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Você acredita que a chantagem e as bravatas do presidente Trump tem algum efeito contra o processo de Bolsonaro no STF?

Enquanto tenta salvar seu espelho político no Brasil, Trump mira o Pix, protege bilionárias big techs e coleciona derrotas mundo afora


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Por mais barulho que Donald Trump tente fazer a partir de seus palanques inflamados nos EUA, sua retórica já não ecoa com a mesma força nem dentro de casa — e muito menos no Brasil. A mais recente ofensiva veio acompanhada de ameaças econômicas (tarifas de 50% às exportações brasileiras) e até insinuações de represália caso Jair Bolsonaro (PL) seja condenado. Um blefe que revela, mais do que afinidade ideológica, a tentativa de proteger interesses de grandes corporações americanas e salvar um aliado que já não consegue se manter de pé sozinho.

Trump não fala apenas em nome da política — ele fala como empresário, dono de plataformas digitais e defensor de monopólios privados. Nos bastidores da diplomacia, cresce a percepção de que ele tenta também minar o sistema financeiro brasileiro, pressionando autoridades locais e criticando medidas como o Pix, que revolucionou os pagamentos no país e incomodou profundamente empresas de cartões de crédito como Visa e Mastercard — gigantes americanas que perderam bilhões com a popularização do sistema gratuito e acessível criado pelo Banco Central. A retórica de Donald, nesse contexto, não é só ideológica. É comercial.

  
Presidente dos Estados Unidos da AMerica, Donald Trump  Daniel Torok/ Official White House Photo
 

Ao atacar o STF, sugerindo que as ações contra Bolsonaro configuram perseguição política, Trump tenta, na prática, blindar um aliado — mas também garantir que a direita latino-americana siga orbitando seu eixo. Não é à toa que defende, em seus discursos, a liberdade de expressão como direito absoluto, mesmo quando isso significa disseminar mentiras, desinformação e ataques à democracia. Ele mesmo, fundador da rede Truth Social, tem lucrado com esse modelo: um ecossistema digital onde a verdade é secundária e o engajamento vale mais que a integridade porque é movida a dinheiro.

Na noite desta quinta-feira (17) o Presidente Lula falou à nação com um discurso forte contra as ameaças trumpistas e em defesa da soberania do Brasil, afirmando que o país é vítima de uma “chantagem inaceitável”.

 “Vamos utilizar todas as palavras do dicionário tentando negociar. Se não der na negociação, a gente vai recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC), ou podemos recorrer sozinho, ou juntar um grupo de países e recorrer, ou poderemos utilizar a Lei da Reciprocidade que foi aprovada pelo Congresso Brasileiro. Contamos com um Poder Judiciário independente. No Brasil, respeitamos o devido processo legal, os princípios da presunção da inocência, do contraditório e da ampla defesa. Minha indignação é ainda maior por saber que esse ataque ao Brasil tem o apoio de alguns políticos brasileiros. São verdadeiros traidores da pátria. Apostam no quanto pior, melhor. Não se importam com a economia do país e os danos causados ao nosso povo. O Pix é do Brasil. Não aceitaremos ataques ao Pix, que é um patrimônio do nosso povo. Temos um dos sistemas de pagamento mais avançados do mundo, e vamos protegê-lo”, afirmou. 

Uma chantagem repetida — e fracassada

Trump já tentou a mesma fórmula em outros lugares, mas o roteiro não tem funcionado e com isso prejudicado aliados em outros países. No Canadá, por exemplo, ele ajudou a eleger o primeiro-ministro Mark Carney (Partido Liberal/centro-esquerda), adversário de Pierre Poilievre, aliado do Presidente americano e que estava à frente das pesquisas até Donald abrir a boca, levando à derrota do Partido Conservador. Tentou peitar a China com seus “tarifaços”, mas acabou recuando após resposta contundente do Presidente Xi Jinping.

No Brasil, a situação não é diferente. Segundo pesquisa AtlasIntel divulgada em julho, 62,2% dos brasileiros consideram as tarifas injustificadas e, para 36,9% as digitais da família Bolsonaro estão na chantagem americana contra o Brasil. Paralelo a isso, 60,2% dos pesquisados aprovam a política externa do Presidente Lula que, em novembro de 2023 era de 49,6%. Já a aprovação do Governo mostrou recuperação, subindo de 47,3% para 49,9%, apesar da reprovação chegar a 50,3%. Como se vê, a defesa de Trump tem, portanto, efeito contrário: reforça a percepção de Bolsonaro como figura internacionalmente tóxica e isola ainda mais o ex-presidente no cenário doméstico.

Big Techs, fake news e lucro

Outro ponto pouco discutido, mas central nas motivações de Trump, é seu alinhamento com big techs e plataformas digitais bilionárias — inclusive as que, como ele, exploram o lucro da desinformação. Ao confundir liberdade de expressão com permissão irrestrita para espalhar fake news, Trump defende o modelo que o beneficia diretamente: conteúdos virais, alarmistas, mentirosos e que mobilizam seus seguidores pelo medo e pelo ódio.

No Brasil, esse discurso já teve impacto concreto. Grupos bolsonaristas utilizaram essas mesmas redes para articular os atos golpistas de 8 de janeiro, promovendo teorias conspiratórias e ataques às instituições. Hoje, tanto o STF quanto o TSE tentam conter a influência desse ecossistema de desinformação — e é justamente aí que os interesses de Trump e Bolsonaro se cruzam novamente. Um precisa do outro para continuar lucrando e sobrevivendo politicamente.

Enquanto esse artigo era escrito, uma decisão do STF determinou à Polícia Federal cumprimento de mandado de medidas cautelares contra o ex-Presidente Jair Bolsonaro, entre elas, o uso de tornozeleira eletrônica. Uma clara demonstração de que Trump pode até mandar nos Estados Unidos, mas no Brasil as instituições não devem se render às suas chantagens.  

Fonte: Portal A10+


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Sobre a coluna

Wesslley Sales

Wesslley Sales

Jornalista, Especialista em Marketing Político, Mídias Sociais e Comunicação Produtor, Apresentador e Repórter na TV Antena10 Radialista e Redator

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