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Recentemente, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei (PL) 2628/2022, que estabelece regras para proteção e prevenção de crimes contra crianças e adolescentes em ambientes digitais. O tema "adultização" ganhou destaque principalmente após o vídeo do youtuber Felca, que denunciou perfis que sexualizam crianças e lucram com isso. Nesta semana, o A10Cast, podcast da TV Antena 10, recebeu a psicóloga Yloma Fernanda para discutir a adultização, o uso precoce de telas e os desafios enfrentados pelas famílias na proteção das crianças nas redes sociais.
"Esse tema não é novo, estamos com uma nomenclatura diferenciada e uma nova roupagem. A partir do momento que a criança tem comportamentos que não são inerentes à infância, e as habilidades próprias dessa fase, isso é adultização. Se você expõe uma criança para fazer uma dança que, no final, resulta em erotização ou sexualização, isso é adultização. Adultizar uma criança é cobrar dela um comportamento de adulto. Essa exposição de danças é um ponto pequeno de todo esse processo, de todas as consequências que vêm", afirmou a psicóloga.
Ela também alertou sobre os interesses comerciais por trás da exposição infantil. "Se prestar atenção, quando se expõe uma criança, tem um consumo por trás disso. Alguém lucra, seja o pai, a família ou uma empresa. Esse consumismo exacerbado, oriundo do capitalismo, fez com que tivéssemos esse problema. Só a PL não vai ser suficiente, é preciso um processo de conscientização, de políticas públicas eficazes, trabalhar com a família, a escola e o consumismo", disse Yloma Fernanda.
A psicóloga também destacou os impactos do uso precoce de telas nas crianças. "Dá mais trabalho realmente não entregar o celular; a criança vai se jogar no chão, chorar... Só que ela só vai fazer isso se ela já teve acesso ao celular. Se essa criança nunca teve acesso, ela não vai sentir falta. O uso das telas de forma precoce causa impactos, inclusive, nas funções cognitivas, nas habilidades sociais e nos aspectos socioemocionais. Isso gera um processo de abstinência, já foi comprovado. Às vezes vemos crianças agitadas e é só abstinência da tela; aquilo vicia", explicou.
Yloma ressaltou também a importância de um cuidado maior com a forma como as crianças são expostas. "Tem mães que precisam ter muito cuidado. A gente vê mães e filhas com as mesmas roupas. Aquela criança vê que tem uma roupa idêntica à da mãe e começa a se equiparar a um adulto. Ela entende de forma deturpada que, se pode ter a mesma roupa, pode também ter o mesmo comportamento, participar das mesmas coisas. A não ser que você seja um pai ou mãe extremamente psicoeducativo, sempre conversando e prestando atenção, e isso é muito difícil hoje em dia. Também não podemos esquecer dos adolescentes, que estão sendo expostos", disse Yloma.
A psicóloga também abordou o fenômeno da infantilização, algo que vem afetando muitas mulheres. "Ao mesmo tempo que falamos de adultização, temos o processo da infantilização. Algumas mulheres estão se infantilizando. Será que isso é uma consequência de uma infância perdida? Às vezes vejo comportamentos extremamente infantis em homens e mulheres. Talvez porque perderam algo; nem são culpados, mas vítimas também. A mãe se infantilizando e a criança se adultizando", refletiu.
Durante a entrevista, a psicóloga também ressaltou a importância de estabelecer limites claros no cotidiano das crianças para protegê-las de exposições precoces e prejudiciais. Segundo ela, a maior proteção que os pais podem oferecer vai além da psicoeducação: é fundamental colocar restrições e evitar o uso excessivo de telas, além de estar atentos ao que as crianças acessam nas redes sociais.
"A maior proteção não é só a psicoeducação, mas é colocar limite. Evitar tela o máximo que puder. E se você já deu a tela e tem dificuldade de dizer não e estabelecer limites, tem que procurar ajuda profissional. Existem aplicativos que monitora, olhar os sites, o que se acessa. Enquanto puder evitar exposição nas redes socais, evitem. Nós mães e pais evitar tirar fotos dos filhos", concluiu.
O A10Cast vai ao ar todo sábado, às 13 horas, na TV Antena 10. O programa também é disponibilizado na íntegra no YouTube após exibição na TV. Siga o perfil no instagram: @a10cast.
Fonte: Portal A10+