📲 Siga o A10+ no Instagram, Facebook e Twitter.
O advogado Álvaro Mota participou do A10Cast, podcast da TV Antena 10, deste sábado (16). Na ocasião ele tratou sobre diversos temas que incluem a área jurídica no país. Com 35 anos de experiência, o jurista destacou a capacidade de diálogo da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) sobre a crise política e ideológica no país.
"A OAB é uma instituição que tem capacidade de discutir essas questões. O partido da OAB e a ideologia do advogado devem ser a Constituição da República. Lá é que estão os nossos princípios, nossos valores, e as nossas diretrizes. A constituição de 88 foi um avanço para o Brasil. Eu acredito que quem está dirigindo a OAB tem a capacidade de dialogar em uma vantagem muito grande. Muitas vezes dizem: ah, OAB só existe para defender bandido, sendo que não é só a questão de bandido, envolve o meio ambiente, fome, e outros temas, mas acho que a OAB não deve se envolver de forma política e partidária nesses aspectos", disse.
Mota ainda afirmou que o mercado de trabalho para os advogados, atualmente, deve ser visto com tranquilidade desde que os profissionais entendam a necessidade de ser multidisciplinar. "A gente vê com preocupação essa proliferação de cursos jurídicos, mas quando eles não são levados a sério, cursos que não são pautados dentro das normas. Durante 20 anos, fui professor de Direito, vejo que o profissional tem que ter a consciência que ele tem que enfrentar desafios, não só para desfazer litígios, mas para contemporizar. Eu vejo como muita tranquilidade, a gente não pode ter medo do mercado, mas não podemos admitir um mal profissional, quando você vai 'se socorrer' no advogado, você está colocando sua liberdade, muitas vezes seu patrimônio, as vezes sua honra, esse profissional precisa conhecer de literatura, a alma humana, noções de ética, e hoje, com esse mundo em transformação, ele precisa se associar a outras habilidades, tem que ser multidipliscinar", afirmou.
Nesse contexto de formação do profissional, o jurista defende uma etapa a mais do Exame da Ordem, que sirva para aperfeiçoar a atuação na área. "O Exame de Ordem é intocável. Eu sou empreendido porque eu defendo uma ideia um pouco diferente. Na Alemanha, na Suíça, na Suécia, o advogado tem que a cada oito anos fazer um novo exame da ordem. Eu acho que isso deve ocorrer no Brasil. Não um novo exame, mas a cada 8 anos, o advogado volte a fazer um curso de ética, de processos, uma reciclagem. Para muitos advogados o código de ética é um ilustre desconhecido, outros só vão na OAB no dia da eleição e reclamar, é uma maneira de trazer os advogados para participar. Sou defensor que o exame seja aprofundado, dificultado, e que tenha essa etapa de fazer uma etapa a cada 8 anos", destacou.
Com relação ao uso de Inteligência Artificial, Álvaro avalia a importância e impactos dessa alternativa na rotina de trabalho. "Acho que a Inteligência artificial não vai substituir o talento humano, agora é preciso ter muito cuidado. No meu escritório já me deparei com litígios judiciais que a inteligência artificial inventou uma jurisprudência, inventou uma doutrina, o advogado precisa ter muito cuidado com isso. A IA é interessante para pesquisar, quando você é contratado em um processo que tem 8 mil folhas, e você tem 2 dias para dar um parecer e ele fazer um resumo. Isso é uma realidade, eu alcancei advogado fazendo petição a mão, hoje tem processo eletrônico. Eu vejo uma tendência sem volta, quem quiser ter sucesso tem que se deparar com essa situação [...], e isso só está começando", detalhou.
Fonte: Portal A10+