O delegado geral da Polícia Civil, Luccy Keiko, confirmou que os pais de Wesley Carvalho, desaparecido em dezembro do ano passado, mudaram a versão e afirmaram que o bebê morreu em decorrência de um jejum religioso de duas semanas. A declaração foi dada nesta terça-feira (22) em entrevista à TV Antena 10. A mãe, pai e avós paternos da criança foram presos nessa segunda-feira (21).
“Desde o início da investigação, os pais e a família paterna apresentavam informações conflitantes, nós trabalhamos durante todo o final de semana tentando descobrir, a família ainda chegou a dizer que ele tinha caído em um poço, quando estaria com os avós paternos e o pai, levamos o corpo de bombeiros e fizemos escavações, e nada foi encontrado”, disse.
Diante das versões apresentadas, a polícia resolveu pedir a prisão dos quatro. “A versão inicial não se confirmou, era muito frágil desde o inicio, depois a mãe apresentou outra versão, diferente dos demais, percebemos que todos estavam mentindo, daí as prisões”, contou Keiko.
Após a prisão, os pais do bebê apresentaram a mesma versão, mais aceita pela polícia, que teriam realizado um jejum de 14 dias, em que a criança, também foi submetida, vindo a adoecer e falecer. “Após encontrar a criança morta, o pai resolveu cremar nos fundos da residência na zona rural, essa é a informação que a mãe dá, mas considerando o histórico de mentiras, vamos apurar com rigor”, detalhou.
A perícia criminal passou toda a manhã no local onde a família residia, procurando os restos mortais do bebê, entretanto como o crime ocorreu no mês de dezembro, foi encontrado poucos resquícios de cinzas. Os quatro permanecerão presos até que o caso seja elucidado.
“Se não fosse a família da mãe, nós nunca saberíamos, porque a família paterna tenta de toda forma acobertar o que de fato aconteceu com essa criança, você percebe, que há muita frieza por parte do avô do garoto, querendo sustentar ainda a versão do sequestro, já em desacordo com o filho. São pessoas estranhas, difíceis de conversar. Só ontem eles começaram a falar”, comentou o delegado.
Keiko não descartou a possibilidade de que a mãe sofra de transtornos mentais e tenha sido obrigada a fazer o jejum. “Ela ainda pode ser submetida a um exame mental, mas agora a prisão era necessária, até mesmo para garantir que outras pessoas que tenham informações se sintam confortáveis para revelar a verdade”, revelou.
A família frequentava uma igreja no povoado que reside, mas também teria se afastado das atividades, o pastor chegou a visitar os pais de Wesley mas encontrou um ambiente hostil. O líder religioso também foi chamado e está ajudando a polícia a esclarecer o crime.
Entenda o caso
A Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) está investigando o desaparecimento do bebê Wesley Carvalho de Ferreira de 1 ano e 10 meses. A família diz que o bebê foi tomado dos braços da mãe em dezembro de 2021, na praça da Bandeira, Centro de Teresina.
Em entrevista ao A10+, Raimundo Wellington, sobrinho de Angela Valéria, mãe da criança, afirmou que a família só teve conhecimento do caso dois meses após o desaparecimento. Para a família, Angela contou que estava na praça com o marido, pela manhã, esperando o ônibus, já para retornar a sua residência, quando dois homens chegaram armados, e pediram a criança, sob ameaça de atirar no casal e bebê.
"Ela estava em casa, e passou alguns dias sem dá noticia, nós fomos lá para saber como eles estavam, quando chegamos lá, ela deu essa notícia, que tinha ido com o marido dela fazer compras, aí quando chegaram dois homens pedindo a criança, aí eles entregaram a criança. Eles ficaram sem reação", explicou.
LEIA TAMBÉM
- Caso Wesley: família ficou duas semanas em jejum e bebê morreu nos braços da mãe
- Pais e avós são presos em Teresina suspeitos de matar bebê queimado em ritual
- Polícia trabalha com hipótese de homicídio com ocultação de cadáver de bebê em Teresina
- Família denuncia sequestro de bebê no Centro de Teresina; Polícia investiga
- "Estávamos com medo de denunciar", declara mãe de bebê desaparecido em Teresina
- Delegado cita pontos conflitantes sobre suposto sequestro de bebê no Centro de Teresina