Caso Wesley: família ficou duas semanas em jejum e bebê morreu nos braços da mãe - Polícia
DIZ AVÓ MATERNA

Caso Wesley: família ficou duas semanas em jejum e bebê morreu nos braços da mãe

Avô materna conta ao A10+ que filha é inocente; mãe, pai e avós foram presos


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A avó materna do bebê Wesley Carvalho contou com exclusividade ao A10+ e a TV Antena 10, nesta terça-feira (22), que a família ficou duas semanas em jejum a pedido de um profeta e que a criança teria morrido de fome nos braços da mãe, Ângela Valéria. Depois disso, o pai, segundo versão da avó materna, teria queimado o bebê para esconder o crime. O casal relatou que a criança havia sido sequestrada na praça da Bandeira, Centro de Teresina, em dezembro do ano passado.

 

Família ficou duas semanas em jejum e bebê morreu nos braços da mãe
Rayanna Mousinho

   

Após 40 dias, uma tia da criança procurou a delegacia e registrou boletim de ocorrência sobre o caso. Os pais e avós paternos do bebê foram presos pela Polícia Civil na noite de segunda-feira (21). O delegado Matheus Zanatta, Gerente de Polícia Especializada da Polícia Civil do Piauí, descartou a versão de que o bebê foi sequestrado. A criança foi queimada em uma caeira. O corpo ainda não foi localizado.

"Eles ficaram em jejum, inclusive a criança. O menino morreu nos braços dela. Ela [Ângela] pedia para fazer a comida da criança, mas não deixavam. Ela entregou pro marido e saiu chorando. Ela pensava que o pai ia pedir socorro, mas esconderam. Aí falou que queimaram o bebê em uma caeira. Ela estava com medo, sendo ameaçada. Minha filha é uma vítima. Ela não teria coragem de fazer isso", contou a avó materna da criança ao A10+.

 

Na casa da família de Ângela todos estão abalados e acreditam na inocência da mãe
Rayanna Mousinho


Ainda segundo a avô materna do bebê, Ângela estaria sofrendo com o caso, mas tinha medo de denunciar. A mãe de Wesley relatou que sofria ameaças por parte da família do marido e que eles não gostavam dela. Ela pediu justiça e citou que a filha não teve culpa da morte de Wesley.

"Trouxemos pra cá, mas ela voltou a morar com ele. Ela me falava as coisas escondidas. Ela tinha medo dele [marido] e não denunciava por medo, mas já imaginava que ela sofria. Não sabia que isso poderia acontecer [da morte da criança]. Nunca pensei que eles teriam coragem, mas o pai fazer uma coisa dessa... A família paterna é culpada. Quero justiça", disse.

Com a repercussão do caso e a exposição de Ângela, a família, que não tem advogado, teme que a jovem pague pelo crime sozinha. "Nós não temos advogado, e queremos que ela faça um exame da cabeça, a polícia tem que levar em conta que ela sofria nas mãos deles e era coagida, tanto que ele não deixava ela vir aqui", disse Raimundo Olegário ao A10+.

 

A perícia técnica da Polícia Civil passou a manhã toda na casa da família paterna à procura do corpo do bebê
Rayanna Mousinho

 

Vizinha cita comportamento estranho dos pais do bebê

Uma vizinha do casal, que preferiu não se identificar, relatou ao A10+ que os pais do bebê Wesley eram 'esquisitos e estranhos' e que nunca viu a criança. Ela citou que não via movimentação na casa, mas sabia que eles eram crentes. Os pais moravam no povoado Santa Tereza, zona Rural de Teresina.

"Eles não falavam com ninguém, não dava bom dia, nem nada. Ficamos indignados com a história até porque era uma criança. Nunca fui convidada a participar dessa seita e nem quero saber. Depois só soube que eles foram embora. Nunca vi movimentação desse ritual. Só sabia que eles eram crentes e estranhos. Ninguém tinha intimidade com eles", disse.

Prisão dos suspeitos

A Polícia Civil do Piauí prendeu o pai, a mãe e os avós paternos do bebê Wesley Carvalho Ferreira, 1 ano e 10 meses, que segundo a família teria sido sequestrado em 29 de dezembro na Praça da Bandeira, Centro de Teresina, e que só depois de 42 dias, em 09 de fevereiro deste ano, a tia da criança procurou a delegacia e registrou um boletim de ocorrência. Segundo a polícia, a criança foi sacrificada [queimada] pela família em um ritual.


A Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) deu início às investigações sobre o caso no último dia 15 de fevereiro. Vizinhos e familiares prestaram depoimentos. Na noite de ontem, Ângela, o pai e os avós de Wesley foram presos. Eles foram encaminhados para a Central de Flagrantes.

“Cumprimos quatro mandados de prisões temporárias, sendo do pai, mãe e avós da criança. Eles já foram interrogados e existem alguns fatos obscuros e controversos que precisam ser esclarecidos. A Polícia Civil descarta a hipótese de sequestro e trabalha com outra linha, uma delas, é que a família da vítima ficou em jejum duas semanas e depois colocou fogo em seu corpo. As investigações continuam com intuito de esclarecer a verdade. Iremos fazer perícia no local onde foi indicado que a criança foi morta e sacrificada para trazer elementos técnicos para o bojo da investigação”, explicou o delegado Matheus Zanatta, Gerente de Polícia Especializada da Polícia Civil do Piauí.

Medo de denunciar

Em entrevista à TV Antena 10, a mãe da criança, Ângela Valéria, afirmou que não denunciou o caso à polícia, na época do ocorrido, porque estava com medo de sofrer retaliações por parte dos supostos sequestradores.

  

Mãe da criança relatou à TV Antena 10 que tinha medo de denunciar o caso
Reprodução

   

"Estávamos nervosos e não queríamos contar para a família... e também se os bandidos vissem alguma notícia eles poderiam vir atrás da gente para matar a família. Estávamos com medo. Eles chegaram na praça e pediram para passar a criança. Achávamos que era brincadeira, mas depois eles ameaçaram de atirar", disse.

Entenda o caso

A Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) está investigando o desaparecimento do bebê Wesley Carvalho de Ferreira de 1 ano e 10 meses. A família diz que o bebê foi tomado dos braços da mãe em dezembro de 2021, na praça da Bandeira, Centro de Teresina.

Em entrevista ao A10+, Raimundo Wellington, sobrinho de Angela Valéria, mãe da criança, afirmou que a família só teve conhecimento do caso dois meses após o desaparecimento. Para a família, Angela contou que estava na praça com o marido, pela manhã, esperando o ônibus, já para retornar a sua residência, quando dois homens chegaram armados, e pediram a criança, sob ameaça de atirar no casal e bebê.

"Ela estava em casa, e passou alguns dias sem dá noticia, nós fomos lá para saber como eles estavam, quando chegamos lá, ela deu essa notícia, que tinha ido com o marido dela fazer compras, aí quando chegaram dois homens pedindo a criança, aí eles entregaram a criança. Eles ficaram sem reação", explicou.

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