Delegado detalha esquema entre grupo criminoso especializado em roubo de cargas e rede de farmácias Pop Farma em Teresina

Bandidos atacavam transportadores com armamento de grosso calibre e roubavam o material da distribuidora; prejuízo de cerca de R$ 2 milhões

A Operação Remédio Amargo revela um esquema entre um grupo criminoso especializado em roubo de cargas, no Piauí e Maranhão, e a venda desse produtos para a rede de farmácias Pop Farma, em Teresina. O material chegava a ser repassado por até 20% abaixo do valor de mercado para essa empresa. 


O delegado Laércio Evangelista, do Departamento de Repressão ao Crime Organizado (DRACO), que atuou em parceria com a Polícia Civil do Maranhão, deu detalhes sobre a ação. Foram cumpridos 5 mandados de prisão e seis mandados de busca e apreensão, inclusive, no estado do Paraná, onde um dos executores do roubo foi localizado e detido. O dono da Pop Farma e um gerente comercial foram detidos em Teresina. Esse último é suspeito de intermediar a venda dos medicamentos de origem ilícita.

  

Polícia Civil do Maranhão e cumpre mandados contra rede de farmácias em Teresina
Chico Filho/ A10+/TV Antena 10

   

"[O empresário] ainda vai ser interrogado, ainda estamos apurando qual foi a participação de cada um deles. É uma operação que visa combater o roubo de cargas nos estados do Piauí e do Maranhão. Nos últimos meses, foram pelo menos sete roubos por esse grupo criminoso, sempre com o mesmo modus operandi e visando medicamentos e materiais de higiene pessoal. Foi identificado aqui em Teresina um proprietário de uma rede de farmácias que estaria recebendo e comprando esse material de origem ilícita", detalhou. 

As equipes avaliaram os lotes expostos nas unidades da rede de farmácias e, segundo, o delegado, comprovaram que seriam da mesma carga roubada da distribuidora.  

  

Érik Nicolas, proprietário da rede POP FARMA Reprodução

   

"Já fizemos a comparação com as notas fiscais disponibilizadas pela distribuidora, que foi vítima de roubo e foi comprovado que esse mesmo lote exposto à venda na farmácia teria sido adquirido nessa distribuidora. Então, nós fizemos tanto essa comprovação das notas, como também, juntamente com a equipe da Anvisa, a forma irregular como estavam sendo acondicionados. [Adquiram por algo] em torno de 15% a 20% abaixo do valor de mercado", afirmou o delegado.

As investigações apontam que os diversos roubos teriam causado prejuízo de cerca de R$ 2 milhões tanto para distribuidora quanto para a transportadora, que era abordada e roubada pelos criminosos.  "São algumas distribuidoras que foram vítimas e empresas transportadoras desses medicamentos", destacou. 

  

A rede de farmácias teria comprado uma carga de suplementos alimentares roubada no estado vizinho
Chico Filho/ A10+/TV Antena 10

   

Grupo criminoso atuava de forma violenta e abordava as vítimas na estrada

O delegado explicou que os criminosos tinham o mesmo Modus operandi e, geralmente, atuavam em determinados trechos especificados utilizando armamento de grosso calibre. Foram pelo menos 7 roubos registrados, tanto no Piauí como no Maranhão. Mas a polícia trabalha com a possibilidade de atuação desse grupo em outros estados. 

"Os roubos ocorriam na estrada, geralmente na saída de Imperatriz para São Luís, na saída da transportadora, ou de Imperatriz para Teresina.  Eles já atuavam sempre no mesmo trecho e repassavam esses medicamentos, esses materiais roubados, para a farmácia de Teresina", ressaltou. 

Novas investigações

Segundo a polícia, as investigações continuam e novas diligências deverão ocorrer para apurar se mais empresas adquiriram produtos oriundo de roubos dessa quadrilha. 

"As investigações continuam para tentar identificar outras estabelecimentos comerciais, farmácias, que possam ter adquirido esses medicamentos de origem ilícita dessa distribuidora já identificada. [...] Ainda há indivíduos foragidos, a polícia do Maranhão já está tentando dar cumprimento. São indivíduos ligados aos executores do roubo", disse. 

Possíveis crimes e material apreendido 

A princípio, a polícia identificou que os alvos poderão responder por  associação criminosa, delito de roubo e receptação e também lavagem de capitais.


Além dos lotes de suplementos alimentares, que seriam roubados, as equipes apreenderam duas armas que podem ter sido utilizadas no roubo. "No momento foram apreendidas duas armas de fogo, e estamos investigando se as armas são registradas, e bastante material referente a esses lotes subtraídos nesses roubos", pontuou. 

A Polícia Civil do Maranhão, segundo o delegado Laércio Evangelista, deve solicitar junto ao Poder Judiciário a suspensão das atividades da rede de farmácias. A operação contou com o apoio da Agência Estadual de Vigilância Sanitária e a Secretaria de Fazenda.

"Estamos combatendo o crime organizado em várias vertentes, não só facções criminosas, mas também estamos atuando no roubo de cargas. E temos registros recentes roubos aqui com esse mesmo modus operandi, tanto aqui no sul do estado, como na região norte, como nas proximidades aqui do estado vizinho, nesse trecho de Timon a Caxias", concluiu.