A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (21) ter recebido com “surpresa” o indiciamento realizado pela Polícia Federal. Em nota, os advogados informaram que apresentarão esclarecimentos dentro do prazo estabelecido pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
Os representantes de Bolsonaro negam descumprimento de medidas cautelares impostas pelo STF. Segundo a defesa, ele sempre respeitou as determinações judiciais.
O indiciamento integra o inquérito sobre a tentativa de golpe de Estado e envolve também o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
A Polícia Federal sustenta que Jair Bolsonaro manteve contato com investigados, utilizou redes sociais mesmo após proibição e possuía em seu celular um rascunho de pedido de asilo político para a Argentina.
Entenda
A Polícia Federal decidiu indiciar Jair Bolsonaro e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por tentativa de interferência na ação penal em que o ex-presidente responde por golpe de Estado.
O relatório da PF foi encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, e à PGR (Procuradoria-Geral da República).
De acordo com o documento, Eduardo Bolsonaro buscou autoridades dos Estados Unidos para impor sanções a integrantes do STF, da PGR e da Polícia Federal, com a finalidade de influenciar a ação penal e assegurar impunidade ao pai.
O deputado também teria utilizado redes sociais em inglês para alcançar o público internacional e coordenado a divulgação de narrativas favoráveis aos investigados.
O relatório aponta ainda que Eduardo recebeu R$ 2 milhões de Jair Bolsonaro e realizou operações de câmbio e transferências para ocultar a origem do dinheiro.
Argumentos contra Jair Bolsonaro
A Polícia Federal acusa Jair Bolsonaro de financiar e apoiar as ações do filho.
Segundo a corporação, ele descumpriu medidas cautelares que proibiam o uso de redes sociais, manteve comunicação com aliados para difundir conteúdos capazes de coagir autoridades e teria planejado fuga do país.
De acordo com os investigadores, o ex-presidente manteve contato com plataformas e grupos nos Estados Unidos para direcionar sua comunicação e realizou movimentações financeiras atípicas para sustentar atividades ilícitas.
O relatório ressalta que tais condutas buscavam pressionar autoridades públicas, afetar a ordem pública e econômica do país, comprometer relações diplomáticas com os Estados Unidos e atender a interesses pessoais dos investigados, especialmente para evitar condenações na ação penal relacionada ao golpe de Estado.
A PF afirma que “o conjunto de elementos probatórios arrecadados indica que o ex-presidente Jair Bolsonaro atuou deliberadamente, de forma livre e consciente, desde o início de 2025 e com maior ênfase nos meses de maio, junho e julho de 2025 — quando se acentuaram as ações de Eduardo Bolsonaro no exterior — com a finalidade de se desfazer dos recursos financeiros que tinha em sua posse imediata, bem como evitar possíveis medidas judiciais que limitassem e/ou impedissem de consumar o intento criminoso de apoiar financeiramente as ações do parlamentar licenciado no exterior”.