O advogado da família do músico Carlos Henrique, morto em um acidente em maio de 2024, e que teve o corpo exumado na manhã desta sexta-feira (17), conversou com a imprensa e relatou que a única dúvida restante é a confirmação da causa morte, se seria pelo acidente ou disparo de arma de fogo e que, em caso de constatação do disparo, não há dúvidas, segundo advogado, de que o tiro partiu da Polícia Militar.
Durante entrevista, o advogado Lucas Ribeiro reafirmou que o objetivo da exumação é dar uma resposta certa à família, que ainda não tem uma confirmação do que ocasionou o óbito do músico. Ele, no entanto, disse que há provas de que o jovem foi morto a tiros.
Chico Filho / TV Antena 10
"Essa investigação está sendo feita e aberta através de um enquadro policial militar para apurar a conduta de dois militares que estavam envolvidos naquele incidente. Então, a gente acredita e tem convicção de que a morte se deu por disparo de arma de fogo. Há uma perfuração na cabeça do músico Carlos Henrique que muito se assemelha a de um disparo de arma de fogo. Há também testemunhas dentro da investigação que relatam que ele desceu do carro, correu e que no momento que ele estava correndo é que ele foi atingido por um disparo de arma de fogo e que isso o levou a óbito. Há também um relatório do SAMU, ao entregar ele no HUT, destacando também que ele havia sido morto por disparo de arma de fogo", detalhou o advogado.
Questionado, o advogado disse que em caso de confirmação, não há dúvidas de que o disparo tenha partido de militares, uma vez que não foi constatado que os outros envolvidos na ação estavam em posse de arma de fogo. "A gente não tem dúvidas que o disparo foi da Polícia Militar. Os suspeitos, o casal que estava sendo perseguido, eles não estavam armados. O disparo ocorreu pela Polícia Militar. Pelo menos até agora, os relatos que a gente tem é nesse sentido", disse.
Por fim, disse que a família recebeu apenas recortes de câmeras de segurança e que em um deles é possível ver algo, de fato, sendo arremessado do veículo, mas que acreditam que não era o corpo do músico.
"A gente recebeu cortes de vários vídeos. A polícia não entregou pra gente um vídeo que destacasse especificamente mostrando um corpo saltando do carro. Eu, particularmente, vi um vídeo em que aparece, no momento da batida, algo sendo arremessado. Muito pequeno e que eu acredito que não seja o corpo do Carlos Henrique. Inclusive, ele foi encontrado em direção oposta. Então, o corpo dele foi encontrado na farmácia após a morte. E aquele objeto que está sendo arremessado no carro, ele foi arremessado para o sentido contrário. Então, a gente descartou essa hipótese por conta disso", finalizou.
A exumação
Após a exumação, o advogado deu detalhes do procedimento, explicou o que foi feito e disse que agora precisam esperar o resultado final da perícia.
Chico Filho / TV Antena 10
"O corpo já está em um estado de decomposição muito forte, mas havia algumas fraturas no crânio e foi feito o recorte do crânio para análise melhor pelo Instituto de Medicina Legal. Foi feita também a colheita de um dos dedos do pé para que pudesse também analisar, havia uma fratura e para melhor análise vai ser levado também para perícia, especificamente do setor de balística, para poder analisar e saber se aquela fratura do crânio é referente a um disparo de arma de fogo e também do dedo do pé", explicou o advogado.
O que diz a Polícia Militar
Em entrevista à imprensa na manhã desta sexta-feira (17), o Tenente-Coronel Mendes Junior, presidente do inquérito militar, e representante da PM no caso, sustentou a hipótese de morte pelo acidente, mas explicou quais procedimentos solicitou à perícia para que haja certeza de que não há culpa por parte de militares. Segundo ele, existe apenas 3% de chance de ter sido um disparo de arma de fogo da PM.
"Então eu solicitei a perícia e fiz as perguntas bem mais complexas. Não sei se a Polícia Civil acredita que tenha equipamento que possa averiguar isso daí. Dentro desse orifício eu perguntei se existem traços de nitrocelulose, traços de zinco, cobre. Eu estudei que tipo de fabricação é feita o projétil no Brasil e outros elementos que compõem a capa do projétil da ponto 40 para ver se existe um nexo entre o projeto e o orifício. Ou seja, se existem elementos que geralmente são feitos no espectrograma. Então, para tirar esses 3% de chance de ser os policiais, vai ser feita essa exumação para verificar se existem elementos como zinco, cobre e nitro base de nitrocelulose. E fiz a pergunta se o orifício possui só causaria morte choque neurogênico, neuroestático ou neurológico. Também fiz essa pergunta que vai ser respondida", explicou.
"A gente só quer a verdade"
A exumação do corpo do músico baixista Carlos Henrique, que morreu em um acidente trânsito em maio de 2024, na zona Leste de Teresina, foi realizada na manhã desta sexta-feira (17). Será feito um novo exame cadavérico, a pedido da família, para apurar se o jovem morreu após o acidente ou por disparo de arma de fogo.
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Entre emoção e lágrimas, a mulher disse que não é possível trazer o filho de volta, mas que precisa saber da verdade e esse é o único desejo da família. "A gente só quer saber a verdade, só a verdade! Já foi tão dolorido a gente vir aqui (cemitério), para deixar ele aqui e agora voltar de novo para desenterrar. O desejo do meu coração era levar meu filho de volta pra casa, porque naquela noite eu esperava meu filho voltar, como todas as noites ele voltava pra casa. Ele não voltou, ele só deixou muita saudade", lamentou.
Durante a entrevista, ela chegou a afirmar que hoje faz tratamento psicológico, principalmente por não ter tido apoio após o caso, e que precisa de remédios para "sobreviver" à dor.
A reviravolta no caso
O caso do músico Carlos Henrique sofreu uma reviravolta após um laudo do Instituto de Medicina Legal (IML) apontar que no corpo da vítima não foi encontrado projéteis de arma de fogo. O músico faleceu em decorrência dos ferimentos provocados após uma forte colisão no veículo onde ele estava. A primeira versão apontava que a vítima teria sido atingida por uma bala perdida na cabeça, mas a TV Antena 10 e o A10+ apuraram que, diferentemente do que foi repassado por testemunhas, a perícia não encontrou perfurações de tiro no corpo do músico e nem marcas nos veículos envolvidos no acidente.
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O A10+ apurou que Carlos Henrique teve o pé cortado, baço e fígado machucados, além de costelas quebradas e a cabeça com um corte profundo o que teria, inicialmente, provocado o boato de que ele havia sido baleado. A suspeita é que o ferimento ocorreu após a colisão dos veículos. A família da vítima está consternada com o caso.