O promotor de Justiça Mauricio Verdejo, investigado por exigir propina de R$ 3 milhões a um empresário para arquivar processo no Piauí, está usando tornozeleira eletrônica. O suspeito assinou um termo de responsabilidade de cumprimento de medidas cautelares impostas pela Justiça para o uso dos dispositivo pelo prazo de 90 dias.
Ao assinar o documento, obtido pelo A10+, o membro do Ministério Público do Piauí se comprometeu a comparecer as inspeções de rotina, receber visitas dos servidores, atender aos contatos telefônicos, sinais luminosos, vibratórios e cumprir as orientações da Central de Monitoração.
Investigação
De acordo com as investigações, Junno Pinheiro Campos procurou o plantão da Polícia Federal e denunciou que havia sido abordado pelo promotor de justiça em um restaurante no litoral do Piauí, ocasião em que o Mauricio Verdejo teria dado o prazo de poucos dias para que a vítima pagasse a quantia expressiva para não ser mais investigada.
A equipe de investigação conseguiu confirmar o teor dos relatos da vítima, conseguindo, inclusive, registrar o recebimento de parte do montante pelo investigado. Diante da representação ministerial, o Tribunal de Justiça do Piauí expediu mandado de busca e apreensão contra o promotor.
O A10+ obteve acesso ao vídeo que mostra um encontro entre o empresário e o promotor. Os dois conversam e em um determinado momento o empresário entrega uma sacola preta para o promotor Mauricio Verdejo. Momentos depois, ambos entram em uma residência. Durante o cumprimento dos mandados, as equipes apreenderam cerca de R$ 900 mil, documentos e aparelhos eletroeletrônicos.
Mauricio Verdejo era titular da 6ª Promotoria Criminal de Picos. Ele poderá responder pelo crime de concussão, que consiste na conduta de exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida. Já o empresário era investigado acerca de supostas irregularidades em um processo licitatório para fornecimento de equipamentos da área da saúde, o qual uma empresa de Junno foi contratada.
O Ministério Público do Piauí informou ainda que a Corregedoria-Geral realizará correição extraordinária na Promotoria de Justiça titularizada pelo investigado e em outras Promotorias em que tenha oficiado nos últimos anos.
“Todas as medidas constantes na decisão do CNMP foram prontamente cumpridas pelo MPPI, sem prejuízo das investigações criminais já em curso no âmbito desta instituição. O MPPI reafirma o compromisso com a aplicação da lei, o esclarecimento dos fatos e a apuração de responsabilidades”, finaliza.
Em 09 de agosto, o Ministério Público do Piauí, por meio da Procuradoria-Geral de Justiça e da Corregedoria-Geral, anunciou que o promotor de justiça Mauricio Verdejo Goncalves Junior, alvo da “Operação Iscariotes”, foi afastado de suas funções por 90 dias, após a polêmica.
Já no dia 15, a Polícia Federal e Ministério Público do Piauí, por meio da Procuradoria-Geral de Justiça, cumpriram novos cinco mandados de busca e apreensão contra o promotor de Justiça, Mauricio Verdejo Goncalves Junior, e seu assessor, que não teve o nome revelado, por suspeita de crime de concussão.