(Atualizada às 18h18)
Após as invasões nas sedes dos Três Poderes em Brasília, na tarde deste domingo (8), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) editou um decreto para decretar intervenção federal no Governo do Distrito Federal até o dia 31 de janeiro.
O objetivo da intervenção é "pôr termo a grave comprometimento da ordem pública" no Estado no Distrito Federal, marcada por atos de violência e invasão de prédios públicos. A medida será coordenada pelo interventor Ricardo Garcia Cappelli, atual secretário-executivo do Ministério da Justiça.
A avaliação do governo é que tanto o governador Ibaneis Rocha (MDB) quanto o secretário de Segurança Pública e ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, que neste domingo está com Jair Bolsonaro(PL) na Flórida, sabiam com antecedência o que estava sendo planejado. Torres foi exonerado.
Líder do novo governo no Congresso, o senador Randolfe Rodrigues (Rede) e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, deram entrada em uma representação na Procuradoria Geral da República pedindo a intervenção no GDF.
De acordo com o decreto, o interventor fica subordinado ao presidente da República e não está sujeito às normas distritais que conflitarem com as medidas necessárias à execução da intervenção. Em pronunciamento, Lula afirmou que houve "falta de segurança" e que as pessoas autoras dos crimes serão "encontradas" e "punidas".
"Esses vândalos, que podemos chamar de fascistas, fanáticos fizeram o que nunca foi feito na história desse país", disse o presidente. "Não tem precedente na história do nosso país. Essa gente terá que ser punida. Vamos descobrir os financiamentos desses vândalos que foram a Brasília. Vamos descobrir todos eles e pagarão com a força da lei esse gesto de irresponsabilidade", completou.
Manifestantes que não aceitam a vitória de Lula nas eleições de 2022 furaram bloqueio da Polícia Militar do Distrito Federal e invadiram, na tarde deste domingo (8), os prédios do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília.
As declarações foram dadas por Lula em visita a Araraquara, município do interior paulista que sofreu estragos após as chuvas. Em seu discurso, o presidente atribuiu ao antecessor, Jair Bolsonaro, a não aceitação do resultado eleitoral e que estimulou a invasão nos Três Poderes. "Isso é da responsabilidade dele. E isso tudo vai ser apurado com muita força e rapidez."
Invasões
Vídeos publicados nas redes sociais mostram o momento em que os manifestantes subiram a rampa do Congresso Nacional e invadiram a parte superior, onde ficam as cúpulas do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, além do Salão Verde, localizado dentro do edifício.
Depois, o grupo tentou invadir, com sucesso, o Palácio do Planalto, sede da Presidência da República, local onde o presidente da República despacha, em Brasília. O petista não está na capital federal neste momento e, sim, em Araraquara, para visita ao município do interior paulista após os estragos causados pelas chuvas.
Manifestantes invadiram, ainda, o edifício do STF. No local, vidros foram quebrados e objetos destruídos nas dependências da Corte. Imagens divulgadas nas redes sociais mostram inicialmente que a porta em que o ministro Alexandre de Moraes utiliza para guardar a toga foi arrancada.
Diversas autoridades, como a ministra Simone Tebet (Planejamento e Orçamento), repudiaram as invasões. O episódio fez ainda com que o secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, que foi ministro de Justiça na gestão de Jair Bolsonaro, foi demitido do cargo.
Veja abaixo o decreto assinado pelo presidente: