Com apenas quatro votos de diferença, Jean Carlos (PP) venceu Edmar Torres (MDB) e tornou-se o novo Prefeito de Campo Alegre do Fidalgo. Mas, essa vitória está sendo contestada na Justiça Eleitoral com fortes acusações de suposta compra de votos, boca de urna e outras denúncias que teriam interferido diretamente no resultado das urnas. A coluna Bastidores teve acesso ao processo que pede, entre outras coisas, a cassação das candidaturas dos novos gestores do município e de um vereador.
Entre as provas existem fotos, áudios e vídeos envolvendo o próprio Prefeito Jean Carlos, além do seu vice, Vital Cirilo. Também fazem parte do processo o vereador mais bem votado no município (424 votos), Noé Santos (PP) e dois cabos eleitorais: Leôncio João da Mata e Maria Conceição da Mata.
Em uma das imagens anexadas ao processo, há um eleitor que conseguiu fazer uma fotografia na cabine de votação par comprovar o voto em Jean Carlos. Além disso, haveria vídeo onde ele vai à casa de Maria da Mata receber dinheiro, fruto da compra de votos. Todos os acontecimentos foram narrados pelo próprio eleitor ao registrar um Boletim de Ocorrência na polícia.
Os prints de tela de celulares também foram usados para comprovar uma compra de votos por R$ 300, proposta que teria sido feita pelo Noé Santos para que o eleitor votasse nos então candidatos a Prefeito, Jean Carlos e nele mesmo, para a Câmara Municipal. Só que o eleitor devolveu o dinheiro na conta do vereador eleito porque só foi depositado R$ 70. “A gente tem que ter compromisso de homem”, reclama após não ver o acordo cumprido.
“Adicionalmente, em mais uma situação comprobatória, anexam-se aos autos dois vídeos de eleitores (doc.09 e doc.10) nos quais estes confirmam que o Sr. Noé Ribeiro entregou a quantia de R$ 300,00 (trezentos reais) com a promessa de repasses adicionais, bem como o benefício de um contrato de prestação de serviços na Prefeitura Municipal durante um ano sem a necessidade de trabalhar, ou seja, apenas para recebimento de recursos pecuniários sem a devida contraprestação. Cita-se mais uma situação em que, novamente, comprova-se compra de voto no caso em tela, pois o eleitor Sr. Ivonaldo da Silv Custodio não só vendeu seu voto como publicou sua votação em sua rede social, tendo em vista tamanho absurdo, foi realizado um boletim de ocorrência pela candidata à vereadora Sra. Nayara”, diz um dos trechos da representação.
Há ainda acusações de abuso de poder econômico com a perfuração de poços em troca de apoio e boca urna, neste caso, o então candidato a vice-Prefeito, Vital Cirilo, estaria “tirando pessoas da fila de votação” para conversar. Esse é o relato do policial que fazia segurança do local de votação na Santa Maria do Canto, interior de Campo Alegre do Fidalgo, que consta em um relatório circunstanciado, também anexado como prova.
Além do pedido de abertura de Ação de Investigação Judicial Eleitoral, protocolada no dia 14 de dezembro de 2024, está sendo pedida à 69ª Zona Eleitoral de São João do Piauí, que solicite ao Banco do Brasil as cópias dos comprovantes de depósitos, “cassação do diploma ou do registro dos Srs. Jean Carlos e Vital Cirilo e Noé Ribeiro e a declaração de inelegibilidade por 08 (oito) anos dos Srs. Jean Carlos e Vital Cirilo, Noé Ribeiro, Leôncio João da Mata e Maria Conceição da Mata”.