“Não podemos aceitar esses caras chantageando a gente o tempo todo”. Esta frase foi dita em fevereiro de 2020 pelo General Augusto Heleno. O então Ministro do Gabinete de Segurança Institucional do Governo Bolsonaro reclamava da pressão do Congresso que, para ele, queria ter maior controle do orçamento impositivo após vetos do Presidente da República.
Nesse toma lá, dá cá entre executivo e legislativo, certamente, um chantageia o outro na medida em que as brechas acontecem. Este ano, um componente a mais, nesta queda de braço sem fim, atende pelo nome de Flávio Dino. O Ministro do Supremo Tribunal Federal jogou duro com o parlamento exigindo mais transparência para liberação das emendas. Ajustes foram feitos e os recursos liberados, mas novas exigências travaram o entendimento que estava em construção a duras penas para votar e aprovar o pacote fiscal do Governo.
O Presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL) esteve reunido com o Presidente Lula e deixou claro que vai ter problemas para aprovar o pacote fiscal e, consequentemente, a reforma tributária e a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias). O Governo até tentou intermediar diálogo com Flávio Dino, mas de nada adiantou.
A falta de “clima” no Congresso, ou melhor, a falta dos milhões em emendas até o final de dezembro azedou tudo. Esta é uma pauta que une direita e esquerda, onde as ideologias fazem trégua e a polarização segue em um único sentido atrás do dinheiro que alimenta as bases eleitorais. “Estamos entre o céu e o inferno. Um centímetro do céu é um centímetro do inferno”, afirmou o Senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder do Governo no Congresso.