Juiz Eleitoral aponta “candidata laranja” e derruba do mandato o vereador Osvaldo Manu em Pimenteiras

Na decisão, foi mostrado que o PDT usou a candidata Luziana Carvalho só “de enfeite”, cassando toda a chapa e determinando recontagem de votos

A Justiça Eleitoral de Pimenteiras decidiu que o PDT cometeu fraude ao lançar uma “candidata laranja” só para cumprir a regra que obriga os partidos a terem pelo menos 30% de mulheres na chapa de candidatos. No papel, parecia tudo certo, mas na prática a Justiça entendeu que a candidatura de Luziana Carvalho existia apenas para “completar número”, sem campanha verdadeira. Resultado: o partido foi punido por fraude à cota de gênero, o mandato do vereador Osvaldo Manu, eleito com 307 votos, foi cassado junto com toda chapa do partido e a candidata, que recebeu apenas cinco votos, ficou inelegível por 8 anos.

O caso começou com uma ação da candidata Carla Maria de Sousa Brito Santos, que acusou o PDT de usar Luziana Carvalho como candidata de fachada. Ao analisar os votos, o juiz percebeu que, em um total de 8.266 votos válidos para vereador em Pimenteiras, o PDT recebeu 1.190, mas Antônia teve apenas 5 votos. Para a Justiça, esse número é tão baixo que, junto com outros indícios, mostra que a candidatura não funcionou como uma campanha real. Além disso, as provas apresentadas por Antônia – como prints de redes sociais mostrando presença em alguns atos – convenceram pouco o juiz, porque apareciam poucos eventos e sempre muito isolados. As testemunhas também não ajudaram muito: disseram que a viram pedindo voto algumas vezes, mas sem detalhes que mostrassem um esforço forte e contínuo de campanha.

  
Juiz Eleitoral aponta “candidata laranja” e derruba do mandato o vereador Osvaldo Manu em Pimenteiras
Reprodução
 
 
 

Na defesa, Luziana Carvalho negou que fosse laranja. Disse que sua intenção era disputar de verdade, que sua campanha foi simples por falta de dinheiro e estrutura e que poucos votos não significam, sozinhos, que uma candidatura é falsa. Outros envolvidos e o próprio PDT também afirmaram que tudo foi feito dentro da lei e que não houve plano para enganar a regra da cota de gênero. Mesmo assim, o Ministério Público Eleitoral pediu a condenação, e o juiz considerou que, somando votação muito baixa e quase nenhum ato consistente de campanha, o quadro era de fraude à cota de mulheres.

A Coluna conferiu a vida financeira de campanha de Luziana Carvalho no site oficial do Tribunal Superior Eleitora e, o que lá foi prestado contas mostra que a candidata não buscou visibilidade para viabilizar seu nome. Ela recebeu R$ 4.095,00, sendo R$ 3.300,00 do Diretório Estadual do PDT e R$ 515,00 da direção municipal do partido, além de doação via PIX de R$ 250,00 feito por Luan Robsom Rocha Soares. Quando olhamos atentamente para as despesas, um total de R$ 3.580,00, chama atenção que a candidata gastou quase tudo com advogado e contador (R$ 2.000,00 para  Moacy Leal Advogados Associados e R$ 1.000,00 para  Eleva Serviços de Consultoria Contábil e Tributária Ltda). Sobrou apenas R$ 580,00 para efetivamente fazer campanha que foram usados da seguinte forma: R$ 300,00 pagos para Marcos Aurélio Mota Mendes (jingle), R$ 200,00 para Flávio Aparecido Alves Pimentel (designer gráfico) e R$ 80,00 para a empresa A. A. Pimentel (banner de tamanho 120 X 90). Todas essas informações podem ser conferidas CLICANDO AQUI.

Com a decisão, além de Luziana Carvalho ficar impedida de disputar eleições pelos próximos oito anos, todos os votos do PDT para vereador em 2024 serão anulados e a Justiça vai refazer as contas que definem quantas vagas cada partido tem direito na Câmara Municipal. Isso pode mudar quem ocupa cadeiras hoje em Pimenteiras. Em resumo, o recado da Justiça é claro: lançar mulheres só para “cumprir tabela” na lei de gênero tem consequência grave, pode derrubar mandato e bagunçar o resultado que parecia já definido nas urnas.