Morre Nêgo Bispo, um dos maiores intelectuais quilombolas do país - Geral
LUTO

Morre Nêgo Bispo, um dos maiores intelectuais quilombolas do país

Em todo o país, movimentos lamentaram a morte do líder e intelectual quilombola piauiense


📲 Siga o A10+ no Instagram, Facebook e Twitter.

(Atualizada às 13h47)

Morreu neste domingo (03) Antônio Bispo dos Santos, de 64 anos, conhecido como Nêgo Bispo, líder e intelectual quilombola. Nego Bispo nasceu no Vale do Rio Berlengas, no Piauí. Ele morreu após sofrer uma parada cardiorrespiratória no Hospital de São João do Piauí. Pelo Brasil, diversos movimentos lamentaram a morte de Bispo.  

Nêgo Bispo
reprodução

   

Formou-se pelos ensinamentos de mestras e mestres de ofício do quilombo Saco-Curtume, município de São João do Piauí. Autor de artigos, poemas e livros, Bispo despertou o debate, e teve sua história marcada, pela luta, valorização e reconhecimento das comunidades quilombolas, sobretudo a partir do conceito de “contra-colonização”, a relação entre regimes sociopolíticos e cosmológicos.

Como liderança quilombola, atuou na Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ). A coordenação lamentou a morte e destacou a importância do seu legado.

Nêgo Bispo
reprodução

   

"Sua contribuição inestimável para a compreensão e preservação da cultura e identidade quilombola será lembrada e reverenciada por gerações. Neste momento de perda, expressamos nossas condolências à família, amigos e admiradores, e reafirmamos a importância de honrar seu legado e perpetuar suas ideias. Que sua memória inspire e ilumine o caminho daqueles que seguem a luta pela valorização e reconhecimento das comunidades quilombolas".

Bispo foi professor da disciplina Encontro de Saberes na UnB em 2012 e 2013 e pertence à rede de mestres docentes do Instituto. Seu penúltimo livro lançado foi Colonização, Quilombos: modos e significados, que debate a visão dos quilombos, comunidades de negros que se rebelaram contra a violência do regime escravo e se tornaram historicamente um símbolo maior da luta. 

Em 2023, lançou A terra dá, a terra quer, que oferece um olhar urgente e provocador sobre os modos de viver, habitar e se relacionar com os demais viventes e com a terra. 

O presidente Lula, através de suas redes sociais, lamentou o falecimento de Bispo e reiterou a importância de sua história. "O Brasil perdeu um importante intelectual quilombola. O piauiense Nego Bispo foi autor de livros, poemas e artigos, além de um ativista social importante das comunidades tradicionais que constituem parte importante da nossa identidade. Meus sentimentos aos amigos e familiares por essa perda", disse o presidente. 

Os ministros Wellington Dias e Anielle Franco também publicaram mensagens após a morte do intelectual piauiense.

"Hoje o movimento Quilombola, o Piauí e o Brasil perdeu uma voz que ecoou em nossos corações e nos ensinou muito. Nêgo Bispo foi e sempre será um mestre que, como ninguém, falou sobre reparação histórica, respeito às lutas e sobre o direito de viver dignamente. Vá em Paz Nêgo", disse o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social.

"Ontem fomos dormir com a dolorosa notícia da morte de Nêgo Bispo, um dos maiores intelectuais e pensadores do Brasil. Sua sabedoria ancestral e quilombola estará pra sempre conosco. Lamento muito a dor da família e dos mais próximos e garanto que todos os ensinamentos seguirão como legado. Descanse em paz!", pontuou a ministra da Igualdade Racial.

Fonte: Portal A10+


Dê sua opinião:

Fique conectado