
O veneno também foi encontrado, de acordo com laudos do Instituto de Criminalista, no corpo de uma das vítimas e em um dos pratos da residência. Logo após o consumo do alimento, os familiares passaram mal, até que foi registrado o primeiro óbito de Manoel Leandro da Silva, de 18 anos. Durante o atendimento da ocorrência, os policiais notaram um semblante de frieza de Francisco com relação ao caso.
Colecionador de livros sobre o Nazismo em baú e casa exclusiva
Segundo a polícia, com as investigações, foi descoberto que Francisco tinha um baú fechado com chave, que ele carregava em um colar, e uma residência que era de uso exclusivo dele, apenas ele tinha acesso aos locais.
Nos dois locais, as equipes encontraram revistas sobre o Nazismo, Racismo, e outros temas. "Foram três livros, material tanto físico quanto digital sobre a questão do Nazismo. A perícia já fez a coleta, tem material escrito, para ser analisado e a gente chegar a motivação e personalidade da pessoa. Estamos diante de uma psicopatia criminal, e ele diz que não é nazista", destacou o delegado Willames Pinheiro.
Vítimas
O primeiro óbito foi de Manoel Leandro da Silva, de 18 anos, que morreu ainda na ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). A segunda, Igno Davi da Silva, 1 ano e 8 meses. A filha de Francisca, Lauane da Silva, foi a terceira vítima que não resistiu. A quarta foi Francisca Maria da Silva, de 32 anos, cujo falecimento foi confirmado na madrugada desta terça-feira (07) no Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (Heda), em Parnaíba, litoral do Piauí.
Receberam alta: Francisco de Assis Pereira da Costa, 53 anos (padrasto de Manoel e Francisca); uma criança de de 11 anos (filho de Francisco de Assis); uma adolescente de 17 anos (irmã de Manoel) e Maria Jocilene da Silva, 32 anos. Apenas uma criança, de 4 anos, segue internada no HUT. Não há atualizações do quadro de saúde dela.
A Polícia Civil tem um prazo de 30 dias para concluir o inquérito, enquanto aguarda os resultados das demais perícias. A confirmação do uso do terbufós, encontrada no arroz com feijão consumido pela família, foi um dos pontos-chave para a prisão temporária do suspeito.
Fonte: Portal A10+