A família do mototaxista Antônio de Sousa Rocha de 79 anos assassinado de forma brutal a tiros, à luz do dia no Centro de Teresina, aguarda há mais de um ano por justiça, e teme que a morte do idoso fique impune. O crime ocorreu no dia 10 de junho de 2021, na Avenida Maranhão.
Antônio de Sousa Rocha, um dos primeiros mototaxistas regulamentados em Teresina, trabalhava em um dia normal quando se desentendeu com o acusado, o policial reformado, Raimundo Alves da Costa, que atuava clandestinamente como mototaxista, e durante a discussão pela ocupação irregular do ponto, efetuou quatro disparos na vítima, um deles nas costas. O acusado foi preso nove dias depois, mas foi liberado após conseguir habeas corpus.
“Ele atuava como mototaxista há 22 anos, e ele vivia tendo desentendimentos com esse homem que ele chamava de ‘Reformado’, a gente só sabia que ele era PM reformado, mas não tinha porte de arma, ele atuava como clandestino há muitos anos e tinha muita confusão com todos que trabalhavam, porque ele queria ocupar o ponto de forma irregular, ele já tinha inclusive, agredido o meu avô com um capacete na cabeça”, afirmou Priscila Raquel, neta da vítima ao A10+.
Na época dessa agressão, a família quis que Antônio Sousa denunciasse, entretanto ele não procurou a polícia pois não acreditava que o acusado, por ser PM, fosse capaz de cometer um crime.
“No dia do crime ele chegou lá bem cedo, foi armado, a moto estava sem placa, irregular e já foi procurar confusão. E meu avô falou que ele não podia estar lá. Meu avô sempre foi correto, ele foi um dos primeiros que lutou pela regulamentação da profissão aqui ele sempre honrou os compromissos, pagou os impostos dele. Ele morreu lutando pela classe dele”, revelou a neta.
Apesar da idade, Antônio era bastante ativo, e trabalhava todos os dias de forma regular, cumprindo horário e sempre no mesmo local. “Ele era muito trabalhador, cumpria horário como se trabalhasse de carteira assinada. Apesar da idade ele era muito ativo, aparentemente ele era jovem e útil ele trabalhava pra terminar de formar as filhas, ele era saudável e ajudava muita gente, a expectativa era que ele vivesse muito, porque a mãe dele morreu com 105 anos e nos imaginávamos que íamos cuidar dele quando tiraram a vida dele”, relatou.
Impunidade
O acusado, Raimundo Alves da Costa, foi preso nove dias após o crime, ele ficou apenas seis meses detido em presídio militar, quando foi solto com habeas corpus para aguardar o julgamento em liberdade, em dezembro do ano passado, antes do natal.
“Agora fez um ano de morte, ele vive a vida dele, mora no mesmo bairro, anda em bar, vive como se nada tivesse acontecido, enquanto a gente vive um ano de dor, a revolta, a ausência, isso é muito difícil. Ele foi preso no Bope, num presídio militar, nunca foi pra um presídio, tinha regalias”, diz a neta.
O julgamento do acusado ainda não foi marcado e a família já procurou o Ministério Público e a Justiça pedindo celeridade no julgamento, temendo inclusive por sua segurança.
“Nós tememos por nossa segurança, nós mostramos nossa cara, damos entrevistas, enquanto ele, um homem armado vive solto, ele não tem uma índole boa, nos não saímos de casa, minha mãe foi embora e nós aqui vivemos em pânico porque ele pode estar em qualquer lugar”, disse.