A investigação que ganha destaque em Teresina, a Operação Gabinete de Ouro, além de apontar suspeitas graves de corrupção e desvios, está desvelando o papel central que Suelene da Cruz Pessoa, conhecida como Sol Pessoa, ocupava nos bastidores da prefeitura do ex-prefeito Dr. Pessoa (gestão 2021–2024). A ação policial, deflagrada na manhã desta terça (14), prendeu Sol Pessoa como alvo principal e também alcançou Stanley Freire, ex-presidente da Fundação Municipal de Cultura (FMC) na mesma gestão municipal.
Sol Pessoa foi detida em cumprimento de mandado de prisão temporária, após busca realizada em sua residência no Residencial Hugo Prado. No local, foram apreendidos celulares, notebooks, cheques, cerca de R$ 5 mil em espécie e documentos que indicam movimentações financeiras vinculadas ao esquema investigado. A autoridade policial a considera como “laranja” de mecanismos financeiros operados por agentes públicos da gestão passada. Segundo a delegada Amanda Bezerra, o material apreendido contém anotações que ligam Sol diretamente aos investigados.
Desde antes da prisão, já havia indícios públicos de que Sol atuava como uma figura de influência forte dentro da administração de Dr. Pessoa. Uma reportagem do Diário do Povo de abril de 2025 revelou que ela era alvo de investigação por corrupção, enriquecimento ilícito e uso da estrutura da prefeitura como plataforma de poder. Diário do Povo
Além disso, denúncias e matérias de imprensa apontam que ela foi designada para ocupar funções-chave e servir como interlocutora entre empresas contratadas e o governo municipal. Em entrevistas e coberturas locais, críticos relataram que Sol chegou a ganhar uma sala exclusiva dentro da administração para seus contatos, e era tratada como “assessora especial de confiança” em operações de nomeações e contratos. Facebook
No curso da operação, também foi alvo Stanley Freire, filho do jornalista Silas Freire, que presidiu a Fundação Municipal de Cultura Monsenhor Chaves (FMC) entre março e o final de 2024, durante o governo de Dr. Pessoa. Mandados de busca foram cumpridos em sua casa e em uma empresa localizada no Centro de Teresina. A defesa de Stanley declarou desconhecer, até agora, os motivos da investigação.
A Polícia Civil, por meio do DECCOR, afirma que investiga práticas como rachadinhas, exigência de devolução de parte dos salários de terceirizados e comissionados, lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito. Os mandados de sequestro e indisponibilidade de bens decretados pela Justiça atingem valores superiores a R$ 75 milhões, abrangendo imóveis, veículos e terrenos.
O fato de Sol Pessoa ter exercido influência nos bastidores — sem ocupação formal de destaque visível — torna ainda mais relevante a investigação: examina-se não só o que ela fez formalmente, mas o poder de articulação e de intermediação que ela detinha. Agora, com sua prisão temporária, o desafio da polícia e do Ministério Público será mapear o tamanho dessa estrutura paralela de poder, suas ramificações, e provar as movimentações ilegais com provas concretas.