O mito mais conhecido do Piauí ganha uma nova leitura no documentário “As 7 Marias”, primeiro longa-metragem do roteirista e diretor Rivanildo Feitosa. A produção será exibida em duas sessões especiais: no dia 20 de novembro, na Vila Poty, no bairro Poty Velho, e no dia 21, no Museu da Imagem e do Som (MIS), no Centro de Teresina.
A obra propõe uma ressignificação da lenda do Cabeça de Cuia, que há mais de um século povoa o imaginário popular dos teresinenses. Segundo o conto tradicional, o pescador Crispim teria matado a própria mãe e sido condenado a vagar pelos rios Parnaíba e Poti, transformado em monstro, até devorar sete Marias virgens para quebrar a maldição.
No documentário, essa narrativa é usada como ponto de partida para discutir um tema atual e urgente: a violência contra a mulher. A abordagem dialoga com os dez anos da Lei do Feminicídio, marco legal que completa uma década em 2025. De acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública do Piauí, o estado registrou 301 casos de feminicídio entre 2015 e 2025, com aumento de 20% nos últimos dois anos, um dos índices mais altos do Nordeste.
“As 7 Marias” reúne depoimentos de moradores do Poti Velho, artesãos, pescadores, historiadores e pesquisadores que analisam como a lenda dialoga com a realidade social e com a memória coletiva de quem vive às margens dos rios. O filme também mistura elementos da cultura popular, como o repente, o cordel, o artesanato e a dança, para refletir sobre as diversas formas de violência doméstica.
A escultura de nove metros do Cabeça de Cuia, instalada no encontro dos rios Poty e Parnaíba, aparece como símbolo da permanência da lenda na paisagem e na identidade de Teresina, agora reinterpretada sob uma ótica contemporânea.
O longa tem patrocínio da PNAB 2024, por meio de edital do Ministério da Cultura, Prefeitura de Teresina e Fundação Monsenhor Chaves, além de apoio do Banco do Nordeste e da Elite Eventos nos lançamentos.
Novas datas de exibição devem ser divulgadas em breve.