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O advogado Otoniel Chagas Bisneto, que faz a defesa dos policiais envolvidos na morte do caminhoneiro Francisco Pereira da Silva Neto, concedeu entrevista à TV Antena 10 nesta sexta-feira (04). A fala do advogado ocorreu um dia após a emissora ouvir a esposa da vítima, Iraildes Paiva. Na quinta-feira (03), a mulher afirmou que a família não acredita na versão apresentada pelos policiais militares sobre o caso.
A Polícia Civil do Piauí (PCPI) realizou uma reconstituição do crime nesta semana, como parte da investigação que apura as circunstâncias da morte do caminhoneiro. O caso ocorreu em novembro de 2023, no bairro Lourival Parente, zona Sul de Teresina, durante uma perseguição policial. Francisco foi baleado no abdômen, chegou a ser internado na UTI do Hospital de Urgência de Teresina (HUT), mas faleceu dias depois.
Na entrevista, o advogado dos policiais apresentou argumentos técnicos que, segundo ele, afastam a responsabilidade dos PMs pelo disparo que matou Francisco.
"Também queremos encontrar o culpado que tirou a vida do caminhoneiro, só que a família parece que está em busca de indenização e por isso quer condenar os policiais que, tecnicamente, já é mais que senso comum, não tiveram a mínima condição de efetuar aquele disparo. O disparo que tirou a vida do caminhoneiro foi um disparo descendente, da esquerda para direita, entrou e saiu. Ou seja, o atirador estava posicionado a esquerda e próximo ao caminhoneiro. Os policiais estavam numa situação de perpendicularidade, num ângulo de linha reta, então tecnicamente, por mais que você abra um ângulo de 30 ou 60 graus, é impossível o tiro ser ascendente. O caminhoneiro estava sentado e traçando uma linha reta entre o orifício de entrada e a posição dos policiais, é impossível o tiro ter saído de alguma arma de algum dos policiais", disse o advogado à TV Antena 10.
Otoniel também afirmou que há uma tentativa de "campanha difamatória" contra os policiais, liderada por familiares da vítima.
"O que está sendo é uma campanha difamatória, principalmente a família, em busca da justiça. Muito mal orientada a família está. Ao invés de contribuir fornecendo as imagens, a família forneceu fragmento das imagens. Nós sabemos que existe uma imagem completa de toda a cena do crime. A família só entregou fragmentos que foram editados. Entregaram pedaços dessas imagens que colocam os policiais como se fossem autores do disparo. A família acusou os policiais de inclusive estarem intimidando as testemunhas. Passaram mais de 40 dias presos e quando foi comprovado que não houve intimidação agora a família se coloca numa posição de ser processada por dano moral por uma notícia caluniosa. A família vem insistindo em apontar os policiais como autores do disparo", afirmou.
Uma das suspeitas levantadas ao decorrer do caso é a de que um dos policiais estaria portando uma outra arma, além da arma cedida pela PM-PI . O advogado refutou essa possibilidade.
"Os policiais devem ser respeitados, a pessoa que propaga uma mentira dessa, dizendo que os policiais estavam como uma "vela" [arma de fogo], além de ser inverídica é infame e desrespeita a instituição. Ninguém prova que existia essa arma", declarou à TV Antena 10.
Ainda segundo Otoniel, o período de prisão dos policiais afetou gravemente a saúde dos envolvidos, causado até infartos.
Otoniel indicou ainda que, com base na reconstituição e nas imagens, outros envolvidos na ocorrência podem ser os verdadeiros autores do disparo, citando o motociclista e o carona que participavam da cena.
"A reconstituição foi feita com base nas imagens e no que os policiais disseram e corresponde exatamente. A gente precisa saber onde está a imagem completa e como é que um policial que está de frente para a vitima, e entre ele e a vitima tem um caminhão, acerta um disparo lateralizado. O que a família não quer aceitar é que existe uma outra pessoa envolvida e que esse disparo não saiu da arma dos policiais. Até porque o calibre usado pela policia é uma munição diferente. Temos que trabalhar com as questões técnicas; não posso trabalhar com a emoção da família que quer buscar um culpado; só que para a família é muito mais fácil culpar os policiais do que ajudar com as investigações e entregar as imagens completas", concluiu.
A Polícia Civil ainda não divulgou um laudo conclusivo sobre o resultado da reconstituição. O caso segue sob investigação.
Entenda o caso
Francisco realizava o terceiro frete do dia no bairro Lourival Parente, em Teresina. Ao chegar no local indicado, acabou sendo baleado por uma equipe da Polícia Militar do Piauí, que perseguia dois homens suspeitos na região.
Segundo relatos da família, dois disparos foram feitos durante a perseguição: um atingiu um homem na perna e o outro acertou Francisco na região abdominal. A bala atravessou seu corpo e saiu pela lateral. Imagens registradas por câmeras de segurança e divulgadas pela TV Antena 10 mostram o momento em que Francisco estava parado na calçada antes de ser atingido pelo disparo.
Os sargentos Valdir Vieira da Costa, Carlos Alberto Vieira Carvalho e o subtenente Clenilson Vieira de Oliveira chegaram a ser presos em dezembro do ano passado, mas foram soltos em janeiro após determinação judicial, com aplicação de medidas cautelares.
Desde o ocorrido, a família da vítima segue em busca de justiça e cobrando esclarecimentos sobre a conduta dos policiais e a responsabilidade pela morte de Francisco Pereira da Silva Neto.
Fonte: Portal A10+