Ministério Público pede absolvição de mulher que foi acusada de envenenamento de crianças no Piauí

Com a sentença transitada em julgado, a defesa, então, entrará com ações civis e indenizatórias

O Ministério Público do Piauí solicitou à justiça o pedido de absolvição de Lucélia Maria da Conceição Silva, de 53 anos, que passou cinco meses presa injustamente sob a acusação de envenenar duas crianças em Parnaíba, litoral do Piauí, no ano passado. O caso ganhou repercussão nacional com mortes em série de pessoas mesma família e como os verdadeiros autores foram descobertos. 

Ao A10+, o advogado de Lucélia, Sammai Cavalcante, explicou que a defesa teve acesso às alegações finais do MP e não aguardaria outro posicionamento. 

  

Lucélia Maria da Conceição, de 53 anos TV Antena 10

   

“Tivemos acesso às alegações finais produzidas pelo Ministério Público do promotor Silas, que é o promotor principal desse caso e ali foi bem contundente; não precisava de muita coisa, porque na audiência de instrução em 17 de março, ficou muito clara a inocência da Lucélia. Tivemos o depoimento do delegado Abimael Silva, um delegado de alto gabarito; que já em um primeiro momento foi perguntado diretamente para este advogado e ele declarou a inocência da Lucélia em audiência. Ouvimos também a Maria dos Aflitos, que contou como aconteceu realmente toda a prática criminosa, uma coisa totalmente deplorável e sempre faço questão de lembrar isso: foram sete homicídios e quanto a senhora Lucélia, eu não aguardaria outro posicionamento do ministério público”, destacou.

Com a sentença transitada em julgado, a defesa, então, entrará com ações civis e indenizatórias. De acordo com o representante de Lucélia, essas ações são processadas em varas cíveis.

  

Advogado de Lucélia, Sammai Cavalcante TV Antena 10

   

“No caso da Lucélia, tem uma condição diferenciada que foi o sofrimento dessa senhora. O que a Lucélia passou é realmente uma coisa muito brutal, o sofrimento psicológico, quase cinco meses no cárcere e tendo a inocência declarada desde o primeiro momento e a defesa sempre levantou essa pauta. Falta agora apenas a sentença da magistrada, o julgamento deste processo se tornou muito simples, por que com toda a transbordação da prova e a forma como a prova emergiu, não tem como a sentença ser longa, é uma sentença absolutória que vai declarar a Lucélia como judicialmente inocente; tem um prazo estabelecido para eventual recurso, que não vai acontecer; é uma vitória total para Lucélia e aí sim nós começaremos com todo aquele conteúdo indenizatório, todas as ações civis reparatórias por dano morais e materiais”, completa.  

A justiça determinou a soltura de Lucélia Maria da Conceição, em 13 de janeiro, após a divulgação de um laudo que descartou veneno nos cajus que foram consumidos pelas crianças. O caso ganhou uma grande reviravolta e a mulher, que estava presa desde agosto de 2024, vai ser inocentada. 

Reviravolta

Na época o laudo confirmou que “não foram detectadas substâncias de interesse toxicológico“ nas amostras analisadas pela perícia.

  

Francisco de Assis e Maria dos Aflitos, acusados de envenenar e matar a própria família TV ANTENA 10/A10+

   

O caso de homicídios em série por envenenamento de membros de uma mesma família deixou oito mortes, em cinco meses, que segundo as investigações, premeditadas por duas pessoas: a matriarca e o padrasto das vítimas, que encontram-se presos. As informações foram divulgadas pelo delegado Abimael Silva em entrevista ao Domingo Espetacular, da RECORD.

No processo repleto de nuances e reviravoltas, um novo fato se destacou:  a morte de Maria Jocilene da Silva, 41 anos, que mantinha um relacionamento extraconjugal com dona Maria dos Aflitos. Segundo o delegado Abimael Silva, a idosa relatou em interrogatório que tinha a intenção de que a culpa sobre todos os casos fosse direcionada para a última vítima, o que livraria Francisco de Assis da prisão.