Adiado julgamento de acusado de estuprar e matar Janaína Bezerra em Teresina

Antes do adiamento, família havia sido impedida de acompanhar o julgamento do assassino

(Atualizada às 11h20)

A Justiça do Piauí adiou o julgamento de Thiago Mayson da Silva Barbosa, de 28 anos, acusado de estuprar e matar a estudante de Jornalismo, Janaína da Silva Bezerra. O julgamento estava marcado para esta manhã (17) e não ocorreu pela falta de quórum. O A10+ apurou que a Universidade Federal do Piauí (UFPI) deixou de notificar 12 jurados. Agora, a expectativa é que o julgamento ocorra no dia 1 de setembro. Familiares e amigos realizam protesto em frente a reitoria da UFPI e cobram explicações.

 

Thiago Mayson
Reprodução

   

Após o adiamento, familiares e amigos se dirigiram a UFPI para realização do protesto. No local, a mãe de Janaina Bezerra, Maria do Socorro, afirma que o sentimento agora é de revolta e que todos precisam de explicações. Ela também alega que não vem recebendo apoio. 

"Muito revoltada, muito mesmo. Porque a gente estava na esperança de resolver tudo e terminou não resolvendo nada. A gente quer uma explicação. Eu não tenho muita palavra a gente só quer saber porque não foram. Não tem dinheiro no mundo que pague. Porque o que ele fez com minha filha e eu estou pagando por tudo isso. Nunca imaginei passar por isso na minha vida. Que um sonho foi destruído. Acabou com uma família. E agora mais esse adiamento que ninguém sabe o porquê. Eles não estão dando apoio. O que se apresentou como responsável nunca foi me dar um apoio. Só isso que tenho para falar e clamar por justiça. Vamos lutar até o fim. A minha filha não está aqui para lutar, mas eu estou", afirma. 

  

Com cartazes, família protesta contra o adiamento do julgamento de Thiag Mayson
Thracy Oliveira / TV Antena 10

   

A Coordenadora geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Tais Dias afirma que a falha da universidade reflete o descaso que vem sendo enfrentado pela família e pelos estudantes que seguem com a sensação de insegurança dentro do espaço da universidade. 

"É mais um descaso da universidade. A universidade vem sendo omissa quando não presta o devido apoio a família da Janaína, onde se comprometeu a dar esse apoio. Nao atende as ligações da família, não quer falar com a família e mais uma vez é omissa quando não notifica. Estamos com várias informações, mas o que a gente sente mesmo é insegurança dentro dessa universidade. Porque nós mulheres que estudamos aqui não temos segurança nenhuma aqui dentro. Então para gente é muito doloroso estudar em um local que a gente não se sente seguro. A gente que também resposta. Porque foram justamente 12 da UFPI? Não é so uma coincidência. A gente não vai deixar ficar impune. A gente não aguenta mais morrer, a gente não aguenta mais ser assediada dentro dessa universidade", explica. 

UFPI emite nota de esclarecimento

Em nota, a UFPI informou que houve um equívoco interno no encaminhamento do documento aos servidores lotados na instituição e que o prejuízo recai apenas ao primeiro dia da data do julgamento.

Nota de Esclarecimento

A Superintendência de Recursos Humanos da Universidade Federal do Piauí (SRH - UFPI) informa que recebeu o expediente da 1a. Vara do Tribunal Popular do Júri, no entanto houve um equívoco interno no encaminhamento do documento aos servidores lotados na Instituição.

Na data de hoje, já houve comunicado aos servidores, entendendo-se que o prejuízo recai apenas ao primeiro dia da data do julgamento, não comprometendo os demais dias.

É importante esclarecer que o ofício do Tribunal não informa a que julgamento ou processo se referia a convocação, não havendo, portanto, nenhuma intenção de prejudicar os ritos e procedimentos do júri relativo ao caso de Janaína Bezerra.

Relembre o caso

Janaína Bezerra, de apenas 22 anos, foi assassinada em uma sala da UFPI, após calourada ocorrida entre a noite de sexta-feira, 27 de janeiro, e a madrugada de sábado, dia 28. Thiago foi preso horas depois e teve a prisão preventiva decretada pela justiça no domingo, dia 29.

  

Janaína Bezerra foi estuprada e morta após calourada dentro da UFPI
Reprodução

   

Em depoimento à polícia, ele contou que já conhecia a vítima e teriam “ficado” em outras ocasiões. Ele relatou que estavam em uma “calourada” na UFPI e que por volta das 2h convidou a jovem para seguirem a um corredor e em seguida se dirigiram a uma das salas de aula onde praticaram sexo consensual e que após a prática sexual a vítima teria ficado desacordada por duas ocasiões, sendo a última por volta das 4h.