Passaportes apreendidos e esposas proibidas de saírem do país; delegado dá novos detalhes sobre alvos de operação contra o PCC no Piauí

À TV Antena 10, o delegado informou que os empresários estão proibidos de deixar a Comarca de Teresina e de manter contato entre si

Atualizada às 11h07

O delegado Laércio Evangelista, coordenador do Draco, conversou com a TV Antena 10 na manhã desta quinta-feira (06), e deu mais detalhes sobre os investigados na Operação Carbono Oculto 86, deflagrada no Piauí e outros dois estados. Segundo o delegado, os empresáriosjá abordados nos aeroportos de Teresina e Guarulhos (SP) — e suas esposas estão proibidos de deixar o país e devem entregar os passaportes à polícia. O A10+ apurou que o empresário Haran Santiago e sua esposa prestam depoimento nesta manhã na sede do DRACO. No período da tarde, será a vez do empresário Danillo Coelho e de sua esposa serem ouvidos.


Durante a entrevista, o delegado afirmou que foi determinado um prazo para que os passaportes fossem entregues. Haran Santhiago Girão Sampaio e Danillo Coelho de Sousa, ex-proprietários da Rede de Postos HD e as esposas, as gêmeas Thamyres Leite Moura Sampaio e Thayres Leite Moura Coelho terão 48 horas para entregar os documentos. Os empresários são alvos de uma operação contra o PCC que, segundo a polícia, usou postos de combustíveis no Piauí, Maranhão e Tocantins; pelo menos R$ 5 bilhões foram movimentados pelo grupo.

  

Empresários investigados na Operação Carbono Oculto 86 e esposas
Divulgação

   

"Dentre as medidas impostas pelo judiciário, elas (esposas dos investigados) deverão apresentar os passaportes em até 48 horas na sede da Polícia Federal. Elas estão proibidas de se ausentar do país. Com relação aos investigados, foram impostas outras medidas restritivas, como não se ausentar da Comarca de Teresina, não se comunicarem entre si, bem como comparecimento sempre que intimidados", detalhou.


Participação do ex-vereador Victor Linhares

Ainda na entrevista o delegado falou sobre a participação do ex-vereador Victor Linhares no esquema, e disse que durante a investigação foi identificada uma transferência financeira feita por um dos investigados a ele. Ainda assim, Victor Linhares não figura como investigado.

  

Victor Linhares
Reprodução

   

"Foi identificada uma transação financeira na época da venda do grupo HD, de um valor feita da conta de um dos investigados para conta dele, mas ele não figura como investigado, ele deverá ser intimado para prestar esclarecimentos acerca deste fato, mas ele não figura, até o momento, como um investigado", disse.

Por fim o delegado afirmou que, caso os investigados cumpram com as medidas impostas de forma correta, não serão necessárias as prisões.

Empresários abordados em aeroportos

A Polícia Civil do Piauí cumpriu mandados de busca e apreensão, entre a noite dessa quarta-feira (5) e a madrugada desta quinta-feira (6), contra os empresários Haran Santiago Girão Sampaio e Danillo Coelho de Sousa, alvos da Operação Carbono Oculto 86, que investiga a infiltração do PCC no setor de combustíveis no Piauí. O grupo movimentou cerca de R$ 5 bilhões em quase 50 postos - que foram interditados - nos estados do Piauí, Maranhão e Tocantins. 

  

Empresários investigados por lavagem de dinheiro com o PCC no setor de combustíveis são abordados pela polícia em aeroportos; VÍDEO!
Reprodução

   

Haran foi abordado por policiais civis no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, quando retornava a Teresina. Com ele, foram apreendidos um computador, um celular e uma quantia em dinheiro. Já Danillo foi abordado no Aeroporto de Teresina, onde também foram apreendidos um notebook, um celular e valores em espécie. Eles não foram presos. 

PCC no Piauí: como alvos da ação agiam, construção de distribuidora e R$ 5 bilhões movimentados; tudo sobre a megaoperação contra a facção

A Operação Carbono Oculto 86, deflagrada pela Secretaria de Segurança Pública do Piauí (SSP-PI), revelou uma complexa estrutura de atuação do Primeiro Comando da Capital (PCC) no setor de combustíveis. O grupo criminoso teria usado empresas de fachada, distribuidoras e fintechs para lavar dinheiro do tráfico, adulterar combustíveis e controlar uma rede que se expandiu por três estados, sendo Piauí, Maranhão e Tocantins. As investigações apontam que o esquema movimentou cerca de R$ 5 bilhões, interferindo diretamente na concorrência, nos preços e na arrecadação fiscal.


O secretário de Segurança Pública, Chico Lucas, explicou durante coletiva de imprensa nesta quarta-feira (05) que a atuação da facção provocou impactos diretos no mercado local e na arrecadação estadual. Até uma distribuidora de combustíveis estava sendo construída pelo PCC no Piauí. 

"Essa infiltração do PCC no sistema de combustíveis trouxe um desequilíbrio primeiro para os clientes, que tinham prejuízos diariamente com a bomba baixa, com a alteração qualitativa ao combustível, aos demais postos de combustíveis que sofriam uma concorrência desleal e ao próprio fisco que deixou de arrecadar por conta dessas operações ilícitas", contou o secretário de Segurança Chico Lucas.

Além das fraudes na bomba e adulterações, há indícios de crimes eletrônicos e lavagem de dinheiro envolvendo fintechs e empresas de fachada. O delegado Anchieta Nery, diretor de Inteligência da SSP-PI, explicou que a organização passou a se infiltrar em negócios aparentemente legais, usando o capital proveniente do tráfico de drogas para obter lucros dentro da economia formal.

Principais investigados

Entre os principais nomes estão:

Durante as ações, a polícia também identificou bens de alto valor vinculados aos investigados, incluindo aeronaves e objetos de luxo.

  

Operação Carbono Oculto 86, que investiga a infiltração do PCC no setor de combustíveis
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"Eles tinham 4 aeronaves. Uma foi apreendida e as outras 3 estamos fazendo a localização; provavelmente eles tomaram conhecimento da operação e achamos que eles levaram em relógios milhões de reais porque vimos caixas de várias marcas. São relógios que custam centenas de milhares de reais", relatou o secretário.