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O Quilombo Salinas, localizado em Capinas do Piauí, há mais de 360 km distante da capital, preserva uma tradição centenária que reúne manifestações materiais e imateriais dos povos negros de descendência africana no Brasil. O Samba de Cumbuca tem suas cantigas entoadas por mulheres cantadeiras, acompanhadas do batuque vindo das cabaças (cumbuca), tambores e bumbos. O ritmo ganha movimento com um sapateado, quando as dançadeiras são escolhidas por seus pares para sapatear no meio da roda que se forma no terreiro.
Os descendentes de escravos que vivem no quilombo acreditam que essa tradição de cantar e dançar veio das senzalas que existiam em fazendas da região. Para manter o legado do Samba de Cumbuca, que hoje é reconhecido como Patrimônio Vivo do Piauí, a Associação de Moradores da Comunidade Quilombola Salinas desenvolve um projeto de memória que reúne fotos, vídeos, instrumentos musicais, figurinos e outros registros identitários dessa cultura remanescente.
“Catalogamos nosso acervo sobre o Samba de Cumbuca e organizamos uma exposição que pode ser visitada durante todo ano no primeiro Centro Cultural de Apoio à Economia das Comunidades Quilombolas, localizado na Comunidade Quilombola Salinas, em Campinas do Piauí. A receptividade do público tem nos surpreendido. Muitas escolas vêm nos visitar e é quando temos a oportunidade de compartilhar nossa cultura com as novas gerações. Temos ainda o objetivo de circular com uma exposição em diversos municípios piauienses e de outros estados”, declara o produtor cultural Marcos Vinicius Ferreira.
A cabaça é o principal instrumento do Samba de Cumbuca. Considerado um objeto feminino, por simbolizar o útero, não é tocado por homens. Eles tocam tambores feitos de madeira, produzidos no próprio quilombo. Outra identidade dessa tradição é que os personagens do reisado são chamados de passarinho, dentre eles o Boi Salá, a Cabecinha de Fogo, a Burrinha, o Jaraguá os Caretas Sebastião e Furrapo, que participam da Folia de Reis no Quilombo Salinas.
“O samba de cumbuca é uma tradição que existe há mais de 100 anos e vem sendo passado de geração em geração. Para os moradores da comunidade, o ritmo é orgulho de todos. É muito importante apoiar e fazer com que essa tradição ganhe visibilidade dentro e fora do nosso Estado, pois esse projeto fala muito em cultura, identidade e história”, afirma o secretário estadual da Cultura, Carlos Anchieta.
Nosso Samba de Cumbuca é um projeto patrocinado pela Equatorial Piauí por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura. A concessionária também é patrocinadora do I Festival de Batuques das Comunidades Quilombolas do Piauí, que será desenvolvido neste ano. O projeto tem objetivo de produzir um documentário sobre os Batuques das Comunidades Quilombolas com a participação do Pagode do Mimbó (Amarante), Batuque do Curral Velho (São João do Piauí), Samba de Cumbuca (Campinas do Piauí), Lezeira (Paquetá do Piauí) e Batuque do Brejão (Redenção do Gurgueia).