Entidades do Judiciário pedem a Lula que nomeie duas mulheres para o STJ

Para associação, será um ‘inegável retrocesso’ se presidente escolher homens para substituir vagas antes ocupadas por mulheres

Um grupo de 33 entidades, lideradas pelo Paridade no Judiciário, enviou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva uma carta pedindo a indicação de mulheres para as duas vagas abertas no STJ (Superior Tribunal de Justiça) após as aposentadorias das ministras Assusete Magalhães e Laurita Vaz. Lula deve dar a palavra final sobre o tema em fevereiro.

Na carta, as entidades afirmam que uma eventual substituição por dois homens será um “inegável retrocesso, inclusive no tocante à imagem de nosso país junto à comunidade internacional”. Hoje, o STJ é composto por 31 ministros, sendo 26 homens e cinco mulheres.

 
Sede do Supremo Tribunal de Justiça (STJ)
Divulgação

“O momento histórico pede o compromisso com os valores emancipatórios da Constituição da República. Desse modo, confiantes no seu firme compromisso com a democracia e com os objetivos fundamentais da República, dentre eles, o de construir uma sociedade livre, justa e solidária, renovamos a esperança de que não haverá retrocesso e em breve duas mulheres sucederão as cadeiras vagas no Superior Tribunal de Justiça em decorrência da aposentadoria das Ministras Assusete Magalhães e Laurita Vaz”, diz o documento enviado a Lula.

Na carta, a associação destaca que “o Judiciário constitui um dos Poderes do Estado, que é Republicano e Democrático” e que, por isso, “reclama seja composto de forma plural, refletindo a comunidade a que serve e na qual está inserido”.

“Assim, para que haja a concretização das promessas constitucionais e de Direito internacional, necessária a vigilância ao legado de respeito à igualdade substancial.”

Segundo o documento, “a participação de mulheres nos espaços de poder, sob a ótica da interseccionalidade de raça e etnia, é essencial para a execução de políticas públicas locais, nacionais e globais que resultarão numa sociedade mais justa e solidária para todas as pessoas do mundo”.

Listas tríplices

Duas listas tríplices com nomes para preencher as vagas abertas no STJ serão apresentadas a Lula. Uma é composta por três desembargadores federais, e a outra é formada por três nomes do Ministério Público.

Na lista de desembargadores, constam Carlos Augusto Pires Brandão, Daniele Maranhão Costa e Marisa Ferreira dos Santos. Na lista do MP figuram Maria Marluce Caldas Bezerra, Sammy Barbosa Lopes e Carlos Frederico Santos.

Segundo a Constituição, as cadeiras do STJ são divididas da seguinte forma: um terço entre juízes dos tribunais regionais federais; um terço entre desembargadores dos tribunais de Justiça, indicados em lista tríplice elaborada pelo próprio STJ; um terço, em partes iguais, entre advogados e membros do ministérios públicos Federal, estaduais e do Distrito Federal e dos Territórios.