Motoristas protestam no Centro de THE e criticam decisão do TRT: “Passou o tempo da escravidão"

Trabalhadores queimaram pneus em frente ao Setut na manhã desta quarta (15)

(Atualizada às 11h17)

"Nós estamos sem receber [salário] há 45 dias. Desembargador, com todo respeito, olhe para nossa situação... passou o tempo da escravidão, nós queremos dignidade e respeito", descreveu Antônio Cardoso, presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Rodoviário (Sintetro) sobre a decisão do Tribunal Regional do Trabalho do Piauí (TRT-PI) que determinou a circulação de 100% da frota dos ônibus nos horários de pico durante a greve em Teresina.

Na manhã desta quarta-feira (15), motoristas e cobradores realizaram um protesto na Av. Marechal Castelo Branco e depois seguiram para o Centro da capital. Eles pedem uma resposta da Prefeitura de Teresina para resolver a crise no transporte público. A categoria está parada há 3 dias.

  

“Passou o tempo da escravidão, queremos respeito”, diz Sintetro após decisão do TRT
Jade Araújo / A10+

   

O presidente do Sintetro lamentou a decisão do TRT-PI e teceu duras críticas ao Setut que, segundo ele, não cumpre a ordem da Strans para circulação de mais de 200 ônibus na capital. A decisão do TRT-PI atende uma ação cautelar ajuizada pelo Sindicato das Empresas de Transporte Urbano (Setut). O desembargador destacou que a greve de motoristas e cobradores compromete a prestação de serviços essenciais à população, como o transporte público e a saúde.

"Avaliação que a gente faz é de tristeza. Judiciário que é especialista em direitos trabalhistas, aceitar um pedido do Setut para colocar 100% dos ônibus nos horários de pico. 100% de que? Quem descumpre as obrigações de rodar com o transporte é o Setut. A Strans emite todo dia uma ordem de serviço de 250 veículos que o Setut nunca cumpriu. Essa ordem precisa ser é para o Setut", disse o sindicalista em entrevista ao A10+.

  

Antônio Cardoso, presidente do Sintetro
Jade Araújo / A10+

   

Antônio Cardoso pediu ainda que o desembargador Téssio Tôrres - que determinou a circulação de 100% da frota dos ônibus durante a greve - avalie a situação dos trabalhadores que, segundo ele, estão há 45 dias sem receber o salário. Ele afirmou que o tempo de escravidão já passou e que a categoria deseja ter apenas seus direitos respeitados.

"Olhe para nossa situação... aceitamos seu pedido, só que nenhum dirigente do sindicato tá em porta de garagem impedindo o motorista de trabalhar, isso aqui é o que eles querem e a população que está apoiando", completou o sindicalista.

Ato em frente à sede do Setut

Motoristas e cobradores queimaram pneus e interditaram um trecho da Av. Maranhão, em frente à sede do Sindicato das Empresas de Transporte Urbano (Setut) na manhã desta quarta-feira (15). Eles não seguiram a decisão do TRT-PI que determinou a circulação de 100% da frota dos ônibus nos horários de pico durante a greve em Teresina.

Os trabalhadores não aceitaram a proposta apresentada pelo Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina (Setut), durante audiência realizada no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), quando foi proposto um reajuste de 6% nos salários, além de 20% no auxílio alimentação e 33% no auxílio saúde.


Em entrevista ao A10+, Débora Paiva, da Comissão do Transporte de Teresina, afirmou que a crise no transporte público se arrasta há anos. Ela relatou que não teve resposta do prefeito Dr. Pessoa (Republicanos) para solucionar a crise no sistema. O gestor relatou à TV Antena 10 que vai resolver o problema ainda este mês.

"Estamos todos os dias tentando dialogar, tentando conversar com a gestão e os seus gestores. Infelizmente esse terceiro dia de greve nós vemos uma falta de respeito por parte do prefeito e da gestão total. É a terceira vez que estamos aqui frente à prefeitura e infelizmente não obtivemos nenhuma resposta. O prefeito só vive pedindo 30 dias pra resolver, mas nunca ajeita. Existem usuários que estão aguardando até 5h [nas paradas]. Então é inadmissível, é inaceitável. O usuário ele é prejudicado com a questão do aumento da dinâmica dos aplicativos e também com os alternativos, porque eles não aceitam meia passagem e não tem gratuidade", disse.

Veja abaixo mais fotos do movimento dos trabalhadores: