Secretário de Segurança diz que PCC construía distribuidora de combustível no Piauí - Polícia
OPERAÇÃO CARBONO OCULTO 86

Secretário de Segurança diz que PCC construía distribuidora de combustível no Piauí

As investigações apontaram que a facção movimentou R$ 5 bilhões usando 49 postos de combustíveis no Piauí, Maranhão e Tocantins


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Atualizada às 12h40

O secretário de Segurança Pública do Piauí, Chico Lucas, revelou nesta quarta-feira (05), durante coletiva à imprensa, que a facção Primeiro Comando da Capital (PCC) estava construindo uma distribuidora de combustível na rodovia que liga Teresina ao município de Altos. A intenção, segundo apontou as investigações, era para abastecer outros estados. De acordo com a polícia, a facção movimentou R$ 5 bilhões nos estados do Piauí, Maranhão e Tocantins. A ação, denominada de Carbono Oculto 86, resultou na interdição de quase 50 postos de combustíveis, sendo 16 só em Teresina.


“Desde de 2023, o que a gente percebeu é que o Piauí, por ser um lugar logisticamente estratégico, é a única capital no interior. Ela estava sendo usada como um centro de distribuição. A gente viu que esse grupo criminoso, inclusive, estava construindo uma distribuidora de combustíveis adulterados na estrada para Altos, que iria abastecer o Tocantins, Maranhão e o Piauí”, detalhou o secretário. 

Ainda na coletiva, Chico Lucas falou sobre o papel dos empresários alvos da operação. “Os empresários venderam os postos, formalmente eles não eram mais donos, se apresentavam como. Recentemente teve uma disputa midiática, uma advogada reclamou da qualidade do combustível e ela foi processada pelas esposas dos empresários, dizendo-se donas, mas no papel, no CNPJ, elas não eram mais donas nem os maridos. Eles colocaram essas empresas no nome de laranjas e grupos de São Paulo; esses laranjas eram funcionários, mas eles movimentavam dinheiro de empresas laranjas em nomes deles e das esposas. Havia uma confusão patrimonial, muitas vezes para lesar o fisco. Alguns postos chegaram a ter 3 CNPJs no mesmo lugar”, completou. 


“Nos temos 5 empresários do Piauí e um de São Paulo como alvos dessas medidas. É assim que uma organização criminosa desbalanceia a concorrência: se eu adultero de mais esse produto a minha margem de lucro aumenta… eu baixo o preço e a vida da minha concorrência fica difícil. A gente apurou que de 2020 a 2025, mais de R$ 5 bilhões em transações, somente as movimentações consideradas atípicas. Das pessoas físicas e jurídicas com origem no Piauí, mais de 378 milhões de reais”, relatou o delegado Anchieta Nery à TV Antena 10. 


Ainda segundo a polícia, a facção utilizava uma complexa estrutura de empresas de fachada, fundos de investimento e fintechs para lavar capitais ilícitos, fraudar o mercado de combustíveis e ocultar patrimônio. A investigação revelou interconexão direta entre empresários locais e os mesmos fundos e operadores financeiros investigados pela Operação Carbono Oculto, que integrou Receita Federal, Ministério Público de São Paulo e Polícia Militar paulista para desarticular um esquema nacional de lavagem de dinheiro de organizações criminosas.

  

Secretário de Segurança diz que PCC construía distribuidora de combustível no Piauí
Reprodução

   

O A10+ teve acesso ao documento que detalha a infiltração do PCC no setor de combustíveis do Piauí e que resultou na Operação Carbono Oculto 86, deflagrada na terça-feira (04) em Teresina. Pelo menos seis pessoas físicas foram identificadas com participação no esquema criminoso e quase 50 postos de combustíveis foram interditados. As investigações apontaram que o PCC movimentou R$ 5 bilhões usando 49 postos de combustíveis no Piauí, Maranhão e Tocantins.

  

Secretário Chico Lucas durante entrevista à imprensa
Ronney Oliveira / A10+

   

O documento afirma que o inquérito foi instaurado após a venda da Rede de Postos HD, que contém unidades no Piauí, Maranhão e em Tocantins. A investigação constatou inconsistências patrimoniais, alterações societárias simultâneas e criação de empresas em local sem lastro econômico compatível com o volume de negócios. Entre os alvos da ação, empresários e o ex-vereador e ex-secretário municipal de Relações Institucionais de Teresina, Victor Linhares (PP).


O inquérito identificou pelo menos 70 CNPJs relacionados direta ou indiretamente às empresas envolvidas, além de mais 500 notas fiscais emitidas por distribuidoras vinculadas ao PCC.

Dentre todas as empresas investigadas, o valor total de movimentações financeiras atípicas chega a R$ 5 bilhões, sendo que somente no Piauí foram mais de R$ 300 milhões monitorados. Denis Villani, empresário, fez transferência de mais de R$ 700 mil para empresa controlada por laranja, ligada ao PCC.

Modus Operandi

De acordo com as investigações, os alvos realizavam a aquisição de postos locais por empresas de fachada recém-criadas em São Paulo, substituíam a bandeira comercial (de HD para Pima e Diamante) sem alteração operacional real, depois criavam fundos e holdings para mascarar os beneficiários finais e promover blindagem patrimonial. Com uma movimentação financeira atípica por meio de fintechs e contas interligadas, eles adulteravam os combustíveis e emissão de notas fiscais sobrepostas, garantindo lucro por meio de fraude comercial e lavagem de capital.


Impactos e Prejuízos

Segundo a polícia, os impactos e prejuízos identificados são econômicos e fiscais com a evasão tributária estimada em milhões de reais e prejuízo direto ao erário estadual e federal, além da desorganização do mercado de combustíveis, com concorrência desleal e dumping criminoso.

Fonte: Portal A10+


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