Sem carnaval em Joca Marques (PI): prefeita cancela festa após internação do avô - Conjuntura Política
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Sem carnaval em Joca Marques (PI): prefeita cancela festa após internação do avô

Afinal, é justo que toda a população fique sem carnaval em virtude de um assunto estritamente particular?


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A polêmica mais recente envolvendo o Piauí aconteceu no município de Joca Marques. A prefeita Fabianna Franco (MDB) determinou o cancelamento do carnaval da cidade, porque seu avô se encontra internado. No anúncio realizado pelas redes sociais, a prefeita diz ainda esperar contar com a “compreensão de todos!”. Com a polêmica do caso, a prefeitura apagou a postagem em perfil no Instagram.

"Devido à internação do meu querido avô nesta terça-feira (14), no Hospital HTI Sul em Teresina, informamos que o Carnaval de Joca Marques 2023 será suspenso. Contamos com a compreensão de todos!". 

Sem carnaval em Joca Marques (PI): prefeita cancela festa após internação do avô
Reprodução

   

Parece que a gestora não imaginava a proporção e a polêmica que sua decisão causaria. Afinal, é justo que toda a população fique sem carnaval em virtude de um assunto estritamente particular da prefeita? A cidade de Joca Marques possui atualmente 5.466 mil habitantes. O avô de Fabianna nunca exerceu cargo público.

Óbvio que este não é o primeiro caso de cancelamento de uma festa popular a exemplo do carnaval. Mas o motivo alegado é que é o centro da discussão. Isso porque a prefeita estaria ferindo o princípio da impessoalidade. Segundo o artigo 37 da Constituição Federal: “A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do) Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência" (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988).

Em outras palavras, os atos administrativos devem ser impessoais, buscando a realização daquilo que é de interesse da população, e não os interesses pessoais de quem executa a ação. Ou seja, "interesses" pessoais ou particulares não devem sobressair aos interesses coletivos.

Na Ciência Política, essa prática de confundir o bem público com o bem privado é conhecida como “patrimonialismo”. Em sua clássica obra Raízes do Brasil (1936), Sérgio Buarque de Holanda já dizia que o homem público brasileiro entende que sua função e os benefícios que dela advêm são conquistas pessoais e que, por isso, podem se apropriar deles como julgarem conveniente.

O fato é que o bem público não é (ou não deveria ser) uma extensão da vida privada de um gestor. Porém, isso é bem mais comum do que imaginamos.

Post da Prefeitura sobre o cancelamento do Carnaval
Reprodução

   

Fonte: Conjuntura Política - A10+


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Sobre a coluna

Beatriz Ribas

Beatriz Ribas

Apresentadora da TV Antena 10, cientista política e social

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