Eleições 2026: Lula sobe o tom enquanto a direita aposta em ‘Bolsonaro de papelão’ - Política
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Eleições 2026: Lula sobe o tom enquanto a direita aposta em ‘Bolsonaro de papelão’

Movimentos do governo e da oposição indicam que o país entrou na disputa eleitoral antes mesmo de reconhecer o início da corrida


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Com a aproximação do fim do ano e a chegada do ciclo eleitoral de 2026, os gestos políticos se intensificam e começam a revelar as estratégias que devem orientar a disputa entre direita e esquerda.

Para especialistas, o país já entrou numa fase de pré-enquadramento emocional, uma disputa de narrativas que antecede o pedido explícito de voto, mas que molda a forma como o eleitor vai interpretar a campanha quando ela começar.

  
Eleições 2026: Lula sobe o tom enquanto a direita aposta em ‘Bolsonaro de papelão’ Reprodução
 
 
 

De um lado, o PL passou a usar uma reprodução em papelão do ex-presidente Jair Bolsonaro, preso na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, como forma de manter sua imagem presente em agendas públicas.

A peça surgiu nas redes sociais da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, após reunião do partido que resultou na suspensão da aliança firmada pelo PL com Ciro Gomes (PSDB) no Ceará.

Na foto, Michelle aparece ao lado do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), do deputado André Fernandes (PL-CE), e do presidente da sigla, Valdemar Costa Neto.

A imagem já havia sido vista na vigília organizada por Flávio Bolsonaro em frente ao condomínio onde mora a família do ex-presidente. Em vídeo publicado no TikTok, apoiadores aparecem rezando ao lado do “Bolsonaro de papelão”.

Enquanto isso, gestos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em agendas oficiais vêm sendo interpretados por adversários como sinal de antecipação eleitoral.

  
Presidente Lula Bruno Peres/Agência Brasil
 
 
 

Nessa quinta-feira (4), durante a última reunião de 2025 do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, o Conselhão, Lula defendeu o fim da escala 6x1 como uma das principais bandeiras para 2026. A PEC que altera o modelo está parada na Câmara após um pedido de vista coletivo nessa quarta-feira (3).

Cenário

Ao R7, o cientista político Gabriel Amaral avalia que o cenário revela um país que “entrou em campanha sem perceber que cruzou a linha de largada”.

Para ele, governo e oposição disputam, com velocidade incomum, o direito de narrar o presente. “O lulismo tenta consolidar a percepção de reconstrução como eixo de continuidade, enquanto a direita busca transformar insatisfação e ressentimento em identidade política”, analisa.

Segundo Amaral, discursos como o de Lula no Conselhão vivem “na zona cinzenta em que governo e campanha se confundem não pela intenção explícita, mas pelo contexto”.

Ele lembrou que presidentes, ao entrar no último terço do mandato, falam simultaneamente “à sociedade e ao calendário”. “Ao fazer balanços, destacar indicadores e projetar horizontes, Lula cumpre a liturgia do cargo, mas também ativa o instinto político. No Brasil, a disputa pela narrativa antecede a disputa pelas urnas”, constata.

‘Narrativa do martírio’

Sobre o uso do “Bolsonaro de papelão”, Amaral comentou que a estratégia sintetiza o momento do campo conservador. No plano prático, disse ele, a imagem expõe a limitação objetiva de um líder impedido de circular e discursar. No simbólico, porém, transforma ausência em presença.

“Funciona como ícone ritual e amplia a narrativa do martírio. O papelão não diminui Bolsonaro. Torna sua impossibilidade de atuação uma suposta prova de injustiça.”

O cientista político observa ainda que Lula e Bolsonaro seguem como polos centrais não apenas pela história recente, mas pelas regras do sistema eleitoral brasileiro.

“O modelo de dois turnos cria condições perfeitas para cristalizar antagonismos. O segundo turno não é só uma etapa, é uma engrenagem que empurra o país para escolhas binárias, convertendo divergências em confrontos. A polarização não é acidente, é consequência”, sustenta.

Fonte: R7


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