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(Atualizada às 09h14)
Maria dos Aflitos, presa por participação nos envenenamentos em Parnaíba, litoral do Piauí, justificou durante interrogatório seu envolvimento nos crimes porque estava muito apaixonada pelo companheiro Francisco de Assis. Conforme as investigações da Polícia Civil do Piauí, na virada do ano para 2025, Maria dos Aflitos e o esposo agiram juntos no envenenamento de toda a família e em 22 de janeiro, Maria Jocilene, a amante de Maria dos Aflitos, foi envenenada durante um café da manhã na casa da família.
As investigações apontaram um relacionamento extraconjugal entre a acusada e a vítima, Maria dos Aflitos e Maria Jocilene. A informação foi revelada pelo delegado Abimael Silva em entrevista ao Domingo Espetacular, da RECORD, na noite deste domingo (02). A matriarca da família conta no depoimento que Assis agiu nos dois primeiros casos, mas que diante da paixão que tinha por ele, não percebeu a gravidade do crime.
“O que eu houve foi que eu tava cega de amor pelo Assis. Eu não estava acreditando que foi ele e pra mim tê-lo de volta poderia acontecer o mesmo caso, que foi o caso da Joci”, disse.
Ela explica ter imaginado que se a Jocilene fosse envenenada, o companheiro Assis poderia sair da cadeia, da mesma forma como ocorreu com Lucélia Maria que deixou o presídio após laudo apontar que os cajus doados às crianças não estavam envenenados.
“Ele queria só nós dois em casa. Eu tava tão cega que não via o que ele fazia com meus meninos. Não tive participação, mas desconfiei porque ele ficava muito agoniado. Ele chegou a falar que se fosse só nós dois seria muito bom. Ele olhou pra as duas meninas (Gabriele e Lauane), e disse que se fosse só nos dois e elas seria bom de mais. Uma vez ele disse que antes de morrer ia levar um bocado de gente com ele”, descreveu.
Sobre o cafe da manhã, Maria dos Aflitos relatou como praticou o envenenamento contra a amante. As duas, segundo a polícia, mantinha uma relação extraconjugal.
"Eu tinha achado o veneno lá em casa, estava no saco, e coloquei no café. Eu entreguei o copo e ela bebeu sem perceber, foi bem rápido. Ela começou a passar mal e eu me arrependo do que eu fiz”, declarou.
Reviravolta
O caso de homicídios em série por envenenamento de membros de uma mesma família, em Parnaíba, no litoral do Piauí, chocou todo o Brasil. Foram oito mortes, em cinco meses, que segundo as investigações, premeditadas por duas pessoas: a matriarca e o padrasto das vítimas, que encontram-se presos.
No processo repleto de nuances e reviravoltas, um novo fato se destacou: a morte de Maria Jocilene da Silva, 41 anos, que mantinha um relacionamento extraconjugal com dona Maria dos Aflitos. Segundo o delegado Abimael Silva, a idosa relatou em interrogatório que tinha a intenção de que a culpa sobre todos os casos fosse direcionada para a última vítima, o que livraria Francisco de Assis da prisão.
Primeiro caso seria um ensaio para a série de mortes; veneno estava no suco das crianças
Ainda de acordo com o delegado, o óbito das duas primeiras crianças, Ulisses Gabriel da Silva, de 8 anos, e João Miguel da Silva, de 7 anos, foi uma espécie de ensaio sobre se daria certo eles colocarem em prática as mortes por envenenamento. Eles teriam aproveitado a doação dos cajus para indicar a Lucélia Maria da Conceição como suposta autora do crime. Ela chegou a ser presa, mas foi solta.
Contradições de depoimentos
O delegado Abimael explicou que a partir do segundo caso, a polícia começou a trabalhar com a hipótese de conexão dos crimes de uma forma a identificar um paralelo, muito idêntico no Modus Operandi. No decorrer das oitivas, havia sempre dois elementos que destoavam dos demais: Maria dos Aflitos e seu Francisco de Assis.
“Os dois sempre tentaram desviar a atenção da polícia culpando terceiro dos fatos. A Maria dos Aflitos fez uma acusação direta para dona Lucélia, ela quem registrou B.O. e foi instaurado inquérito para investigar. Hoje a gente sabe que no primeiro caso, quem criou a versão dos cajus foi a Maria dos Aflitos e o seu Francisco de Assis, assim como na versão dos peixes no segundo caso”, afirmou o delegado.
Padrasto se dizia Nazista e Anticristo
No material coletado em uma casa e um baú onde só Francisco de Assis tinha acesso, os policiais encontraram livros sobre o Nazismo, além de diversos outros temas. As equipes passaram a analisar os objetos e encontraram um livro intitulado “Médicos Malditos”, que detalha como os médicos na Segunda Guerra Mundial, que atuavam na SS, conhecida como “Polícia de Hitler”, envenenavam suas cobaias durante experimentos.
“O que chamou mais atenção com relação ao Francisco foi a forma como ele grifou os medicamentos e os tipos de venenos que foram utilizados pelos médicos. Tem até um grifo bem específico que para encobrir seus crimes eles utilizavam substância sem gosto e sem cheiro, que era misturado ao alimento das cobaias, o Terbufós, o mesmo que foi utilizado nesses crimes horríveis aqui em Parnaíba. Além do histórico desses livros, a polícia adentrou aos antecedentes e familiares dos dois suspeitos. E várias pessoas que conviveram com Francisco, na infância, foram bem específicos em dizer que ele se denominava nazista e anticristo”, afirmou o delegado.
Fonte: Portal A10+