Buriticupu no Maranhão poderá desaparecer do mapa devido às crateras provocadas por intensas chuvas? - É Fato ou Fake, COAR?
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Buriticupu no Maranhão poderá desaparecer do mapa devido às crateras provocadas por intensas chuvas?

Chuvas geraram abismos de até 70 metros no município maranhense


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As fortes chuvas que caem em todo o Maranhão já fizeram 49 municípios decretarem situação de emergência, segundo Corpo de Bombeiros Militar do Maranhão (CBMMA) e o governador Carlos Brandão. Diante das chuvas intensas no estado, um vídeo no TikTok com mais de 500 mil visualizações (18,6 mil curtidas) afirma que “Buriticupu pode desaparecer do mapa por contas de crateras crescendo no município”. Diante desse conteúdo, a COAR iniciou o processo de verificar se haveria possibilidade de isso acontecer ou não, já que o vídeo promove terror, insegurança e medo na população maranhense. Vídeos no Youtube também mencionam que a cidade poderá desaparecer diante das crateras formadas.

  

Buriticupu no Maranhão poderá desaparecer do mapa devido às crateras provocadas por intensas chuvas?
Marinho Drones

   

“Voçoroca é o processo erosivo semi‑superficial de massa, face ao fenômeno global da erosão superficial e ao desmonte de maciços de solo dos taludes, ao longo dos fundos de vale ou de sulcos realizados no terreno” (Mendes, 1984).

A COAR entrou em contato com o geógrafo e educador ambiental, Jairo Galvão, que informa que essa manchete é sensacionalista e que o processo de erosão na cidade foi provocado pelo desmatamento e uso irregular do solo. 

“Então com muitas chuvas e sem árvore para segurar o solo vai abrindo umas crateras, que na geologia chamamos de voçorosa. Inclusive todas essas áreas onde estão aparecendo crateras podem ser recuperadas com o processo de contenção do sedimentos com barragens e reflorestamento dessas áreas, que poderão impedir esse sedimento descer ladeira abaixo. Mas o caso lá é de mal uso, um exemplo clássico do que não deve ser feito, de desmatamento de encosta de morros”, disse Galvão.

A COAR também consultou o professor, mestre em Geografia pela Universidade Estadual do Piauí (UESPI) e climatologista, Werton Costa, que explicou que o sítio urbano (localidade que se desenvolveu com as construções erguidas e ruas abertas com pavimentação) está em uma área assentada bastante acidentada.

“Como toda ocupação humana não ocorre sem dano zero ao meio ambiente, o sítio urbano gerou uma pressão muito grande nesse meio com o desmatamento, lixo, a estrutura de esgoto promovendo erosão associada às fortes chuvas. Desaparecer o município não vai, mas a área de declives da encosta que perdeu boa parte da sua cobertura vegetal, que desmoronou e deslizou, essa área pode comprometer muitos imóveis na cidade, com a intensificação das chuvas e se nada for feito. Então ali tem que entrar em ação os profissionais da engenharia para fazer as correções devidas estruturas para impedir que essas fendas e erosões avancem”, esclareceu o professor.

 

Enormes abismos se formaram por causa das chuvas, em Buriticupu
Reprodução/Marinho Drones

   

Diante das falas dos especialistas, a COAR também conversou com Joelson Caco P. Graca, doutorando em geologia ambiental e supervisor de Emergências Ambientais/Coordenador da Sala de Situação da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais através da Sala de Situação, que nos informou por meio de nota, que os vídeos circulando nas redes sociais são sensacionalistas e garante que a cidade não irá desaparecer. Além disso, Graça enfatiza que Buriticupu é um dos municípios monitorados pela SEMA/Sala de Situação, através de estações pluviométricas do CEMADEN – Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, e INMET – Instituto Nacional de Meteorologias, instaladas no município.

“Essa situação geográfica associado a ocupação desordenada do solo, sobretudo em direção as bordas das vertentes, e ao solo friável, cuja base é majoritariamente de silte e areia fina, resultam em processos erosivos naturais, quer seja pela drenagem pluvial, sobretudo com escoamento superficial canalizado pela impermeabilização urbana, ou pela retirada da cobertura vegetal. Esse fatores resultam em sulcos que evoluem para ravinas, chegando até ao estágio mais avançado de voçorocas (atual). Os dados pluviométricos registrados na sede municipal, evidenciam que de 01/01/2023 a 26/03/2023 choveu 818,8 mm, estando esse volume acima da média histórica que é de 791 mm. Além do maior volume de chuvas neste ano, destaca-se que o processo erosivo é cumulativo. Do ponto de vista ambiental, o processo erosivo pode ser controlado e até mitigado, garantindo segurança para a sociedade. Contudo, as obras para essa finalidade como estruturas cinza e verde, devem ser realizadas por órgãos da esfera estadual e federal que possuem competência para esse tipo de atividade”, relata Joelson Caco P. Graca.

Além disso, a COAR também falou com o sargento Vitor da Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil do Maranhão que informou que várias autoridades estão reunidas para reverter a situação no município, inclusive os engenheiros da Defesa Nacional estão no local para analisar o que vem ocorrendo ali.


Fonte: Coar - A10+


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