O advogado de defesa dos policiais militares envolvidos na morte do caminhoneiro Francisco Neto, que faleceu ao ser baleado durante uma perseguição policial contra assaltantes no dia 10 de novembro do ano passado na zona Sul de Teresina, deu entrevista nesta segunda-feira (20) ao Balanço Geral Piauí, da TV Antena 10, e negou que o tiro que matou a vítima partiu da arma de um dos militares. Segundo ele, um laudo mostrou a impossibilidade da autoria do disparo ser atribuída aos PM’s e disse ainda que a conduta da viuva da vitima, que teria acusado os seus clientes, é passível de processo por calúnia.
“Já existe laudo demonstrando que o tiro que tirou a vida do caminhoneiro foi lateralizado, entrou do lado esquerdo e saiu do lado direito, ou seja, quem atirou estava em uma posição privilegiada, próximo ao caminhoneiro, na lateral. Os policiais fizeram abordagem pela frente do caminhão, sendo impossível, porque projétil não faz curva. Não é ocupando a imprensa com acusações vis que a viúva do caminhoneiro vai trazer a verdade à tona. Essa conduta está dando ensejo para ser processada por calúnia, porque ela está acusando de um crime que está ainda em investigação", descreveu Otoniel Bisneto.
Segundo o advogado de defesa, imagens de câmera de segurança que mostram a autuação dos policiais sumiram “misteriosamente”. Em entrevista, ele fala também que os policiais foram presos injustamente por um mês, chegando um deles até a infartar, e que alguém será responsabilizado por essas prisões.
“As imagens que comprovam que o tiro não partiu dos policiais misteriosamente sumiram. Os policiais passaram mais de 30 dias presos graças à leviandade da viúva do caminhoneiro, que os acusou de estar obstruindo a investigação. Tanto sofreram que chegaram a infartar durante audiência. Alguém vai ter que responder pelos 30 dias que os policiais ficaram presos indevidamente, inclusive sob condições pífias, porque o presidio militar não tem desfibrilador, transporte, atendimento médico e enfermaria”, relatou à TV Antena 10.
De acordo com Otoniel Bisneto, um laudo oficial comprova que o projétil que atingiu Francisco Neto não é compatível com as armas dos policiais. Ele disse ainda que o disparo partiu de uma outra pessoa que estaria presente no momento.
“O laudo balístico não teve condição de ser feito porque o projétil transfixou e se perdeu, agora o orifício de entrada e de saída e a dinâmica deixam bem claro que o tiro que matou o caminhoneiro não partiu da arma dos policiais, até porque a munição que eles utilizam também não conferem os efeitos do projetil no corpo do caminhoneiro. E como deixo bem claro, é uma pericia oficial, foi o laudo no exame cadavérico que comprovou. [O tiro] partiu de uma quarta pessoa que estava na cena do crime. Tem um video que apresenta, mas esse video misteriosamente sumiu. Agora, possivelmente, a viúva e a defesa dela vão ter que correr atrás pra mostrar esse video que sumiu. Por que esse vídeo sumiu? Por que o vídeo que supostamente mostrava os policiais intimidando o dono da gráfica nunca apareceu? Foram acusações levianas e vazias”, finalizou.
Relembre o caso
No dia 15 de janeiro o juiz Raimundo José de Macau Furtado, da Vara Militar do Estado do Piauí, concedeu liberdade aos policiais militares envolvidos na morte do caminhoneiro Francisco Neto. Os sargentos Valdir Vieira da Costa, Carlos Alberto Vieira Carvalho e o subtenente Clenilson Vieira de Oliveira estavam presos desde o dia 19 de dezembro e foram soltos sob determinação de medidas cautelares.
O caso ocorreu no dia 10 de novembro. Francisco estava trabalhando transportando móveis no bairro Lourival Parente quando tudo aconteceu. No pedido de prisão dos policiais, o Ministério Público pontuou que os bandidos atiraram contra a polícia durante a perseguição; os policiais teriam revidado os tiros e acertado um dos suspeitos na perna. A troca de tiros resultou na morte do caminhoneiro. Francisco Neto foi baleado no dia 10 de novembro, foi internado na UTI do Hospital Urgência de Teresina (HUT) e faleceu no 13 de novembro.