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O índice de trabalhadores que se afastaram por transtornos mentais e comportamentais mais do que triplicou no Piauí, no período de 2021 a 2024, segundo dados da Previdência Social. A depressão é a doença com maior impacto no afastamento dos servidores.
Em 2021, 282 trabalhadores deixaram de trabalhar devido à depressão; em 2024, esse número subiu para 825. O número de indivíduos que se afastaram devido à ansiedade, que em 2021 era de 296, atingiu 907 em 2024.
A procuradora do Trabalho Maria Elena Rêgo, coordenadora regional de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho e da Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (Codemat), citou que são muitas as situações que podem provocar os adoecimentos mentais em decorrência do exercício da atividade profissional. Ela citou o estresse, o assédio moral, sexual e eleitoral e a sobrecarga exaustiva.
“Essas situações podem fazer com que o trabalhador se sinta ansioso, deprimido e sem motivação para continuar trabalhando. O ambiente de trabalho deve ser um espaço que promove não apenas a produtividade, mas também o bem-estar e a segurança de todos”, ressaltou.
Ainda de acordo com os dados do Ministério da Previdência Social, o transtorno bipolar apresentou um grande aumento em 2024, com 395 casos de afastamentos. Antes, no ano de 2021, esse número era de 137. Os afastamentos devido ao consumo excessivo de álcool também foram analisados: em 2021, foram registrados 40 casos; já em 2024, esse número mais do que dobrou, chegando a 83 afastamentos.
Uma nova norma, implementada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em agosto de 2024 e prevista para entrar em vigor em 26 de maio de 2025, visa à construção de um ambiente de trabalho mais seguro e saudável. É a atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), na qual as empresas serão obrigadas a adotar medidas específicas para promover a saúde mental de seus colaboradores.
Com a atualização, algumas das mudanças que as empresas deverão realizar incluem:
- identificar e gerenciar riscos psicossociais,
- como assédio moral e sexual,
- estresse,
- sobrecarga de trabalho,
- jornadas extensas,
- conflitos interpessoais e falta de autonomia;
- revisar e adaptar seus Programas de Gerenciamento de Riscos (PGR);
- adotar medidas para prevenir riscos psicossociais;
- evitar cobranças de metas inalcançáveis;
- acompanhar continuamente os trabalhadores com uma equipe especializada;
- e garantir responsabilidade judicial.
“É um passo significativo para que as empresas estejam obrigadas a promover um ambiente de trabalho saudável e seguro para os trabalhadores”, pontuou a procuradora, lembrando que o empregador que não comprovar o cumprimento dessas exigências pode ser responsabilizado judicialmente em casos de adoecimento mental de seus funcionários.
A medida, segundo ela, trará impacto positivo não apenas aos trabalhadores, mas para as empresas e para toda a sociedade.
“À medida que temos um ambiente de trabalho seguro e saudável, é possível evitar afastamentos dos trabalhadores e todos ganham: os trabalhadores, que têm a saúde preservada, as empresas, que conseguem um melhor rendimento e manutenção da equipe, e toda a sociedade, pois evita o encarecimento dos investimentos públicos com despesas de saúde e dos auxílios pelos afastamentos”, elencou a procuradora.
Fonte: Portal A10+