Aluna sofre ataques racistas ao ganhar concurso de beleza em escola de Teresina: “paz é cor branca” - Geral
PAI DENUNCIA

Aluna sofre ataques racistas ao ganhar concurso de beleza em escola de Teresina: “paz é cor branca”

O pai destacou que irá realizar um boletim de ocorrência por racismo e levar o caso ao Ministério Público.


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Uma adolescente negra, que estuda em um colégio privado localizado no bairro Cabral, na zona Norte de Teresina, foi vítima de racismo por parte de outros estudantes, em mensagens de áudio trocadas por meio de um aplicativo. A família procurou o A10+ e denunciou que Emanuelly de Jesus, 16 anos, foi alvo dos ataques após ganhar um concurso de beleza em uma gincana, realizada no último final de semana. 

Claudinilson Martins, pai da jovem, explicou que após ter ganhado o desfile, uma colega encaminhou alguns áudios de outros alunos questionando a vitória e fazendo comentários de teor racista acerca da adolescente.

  

Aluna sofre ataques racistas ao ganhar concurso de beleza em escola: “paz é cor branca”
Imagens cedidas ao A10+

   

“Uma colega dela mandou uns áudios dizendo que estavam falando dela no WhatsApp, em um grupo da escola, chamando ela de lixo, dizendo que ela estava vestida com roupa de lixo, que não era anjo, pois anjo é branco, não é negro. Há outros áudios bem mais pesados. Eu fui na escola na segunda e segundo o diretor, ele disse que ia identificar e suspender os alunos. Quando foi na terça, fui lá de novo e ele disse que já tinha identificado e os alunos estavam suspensos”, disse.

O pai destacou que irá realizar um boletim de ocorrência por racismo e levar o caso ao Ministério Público. 

Os áudios, obtidos pelo A10+, contêm as seguintes mensagens:

"Cara, paz é anjo, é cor branca, é tudo isso, cara [...] O que tem a ver com o Piauí, o que tem a ver a cultura negra com paz. Pelo amor de Deus". 

“Tá vendo aí, a mandara, é dessa menina aí da esquerda, o nosso é da Mirana. Esse da nossa, da Mirana, é cor branca e tal, rum, a escola ia ser chamada de racista, pô [sic] por isso, por isso. Isso foi roubo. Aí ela ganhou e vocês ganharam, né. Entende agora? É isso”.

"Era sim, era a deusa do lixo"

"Roupa linda? Ave maria. Bem que fizeram, botaram ela dentro do saco de lixo, parece que ela pegou aquelas peças de lá"

"Roubaram. Falaram que aquela miss não sei o que da paz, não sei o que [...] Não sei do que ela tava na paz lá. Ela tava dentro era do saco de lixo"

"Eles roubaram, eles falaram que aquela menina lá, menina da paz, ganhou da nossa. A nossa era um anjo e aquela ali era um lixo"

"A tua que não estava nada a ver, oxe. A nossa estava representando Deus, tu não viu a tiara lá. Tu não viu não ela falando. Meu Deus do céu".

A família segue colhendo mais provas para a denúncia junto às autoridades competentes. O pai disse que sua filha, inicialmente, ficou muito triste, deprimida com o que aconteceu. No primeiro dia de aula após a gincana, Emanuelly chegou a faltar pois uma colega informou que estavam querendo zombar dela. Claudinilson Martins informou que a família vai atrás de justiça.

“O advogado disse que vai denunciar no Ministério Público e vamos fazer um boletim de ocorrência. Estamos colhendo mais provas. No início ela ficou triste, deprimida com o que aconteceu. Na segunda, a amiga dela disse que era para ela não ir para a escola pois estavam querendo zombar dela. Ela foi na terça, só que estava meio desanimada”, destacou. 

Outro lado

Em nota enviada ao A10+, o Colégio Cidadão Cidadã informou que desde que tomou conhecimento da situação,  imediatamente buscou identificar os envolvidos. Após a confirmação da identidade de um aluno como autor dos áudios, seus responsáveis foram chamados e o aluno foi penalizado. A instituição de ensino ainda reafirmou o compromisso no combate ao racismo.

Veja na íntegra:

NOTA DE ESCLARECIMENTO

Desde que tomou conhecimento do ocorrido, a Escola imediatamente buscou identificar os envolvidos. Após a confirmação da identidade de um aluno como autor dos áudios, seus responsáveis foram chamados e o aluno foi penalizado conforme dispõe o regimento interno desta instituição. 

Reafirmamos nossa solidariedade à aluna e nosso apoio integral à família, com quem temos mantido contato direto. Lembramos que a luta contra o racismo é diária e cabe a todos nós atuar para que episódios como esse não se repitam.

Atenciosamente,

A Direção



Fonte: Portal A10+


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