IML inicia perícia psiquiátrica para avaliar sanidade de homem acusado de envenenar familiares no Piauí

Quatro familiares de Francisco de Assis foram ouvidos; exame foi solicitado pela Defensoria Pública e acatado pela Justiça

Atualizada às 14h01

A Polícia Civil do Piauí (PC-PI) está realizando um exame de sanidade mental em Francisco de Assis Pereira da Costa, de 53 anos, acusado de envolvimento em uma série de homicídios por envenenamento que vitimou oito pessoas no município de Parnaíba, litoral do estado. O caso, que chocou o Brasil, teria sido cometido por Francisco em parceria com sua esposa, Maria dos Aflitos, segundo apontam as investigações.


A solicitação para verificar a sanidade mental do acusado foi feita pela Defensoria Pública do Estado do Piauí e aceita pela Justiça.

  

Francisco de Assis da Costa
Reprodução

   

"A defensoria solicitou ao juízo, o Ministério Publico concordou e o juiz determinou que a gente fizesse. A gente marcou essas entrevistas com pessoas do entorno do sr. Francisco, no caso as duas enteadas, o irmão, a esposa. Ainda vamos ouvir a mãe dele e ele. Vamos saber a convivência, o comportamento, traçar o perfil e no final fazer o diagnóstico psicopatológico. Esse laudo é enviado ao juiz e acata e homologa ou, se entender que não é adequado, pode tomar outras providências", disse o perito geral da Polícia Civil, Antonio Nunes, à TV Antena 10.

Na manhã de hoje, quatro pessoas da convivência de Francisco foram ouvidas pelos peritos. A mãe do suspeito, que está em outro estado, também será entrevistada em breve. "Ouvimos essas 4 pessoas hoje e vamos dar um jeito de ouvir a mãe depois, que está em outro estado. A situação exige uma rapidez, não vamos passar 45 dias, mas o prazo é esse", acrescentou Antonio Nunes.

Ainda segundo o perito, o diagnóstico pode influenciar diretamente o rumo do processo judicial.

  

Maria dos Aflitos, companheira de Francisco de Assis
Divulgação

   

"Você vai fazer um diagnóstico e vai verificar as diversas situações possíveis. Na situação que diz que não há insanidade mental, o processo corre normal. Na situação que há insanidade, ele é imputável e vai para medida de segurança ou outra medida que o juiz vai decidir", explicou.

Francisco e Maria dos Aflitos seguem presos. As mortes ocorreram ao longo de cinco meses e atingiram familiares diretos, incluindo enteados, e pessoas próximas.

Relembre o caso

Antes da prisão de Francisco e Maria, Lucélia Maria da Conceição, de 52 anos, havia sido acusada de envenenar as duas primeiras crianças que morreram. Na época do caso, a casa de Lucélia, no município de Parnaíba, foi incendiada e destruída pela população. A soltura ocorreu após a divulgação de um laudo que mostrou que não foi encontrado veneno nos cajus que foram doados pela vizinha às vítimas.

  

Vítimas do envenenamento
Reprodução

   

Segundo o delegado Abimael Silva, em seus depoimentos Francisco de Assis mostrou grande desprezo em relação aos filhos de Maria dos Aflitos. Ele relatou que em alguns momentos o companheiro da matriarca chegou a negar comida para os filhos e netos da mesma. 

As investigações apontaram ainda um relacionamento extraconjugal entre a acusada e uma das vítima, Maria Jocilene, que era vizinha da família. Segundo o delegado, o relacionamento das duas era discreto, mas todos ao redor sabiam. Abimael Silva contou ainda que as duas mantinham um relacionamento antes mesmo de Maria dos Aflitos se relacionar com Francisco de Assis.