A saúde de Jair Bolsonaro (PL) preocupa aliados e familiares diante da prisão iminente. O filho Carlos Bolsonaro (PL-RJ) relatou, na madrugada desta sexta-feira (21), que a situação do ex-presidente se agravou e dá “calafrios só de olhar”. Aliados acreditam que Bolsonaro poderá ser encaminhado ao presídio até o final deste mês.
“Estou com meu pai e jamais o vi como está. Está soluçando dormindo e fico com medo de refluxo nesse estado, o que pode de fato se tornar fatal caso broncoaspire o que vomitar”, teme Carlos Bolsonaro.
“Se acordado, vomita constantemente; dormindo, fico com calafrios só de olhar. Como gostaria de expor o que vejo, mas estou impossibilitado por medidas ilegais de assim fazê-lo. Meu Deus!”, acrescentou.
A saúde de Bolsonaro é afetada por problemas crônicos no sistema digestivo. Desde a facada que sofreu em 2018, ele passou por diversas cirurgias para tratar obstruções intestinais, aderências e reconstrução da parede abdominal.
O ex-presidente apresenta anemia, refluxo gástrico e episódios recorrentes de soluços. Ele também foi diagnosticado com câncer de pele em setembro e precisou ser submetido a cirurgia para remover oito lesões.
Às 9h desta manhã, Carlos Bolsonaro voltou a expressar apreensão sobre a saúde de Bolsonaro. Ele descreveu “mais uma noite torturante” em que “cada hora corrói o psicológico e o físico de qualquer ser humano”.
O filho do ex-presidente acredita que a situação do pai não é acidental: “Tudo é calculado, tudo tem um propósito: matar Jair Bolsonaro e ferir profundamente todos que lutam de algum jeito para amparar meu pai. Nós já somos obrigados a suportar essa tortura há tanto tempo… imagine, então, o que vive o último presidente do Brasil”.
Aliados defendem prisão domiciliar em razão da saúde de Bolsonaro
A saúde de Bolsonaro volta ao centro do debate enquanto o processo no STF (Supremo Tribunal Federal) chega à reta final. Condenado a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de Estado, o ex-presidente pode ter a execução imediata da pena determinada pelo relator, Alexandre de Moraes.
A Primeira Turma do STF já rejeitou por unanimidade os embargos de declaração apresentados pela defesa do ex-mandatário. Os advogados têm até domingo (23) para entrar com novos recursos.
Moraes, contudo, pode negar os embargos sem levá-los à análise do colegiado, caso os considere meramente protelatórios. Cabe ao relator decretar o trânsito em julgado da ação penal, quando não cabe mais recurso, e a execução imediata da sentença.
Uma comitiva de senadores aliados de Bolsonaro visitou o Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal, na segunda-feira (17). O motivo da “visita técnica” seria avaliar se o presídio possui condições de receber o ex-presidente.
“Nossa preocupação é: Bolsonaro está muito doente e qual é o tempo entre o complexo e o primeiro hospital? O tempo de deslocamento seria suficiente?”, questionou Damares Alves (Republicanos). “Lembrando que o problema de saúde de Bolsonaro é gravíssimo e tem hora que o atendimento tem que ser em no máximo 20 minutos”.
Os parlamentares divulgaram um relatório que aponta violações de direitos humanos, alimentação precária e ausência de atendimento médico 24 horas no presídio. Em virtude do quadro de saúde de Bolsonaro, os aliados defendem que ele cumpra a pena em casa.
O ex-presidente está em prisão domiciliar desde 4 de agosto, como medida cautelar determinada por Moraes no inquérito que apura tentativa de obstrução das investigações. Ele precisou deixar o recolhimento algumas vezes para receber atendimento no hospital.