Acordo Mercosul-Efta pode reduzir dependência do Brasil em relação aos EUA e diminuir preços - Economia
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Acordo Mercosul-Efta pode reduzir dependência do Brasil em relação aos EUA e diminuir preços

Assinado na última terça-feira, tratado vai criar zona de livre comércio com quase 300 milhões de pessoas


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Em meio a tensão com os Estados Unidos, o Brasil, por meio do Mercosul, assinou um acordo de livre comércio com países integrantes do EFTA — bloco formado pela Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça. Para especialistas ouvidos pelo R7, a parceria pode reduzir a dependência do Brasil em relação aos EUA, além de gerar um impacto moderado, mas positivo, nas mercadorias importadas vendidas no Brasil.

O acordo, assinado na última terça-feira (16), cria uma zona de livre comércio com quase 300 milhões de pessoas e um PIB agregado de mais de US$ 4,3 trilhões. Segundo o governo, ambas as partes vão se beneficiar com o acesso a um mercado ampliado para mais de 97% das suas exportações, o que elevará o comércio bilateral.

  
Dinheiro Agência Brasil
 
 
 

Além disso, é esperado que o tratado eleve o número de pequenas e médias empresas atuantes em cada jurisdição, além de promover maior previsibilidade e segurança jurídica no comércio entre as partes.

Para o especialista em comércio exterior Jackson Campos, no caso do Brasil, a parceria com esses países pode abrir espaço para maior acesso a mercados de alto poder aquisitivo, especialmente Suíça e Noruega.

“Os principais benefícios para o Brasil são a ampliação do acesso a mercados ricos, a redução do custo de insumos industriais, novas cotas e preferências para o agronegócio, oportunidades em serviços e compras governamentais, além do reforço da imagem de confiabilidade internacional e de compromisso com regras modernas de comércio e sustentabilidade”, explica.

Já o especialista em gestão de risco e governança corporativa Rodrigo Provazzi destaca a possibilidade de aumentar a competitividade dos produtos brasileiros com a redução de tarifas de importação a itens industriais e pesqueiros.

No entanto, ele alerta para a necessidade de empresários do Brasil se adaptarem às especificidades dos novos mercados.

“As empresas brasileiras precisarão se adequar a padrões técnicos e regulatórios rigorosos, especialmente em qualidade, sustentabilidade e rastreabilidade, além de fortalecer controles internos para atender normas ambientais, trabalhistas e de governança exigidas pelo bloco europeu”, ressalta.

Provazzi também chama a atenção para os desafios enfrentados pelo Brasil em relação à infraestrutura. “O acesso a alguns mercados será limitado por quotas, o que pode restringir o potencial de crescimento das exportações de determinados produtos. Também há desafios logísticos e de infraestrutura, que precisarão ser superados para que o Brasil aproveite plenamente as oportunidades do acordo”, alerta.

O especialista comenta, ainda, sobre os impactos positivos no PIB brasileiro e a facilitação do comércio de serviços, especialmente digitais, favorecendo setores que utilizam matriz energética limpa. Além disso, é possível que o acordo estimule a inovação, a integração produtiva e a geração de empregos, além de promover avanços em sustentabilidade e alinhamento com acordos ambientais internacionais.

Embate com os EUA

Com a crise entre Brasil e Estados Unidos, a balança comercial brasileira registrou uma queda de 18,5% nas exportações para os EUA. A tensão e a insegurança causadas às empresas brasileiras expõem a necessidade da diversificação de mercados.

Isso é o que explica a especialista em comércio internacional Ana Beatriz Zanuni. Ela afirma que um dos movimentos fundamentais para reduzir a dependência de países como Estados Unidos, por exemplo, é a redução gradual de tarifas, visto que 99% das exportações brasileiras para o bloco europeu receberão isenção de tarifa já no primeiro ano após a entrada em vigor do acordo.

“Essa movimentação é fundamental para reduzir a dependência de parceiros tradicionais, como é o caso dos Estados Unidos, evitando impactos críticos à indústria nacional e a exportadores brasileiros em caso de novas elevações tarifárias ou outras restrições de mercados internacionais”, observa.

Para Campos, além da diversificação, a parceria é importante para mostrar que o Brasil é capaz de estabelecer novos acordos.

“Em meio a uma crise com os Estados Unidos, esse acordo é importante porque diversifica mercados e reduz a dependência do Brasil em relação a quantidade de parceiros e mostra ao mundo que podemos estabelecer novos acordos. Além disso, sinaliza que o país está aberto ao comércio internacional e disposto a se alinhar a padrões de sustentabilidade e inovação valorizados na Europa, fortalecendo sua imagem no cenário global”, salienta.

Agronegócio

Com o tarifaço do presidente norte-americano, Donald Trump, o Brasil vem sofrendo uma onda de incertezas na economia e no comércio exterior, principalmente no agronegócio. Apesar disso, a conclusão do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a EFTA pode ampliar as oportunidades de exportação brasileira.

Segundo a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), o acordo oferece uma “oportunidade estratégica para o setor agropecuário brasileiro, especialmente para os produtos de maior valor agregado”.

Apesar de serem limitadas as chances de o governo brasileiro de conseguir substituir o mercado americano de forma equivalente, parcerias com outras nações seriam uma forma de compensar a tarifa imposta pelo governo Trump.

Com a assinatura do acordo com a EFTA, a expectativa é de que alimentos como café, frutas tropicais, vinhos, queijos, carnes premium (carne bovina de raças especiais e cortes nobres de frango e suíno) e produtos sustentáveis e orgânicos sejam beneficiados.

O acordo Mercosul-EFTA prevê retirar as tarifas para 95% dos produtos agrícolas brasileiros e cotas preferenciais à carne bovina, por exemplo.

“Com a eliminação de tarifas e cotas especificas, o acordo prevê incremento de US$ 1,8 bilhão ao ano nas exportações agropecuárias e geração de 18 mil empregos”, informa a confederação.

Perguntas e respostas

Qual é o objetivo do acordo entre o Mercosul e o EFTA?

O acordo de livre comércio entre o Mercosul e o EFTA visa criar uma zona de livre comércio que beneficiará as oportunidades brasileiras em diversos setores, ampliando o acesso a mercados e elevando o comércio bilateral.

Quais países fazem parte do EFTA?

O EFTA é formado por Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça.

Qual é o impacto esperado para os consumidores brasileiros com esse acordo?

Especialistas acreditam que os consumidores devem sofrer um impacto moderado, mas positivo, com as mercadorias vendidas no Brasil, devido ao aumento do comércio e à redução de tarifas.

Fonte: R7


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