Empresária acusada de escravizar afilhada por 10 anos é indiciada pela polícia no Piauí

Em entrevista, delegado afirma que fisioterapeuta planejava tirar Janaína da casa para encerrar o caso

A Polícia Civil concluiu o inquérito que investiga Francisca Danielly Mesquita Medeiros, de 38 anos, acusada de cárcere privado, tortura e trabalho escravo, contra Janaína dos Santos por 10 anos. À TV Antena 10, o delegado Odilo Sena revelou que a Polícia Civil e Militar, além do Ministério Público do Trabalho, já tinham conhecimento do caso há alguns anos. O inquérito também aponta que a fisioterapeuta planejava tirar Janaína da casa para encerrar o caso. 

  

Empresária acusada de escravizar afilhada por 10 anos é indiciada pela polícia no Piauí
Reprodução

   

"Ela foi indiciada nos crimes de trabalho análogo a escravidão, tortura física e psicológica e o sequestro. Ficou tudo isso bem delineado, bem configurado. Há outros elementos que indicam uma situação constrangedora para o Estado que percebemos que tanto a Polícia Militar, Civil e o Ministério Público do Trabalho, tinham conhecimento dessa situação e isso há mais de 10 anos. Por motivos que ainda nao entendi, essa situação deveria ter sido debelada no início e nunca foi, inclusive um de nossos investigadores que iniciou a investigação teve uma tentativa há cinco anos e teve uma tentativa há pouco. Por conta disso ela sofreu bastante", revela. 

Janaína dos Santos veio a Teresina aos 17 anos trazida por Danielly Medeiros, com a justificativa de que colocaria a jovem para estudar, o que nunca aconteceu. Segundo a polícia, a jovem não saía de casa e era proibida de frequentar a escola. A vítima era constantemente agredida fisicamente e psicologicamente na casa da mulher no bairro Ilhotas, zona Sul da capital. 

Após o resgate, Janaína passou por exames com psicólogos e com médico legistas que comprovaram as torturas física e psicológica. O delegado Odilo Sena afirma que o pior poderia ter acontecido, já que Danielly planejava tirar a jovem dos holofotes.

"Poderia ter acontecido até o pior. Quando a gente chegou para executar o mandado ela já tinha ideia, segundo informação que a gente recebeu, a investigada já tinha a intenção de tira-lá porque já estava saindo do oculto, já estavam começando colocar luz na situação, mas graças a intervenção da Polícia Civil não deu tempo para ela. Hoje ela se encontra presa e devidamente indiciada", explica o delegado.

  

Vídeo mostra reencontro de mãe com filha mantida em cárcere privado por 15 anos no Piauí
Reprodução

   

O delegado voltou a explicar que a família de Janaína não tinha conhecimento dos meios para resgatar a jovem e viviam em uma realidade diferente. 

"Eles vivem em uma realidade de total abandono. O pai dela só entende de fazer roça, não entende de outra coisa. Então a gente não pode julgar uma situação dessa sem primeiro analisar a realidade que essas pessoas vivem. Uma realidade que na mente deles é na força. Realidade diferente da nossa. Pessoas, delegados, juizes, prefeitos, tinham relação de subserviência a essa família, o que acontece em vários locais. São vítimas, eles não queriam aquilo, mas tem medo. Eles moram no meio do mato, eles tem medo de serem atacados no meio da noite e quem vai proteger? A polícia que o primeiro posto é a 50km?", narra o delegado.

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