Laudo de exumação em corpo de músico comprova morte por politraumatismo e descarta tiro em Teresina - Geral
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Laudo de exumação em corpo de músico comprova morte por politraumatismo e descarta tiro em Teresina

O documento destaca que o exame cadavérico não demonstra vestígios de lesões decorrentes de projetil


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O laudo da exumação no corpo do músico Carlos Henrique, em Teresina, descartou a causa da morte em decorrência de disparo de uma arma de fogo. O laudo, o qual o A10+ obteve acesso nessa quarta-feira (19), apontou que a vítima teria sofrido um politraumatismo provocado pelo acidente.

O documento destaca que o exame cadavérico não demonstra vestígios de lesões decorrentes de projétil por arma de fogo. No caso, foram verificadas uma série de lesões cerebrais, torácicas, abdominais e no pé direito, provocados pelo acidente. O diretor-geral do Instituto de Medicina Legal (IML), Antônio Nunes, deu detalhes do processo em entrevista à TV Antena 10 e ao A10+.

  

Laudo de exumação em corpo de músico comprova morte por politraumatismo e descarta tiro em Teresina
TV Antena 10/A10+

   

"O que chamou a atenção que levou a essa exumação foi a alegação de testemunhos conflituosos de que haveria uma dúvida se aqueles ferimentos da cabeça teriam penetrado o crânio ou não, isso seria por projétil de arma de fogo. Foi feita a exumação do cadáver, conforme a determinação do juiz, no laudo tem foto de fora e de dentro do crânio, não há nenhum buraco naquele local. Aquilo foi lesão batendo nas partes, tanto do carro como de chão. Então assim, não há ferimento por projétil de arma de fogo", destacou.

Nunes enfatizou que não havia dúvidas sobre o laudo, que já havia descartado a hipótese de tiro na vítima. "A perícia não teve dúvida nenhuma e a gente não teve nenhum erro nesse caso. Nós fizemos tudo como era para ser feito e agora foi corroborado o que a gente já tinha dito. Como sempre, a perícia piauiense fazendo o seu dever de casa de forma correta e com a instituição séria que é", disse.

O exame ocorreu mais de um ano depois do caso. O corpo se encontrava em avançado estado de decomposição, sendo recolhidos material biológico de parte da calota craniana e do pé direito, que estão armazenados em sacos custodiados no Instituto de Medicina Legal (IML).

"O juiz verá quais são as próximas providências que ele toma a seu critério, que são aquelas que a lei prevê: seguir o processo ou o arquivamento, enfim", concluiu o diretor.

Para família, músico Carlos Henrique foi morto com tiro efetuado pela polícia 

exumação do corpo do músico baixista Carlos Henrique, que morreu em um acidente trânsito em maio de 2024, na zona Leste de Teresina, foi realizada em 17 de outubro. Foi feito um novo exame cadavérico, a pedido da família, para apurar se o jovem morreu após o acidente ou por disparo de arma de fogo. Durante entrevista, o advogado Lucas Ribeiro reafirmou que o objetivo da exumação seria dar uma resposta certa à família, que ainda não tinha uma confirmação do que ocasionou o óbito do músico. Ele, no entanto, disse que há provas de que o jovem foi morto a tiros.

"Essa investigação está sendo feita e aberta através de um enquadro policial militar para apurar a conduta de dois militares que estavam envolvidos naquele incidente. Então, a gente acredita e tem convicção de que a morte se deu por disparo de arma de fogo. Há uma perfuração na cabeça do músico Carlos Henrique que muito se assemelha a de um disparo de arma de fogo. Há também testemunhas dentro da investigação que relatam que ele desceu do carro, correu e que no momento que ele estava correndo é que ele foi atingido por um disparo de arma de fogo e que isso o levou a óbito. Há também um relatório do SAMU, ao entregar ele no HUT, destacando também que ele havia sido morto por disparo de arma de fogo", detalhou o advogado.

Questionado, o advogado disse que em caso de confirmação, não há dúvidas de que o disparo tenha partido de militares, uma vez que não foi constatado que os outros envolvidos na ação estavam em posse de arma de fogo. "A gente não tem dúvidas que o disparo foi da Polícia Militar. Os suspeitos, o casal que estava sendo perseguido, eles não estavam armados. O disparo ocorreu pela Polícia Militar. Pelo menos até agora, os relatos que a gente tem é nesse sentido", disse.

  

Família e advogado acompanhando exumação do corpo
Chico Filho / TV Antena 10

   

Por fim, disse que a família recebeu apenas recortes de câmeras de segurança e que em um deles é possível ver algo, de fato, sendo arremessado do veículo, mas que acreditam que não era o corpo do músico. "A gente recebeu cortes de vários vídeos. A polícia não entregou pra gente um vídeo que destacasse especificamente mostrando um corpo saltando do carro. Eu, particularmente, vi um vídeo em que aparece, no momento da batida, algo sendo arremessado. Muito pequeno e que eu acredito que não seja o corpo do Carlos Henrique. Inclusive, ele foi encontrado em direção oposta. Então, o corpo dele foi encontrado na farmácia após a morte. E aquele objeto que está sendo arremessado no carro, ele foi arremessado para o sentido contrário. Então, a gente descartou essa hipótese por conta disso", finalizou.

"A gente só quer a verdade"

Entre emoção e lágrimas, a mãe disse que não é possível trazer o filho de volta, mas que precisa saber da verdade e esse é o único desejo da família. "A gente só quer saber a verdade, só a verdade! Já foi tão dolorido a gente vir aqui (cemitério), para deixar ele aqui e agora voltar de novo para desenterrar. O desejo do meu coração era levar meu filho de volta pra casa, porque naquela noite eu esperava meu filho voltar, como todas as noites ele voltava pra casa. Ele não voltou, ele só deixou muita saudade", lamentou. 

Durante a entrevista, ela chegou a afirmar que hoje faz tratamento psicológico, principalmente por não ter tido apoio após o caso, e que precisa de remédios para "sobreviver" à dor.

O que diz a Polícia Militar

Em entrevista à imprensa, o Tenente-Coronel Mendes Junior, presidente do inquérito militar, e representante da PM no caso, sustentou a hipótese de morte pelo acidente, mas explicou quais procedimentos solicitou à perícia para que haja certeza de que não há culpa por parte de militares. Segundo ele, existia apenas 3% de chance de ter sido um disparo de arma de fogo da PM.

  

Músico Carlos Henrique morreu na zona Leste de Teresina
Reprodução

   

"Então eu solicitei a perícia e fiz as perguntas bem mais complexas. Não sei se a Polícia Civil acredita que tenha equipamento que possa averiguar isso daí. Dentro desse orifício eu perguntei se existem traços de nitrocelulose, traços de zinco, cobre. Eu estudei que tipo de fabricação é feita o projétil no Brasil e outros elementos que compõem a capa do projétil da ponto 40 para ver se existe um nexo entre o projeto e o orifício. Ou seja, se existem elementos que geralmente são feitos no espectrograma. Então, para tirar esses 3% de chance de ser os policiais, vai ser feita essa exumação para verificar se existem elementos como zinco, cobre e nitro base de nitrocelulose. E fiz a pergunta se o orifício possui só causaria morte choque neurogênico, neuroestático ou neurológico. Também fiz essa pergunta que vai ser respondida", explicou.

A reviravolta no caso

O caso do músico Carlos Henrique sofreu uma reviravolta após um laudo do Instituto de Medicina Legal (IML) apontar que no corpo da vítima não foi encontrado projéteis de arma de fogo. O músico faleceu em decorrência dos ferimentos provocados após uma forte colisão no veículo onde ele estava. A primeira versão apontava que a vítima teria sido atingida por uma bala perdida na cabeça, mas a TV Antena 10 e o A10+ apuraram que, diferentemente do que foi repassado por testemunhas, a perícia não encontrou perfurações de tiro no corpo do músico e nem marcas nos veículos envolvidos no acidente. 

O A10+ apurou que Carlos Henrique teve o pé cortado, baço e fígado machucados, além de costelas quebradas e a cabeça com um corte profundo o que teria, inicialmente, provocado o boato de que ele havia sido baleado. A suspeita é que o ferimento ocorreu após a colisão dos veículos. A família da vítima está consternada com o caso.

Fonte: Portal A10+


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