MP do Piauí investiga falhas graves na atenção básica de saúde em São Raimundo Nonato

Denúncia aponta ausência de exames pré-natais, falhas na triagem de doenças infecciosas e suspensão de exames preventivos do colo do útero

O Ministério Público do Estado do Piauí (MPPI) instaurou o Procedimento Preparatório de Inquérito Civil nº 03/2025 para apurar irregularidades na prestação de serviços da atenção básica de saúde no município de São Raimundo Nonato, no sul do Estado. A investigação foi aberta após uma denúncia anônima relatar que gestantes não estariam recebendo o acompanhamento pré-natal obrigatório, além da ausência de triagens e exames sorológicos para doenças infectocontagiosas e a suspensão dos exames citopatológicos do colo do útero, essenciais para a prevenção do câncer.

  
MP do Piauí investiga falhas graves na atenção básica de saúde em São Raimundo Nonato Divulgação
 
 
 

A portaria, assinada pelo promotor de Justiça Diego de Oliveira Melo, da 4ª Promotoria de São Raimundo Nonato, aponta que o município não respondeu às notificações enviadas pelo MPPI solicitando esclarecimentos sobre as falhas nos serviços da atenção primária. Diante da omissão, o órgão decidiu formalizar a abertura do inquérito civil para apurar responsabilidades da Secretaria Municipal de Saúde e eventual mau uso dos recursos públicos destinados ao setor.

De acordo com o Ministério Público, a apuração busca verificar o cumprimento das diretrizes da Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) e da Rede Alyne, voltada à saúde materna e neonatal. O promotor determinou que a Secretaria Municipal de Saúde apresente, em até 15 dias úteis, um relatório detalhado sobre:

Também foi solicitado à Superintendência de Atenção Primária à Saúde e Municípios (SUPAT/SESAPI) o último relatório técnico de supervisão realizado em São Raimundo Nonato, com ênfase na cobertura do pré-natal e nas ações de prevenção e diagnóstico precoce.

O MPPI ressaltou que a atenção básica é a porta de entrada preferencial do SUS, desempenhando papel estratégico na rede pública, e que a falta de exames essenciais pode comprometer a saúde de gestantes e mulheres, violando o direito constitucional à saúde.

A investigação tramitará sob prazo inicial de 90 dias, podendo ser prorrogada, e poderá resultar em ações civis públicas ou medidas judiciais caso sejam comprovadas falhas graves na gestão da saúde municipal.