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A família de Gisele Maria Pinheiro Pereira, de 33 anos, assassinada pelo ex-companheiro no último sábado (04) em Teresina, segue estarrecida com o caso e tentando assimilar o feminicídio. Em entrevista à TV Antena 10, pais e irmãos descreveram um relação marcada por abusos, discussões, agressões e tentativas de alertar a vítima, o qual manteve um relacionamento de cerca de 3 anos com Pedro Rocha Pereira e Farias, de 23 anos, preso em flagrante pelo crime.
Ana Paula Barreira/ TV Antena 10
Gisele Maria foi assassinada por ele dentro de casa, no bairro Tancredo Neves, com pelo menos 20 golpes de canivete. A dor da família se soma à revolta pelos requintes de crueldade do feminicídio, que escancarou um ciclo de violência que, segundo os familiares, dava sinais há tempos. Maria de Sousa, mãe da mulher, destacou que a filha era muito importante para a família e tinha vontade de viver, de formar família e ter filhos. Ela revelou que semanas antes da separação do casal, houve uma discussão.
“A última vez que eu estava aqui em casa, pude ouvir eles discutindo. Já estava com uns 15 dias que eles tinham saído de lá, mas ela estava lá lavando roupa dele na máquina dele e ele incomodado porque ela estava no quarto, no meu, porque era hábito ela chegar e ir para o quarto e ficar na minha cama. Meu marido estava lá, o ar estava ligado e ele estava incomodado, porque estava com o ventilador e ela estava no ar. De vez em quando ela vinha. E aí teve uma hora que ele começou a brigar. Eu chamei ela no quarto e disse: 'minha filha, é isso que você quer para a sua vida? Se você não deixar ele, ele vai te matar'. Eu li ele todinho nessa hora. Ele queria assanhar ela para ela perder a estribeira, o controle, porque ela tinha problema psicológico, e ele queria ver ela se descontrolar para ela ir em cima dele e ele começar a bater. Ele não se segurava, ele ia chutar. Foi onde eu disse várias vezes para ela: 'ele não é homem para você, não lhe criei para isso'. 'Eu quero ver até onde vai, mãe. Já fracassei outras vezes e não quero fracassar. Eu quero uma família, eu quero ter um filho'”, relatou Maria.
Para a reportagem, a mãe revelou que no dia da separação, Gisele confessou agressões do ex. "Quando teve a separação de fato foi o dia que ele humilhou muito ela e ela chegou aqui, nesse portão, com uma mochila nas costas, chorando e disse que mãe, não tenho condições, ele não me quer, só quer saber de dinheiro, ele é egoísta, isso e aquilo e ela começou a contar que não aguentava mais viver com ele. ‘Olha aqui foi uma chave que ele enfiou em mim, um chute’. Eu fiquei muito alegre de saber que ela tinha saído da vida dele. Ele parece que é um cara narcisista, ele fazia e depois passava a mão como se amasse. Ela era cheia de vida; ele é calculista, ele é psicopata, doente. Eu trabalhei na saúde e sei quando uma pessoa é ruim. Pelos hábitos, daquele jeito. Eu percebi, chamei ela e contei. Não deu para impedir, que é o que me culpa. Como que sou mãe dela e não pude ajudar ela nesse momento?", disse a mãe.
Reprodução
À polícia, Pedro confessou o crime e disse que foi motivado por ciúmes. O agressor teria ligado para a família alegando o desejo de tirar a própria vida depois de ter praticado o crime. De acordo com Gislândia Pereira, irmã da vítima, ela ficou um tempo sem falar com o acusado e não aprovava a relação, assim como boa parte da família. Ela ressalta que a irmã tinha dependência emocional e a esperança de formar uma família.
“Na verdade, eu cheguei até a não falar com ele, porque teve uma discussão, e eu entrei na discussão, e a gente ficou sem se falar por conta disso também. E assim, eu achava o relacionamento abusivo, então eu não gostava dele. Eu não gostava. Eu aturava ele por causa da minha irmã, era uma escolha dela, eu respeitava, mas eu não. Eu já esperava que pudesse acontecer alguma coisa assim; bater nela um acordo tipo ter, mas nunca ser essa tragédia essa essa monstruosidade que ele fez jamais; a forma como foi feita porque não foi uma perfuração foram mais de 20. Aquela dependência emocional e aquele desejo daqueles sonhos de ter uma família de construir uma família de então ela depositou todas as esperanças e todas as expectativas nele na pessoa errada que destruiu a vida dela e a nossa também”, desabafa.
O irmão, Lucas Tito, informou que tinha um relacionamento próximo com a irmã e sempre a aconselhou a desfazer a relação. Ele conta que a família soube da morte de Gisele pela imprensa.
"Se separa, Gisele. Você é uma menina de família, não está fazendo bem para você. Você merece mais do que isso. Você vai ter apoio da sua família e amizades. Ela não fez (medida protetiva) e falta de aviso não foi. Meu pai disse a primeira vez e ela desconversou. A família soube através dos portais de notícias. Foi o que mais deixou a gente chocado. Foram amigos que avisaram para a gente que viram através dos portais de notícias", destacou.
“A ficha está começando a cair”
Antônio Pereira, pai de Gisele Maria, afirma que a família está devastada e espera que a justiça prevaleça. O pai destaca ainda que nunca aprovou a relação e a figura de Pedro como o companheiro de sua filha.
A10+
"Agora nesse momento, a ficha já está começando a cair. Eu não imaginava que minha filha fosse ser assassinada de forma cruel, eu nunca imaginei isso. Toda a família está em desespero e até agora nesse momento a gente não tem chão, a gente está tentando caçar uma forma de tentar entender realmente isso que ocorreu. Até mesmo depois que ela se separou a gente não teve mais contato e eu nem queria ter contato mesmo mais com ele, porque a gente já não estava aceitando ele. Eu mesmo como pai, desde o primeiro dia que ele entrou nessa porta, meu coração não aceitou ele. eu fiz e tentei de todas as formas ajudar minha filha, porque eu pedia para ela se livrar dele. Quando eu vi ela sofrendo, a vez que ele deixou ela nas avenidas jogada, ela é jogada como se ela fosse um cão sem dono que a gente teve que ir lá colher ela nos locais; realmente ele estava maltratando muito”, revela.
Prisão preventiva
O juiz Sandro Francisco Rodrigues, da Vara Núcleo de Plantão de Teresina, decretou a prisão preventiva de Pedro Rocha Pereira e Farias, 23 anos, suspeito de matar a ex-companheira, Gisele Maria Pinheiro Pereira, 33 anos, dentro do apartamento no bairro Tancredo Neves, zona Sudeste de Teresina.
A decisão, obtida pelo A10+, destaca que foi comprovada a prova da materialidade por meio da declaração de óbito da vítima, e os indícios suficientes de autoria, baseados no depoimento em que o próprio suspeito admite ter cometido o crime.
Fonte: Portal A10+