O juiz Valdemir Ferreira Santos concedeu prisão domiciliar à médica Angélica Florinda Pacheco Barbosa. A mulher é alvo de operação do Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico (Denarc) contra crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico, organização criminosa e lavagem de dinheiro no Piauí, Maranhão e Paraíba.
A defesa da suspeita argumentou que ela foi mãe, recentemente e tem um filho de quatro meses. “Uma idade em que a criança é totalmente dependente da mãe para cuidados básicos, incluindo alimentação, higiene, e conforto emocional. Bebês nessa faixa etária demandam atenção contínua e uma ligação próxima com a mãe", diz trecho da decisão obtida pelo A10+.
Os advogados afirmaram ainda que é "necessário que haja uma individualização da conduta de cada acusado, com suas respectivas peculiaridades, observando-se que Angélica não tem participação alguma nos delitos descritos".
Diante da situação, segundo o magistrado, é possível a concessão de medida cautelar. Não sendo viável a revogação da prisão. "Há prova da existência do crime, bem como fortes indícios de autoria na pessoa da investigada Angélica Florinda Pacheco Barbosa, o que se observa a partir das informações do caderno investigatório. Em relação aos autos, entendo que a liberdade da investigada revela-se comprometedora à garantia da ordem pública, pela gravidade da conduta delitiva investigada e o risco concreto de reiteração delitiva, evidenciada pelo contexto de associação criminosa", destacou.
O Juiz concedeu prisão domiciliar à mulher com algumas medidas a serem cumpridas, como a proibição de manter qualquer contato com os investigados neste processo e de ausentar-se da Comarca sem prévia autorização ou mudar de endereço sem prévia comunicação.
Família envolvida
Das nove empresas utilizadas para a lavagem do capital da facção criminosa, duas são de um casal que, juntas, movimentaram mais de um R$ 1 bilhão. Josimar Barbosa de Sousa, a esposa dele Tereza Cristina de Sousa Pacheco e os filhos Angélica Florinda Pacheco e Caio Felipe Pacheco também foram alvos da operação.
"As duas empresas que mais movimentaram os recursos da organização são do Josimar. São empresas que mais operaram recursos diagnosticados como atípicos pelo Banco Central. Vale destacar que não é uma movimentação global das empresas, mas é o corte do Banco Central que aponta provável movimentação ilícita oriunda do tráfico de drogas", detalhou.
Foram cumpridos 45 mandados de busca e apreensão e 20 mandados de prisão, além do bloqueio de mais de 2 bilhões de reais e a interdição de 9 empresas no Piauí, Maranhão e Paraíba.
A investigação inicia a partir do núcleo central das ações criminosas, que seria um indivíduo identificado como Erisvaldo da Silva Cruz. "Ele é o principal articulador para a corretagem de drogas de vários traficantes de drogas relacionados ao Bonde dos 40. A partir das movimentações financeiras, conseguimos ampliar uma rede em que as empresas e os alvos se comunicavam financeiramente, todos tendo ele como núcleo central", explicou o delegado.
Os criminosos usavam a revenda e locação de veículos, além da venda de peças para lavar o recurso da facção. “Como se dava o branqueamento de capitais? Principalmente pela revenda de veículos, empresas de locação de veículos e empresas de peças de veículos. Uma delas que já havia sido interditada numa anterior operação, mas que continuava funcionando, infringido a lei, mas agora estamos promovendo a interdição dessa empresa, e de outras oito empresas que funcionavam para a atipicidade do recurso financeiro por meio da lavagem de dinheiro. Esse era o formato de lavagem de dinheiro: empresas que falsamente ou na realidade locavam o veículo, mas misturavam seu recurso com o dinheiro oriundo do tráfico de drogas", destacou.