📲 Siga o A10+ no Instagram, Facebook e Twitter.
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) informou, nesta quinta-feira (10/7), em nota, que a tarifa de 50% aplicada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre as exportações de todos os produtos brasileiros é injustificavél e prejudica tanto os Estados Unidos quanto o Brasil.
“Esta medida unilateral não se justifica pelo histórico das relações comerciais entre os dois países, que sempre se desenvolveram em clima de cooperação e de equilíbrio, em estrita conformidade com os melhores princípios do livre comércio internacional”, diz trecho da nota.

A taxa entra em vigor a partir de 1º de agosto e será cobrada separadamente de tarifas setoriais, como as que atingem o aço e alumínio brasileiros. Em abril deste ano, o Brasil havia sido atingido pelo tarifaço de Trump e teve os produtos tarifados em 10%.
Além disso, as taxas norte-americanas de 50% sobre o aço e o alumínio e mais 50% de taxas anunciadas sobre o cobre nesta quinta-feira (10/7) afetam o país.
Trump, tarifas, Brasil e Bolsonaro
- Trump tem ameaçado o mundo com a imposição de tarifas comerciais, desde o início do mandato, e tem dado atenção especial ao grupo do Brics e ao Brasil.
- O presidente norte-americano chegou a ameaçar taxas de 100% aos países-membros do bloco que não se curvarem aos “interesses comerciais dos EUA”.
- Após sair em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Trump ameaçou aumentar as tarifas sobre exportações brasileiras.
- Nessa quarta-feira (9/7), o líder norte-americano alegou que o Brasil não está “sendo bom” para os EUA.
Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás somente da China. Em 2024, as exportações brasileiras para o mercado norte-americano atingiram US$ 40,3 bilhões, já as importações de produtos dos Estados Unidos foram de US$ 40,6 bilhões.
O resultado demonstra um déficit para o Brasil no comércio entre os dois países. No agronegócio, Brasil e EUA são concorrentes no mercado mundial de alguns produtos, como soja e algodão.
De acordo a CNA, medidas desta natureza “prejudicam as economias dos dois países, causando danos a empresas e consumidores”.
“Qualquer análise das relações entre os Estados Unidos e o Brasil, seja no campo, seja no comércio, seja nos investimentos, terá sempre de concluir que essas relações sempre serviram aos interesses dos dois países, não havendo nelas qualquer desequilíbrio injusto ou indesejável”, ressalta a nota.
A CNA acrescenta que “os produtores rurais brasileiros consideram que essas questões só podem ser resolvidas em benefício comum por meio do diálogo incessante e sem condições entre os governos e seus setores privados. A economia e o comércio não podem ser injustamente afetados por questões de natureza política”.
Reações ao tarifaço
O Centro de Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), nessa quinta-feira, também reagiu às tarifas de Trump, manifestando sua “profunda preocupação”.
“Manifestamos nossa profunda preocupação diante do atual embate entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, que ultrapassa os limites da diplomacia ao utilizar a questão tarifária como instrumento de disputa pessoal e ideológica”, escreveu o Ciesp.
Segundo o Ciesp, “tal postura equivocada tem causado prejuízos concretos e imediatos às nossas relações comerciais, afetando diretamente as forças produtivas, os trabalhadores e toda a sociedade”.
O Ciesp ainda destaca que “faltam argumentos concretos em favor dos EUA para uma tarifa de 50% nas importações do Brasil”, pois “não procede a justificativa do presidente estadunidense sobre a balança de pagamentos entre os dois países lhes ser desfavorável, já que apenas na última década o superávit a favor deles foi de US$ 91,6 bilhões no comércio de bens. E se incluído o comércio de serviços, o superávit dos EUA chega aos US$ 256,9 bilhões”.
A Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) também se posicionou, nesta quinta, alegando que a medida deve provocar ” impactos relevantes” nas exportações brasileiras. Em nota, a associação diz que a medida não tem justificativa econômica.
“A medida afetaria, principalmente, as vendas externas de equipamentos elétricos de grande porte, principais itens exportado do setor, tendo em vista os investimentos consideráveis que estão sendo realizados internamente naquele país para a criação de uma infraestrutura de recarga de veículos elétricos em todo o território”, completou.
Fonte: Metrópoles