"É muito doloroso", declara esposa de quilombola que sofreu racismo no Piauí - Geral
DENÚNCIA

"É muito doloroso", declara esposa de quilombola que sofreu racismo no Piauí

A vítima teve que percorrer quase 200 km para registrar boletim de ocorrência sobre o caso


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Um morador da comunidade Mimbó, localizada em Amarante, Françoar da Paixão, de 40 anos, foi vítima de racismo em um bar no povoado, enquanto se reunia com a esposa, a sogra e alguns conhecidos. Bastante abalado, a vítima ainda não consegue comentar o assunto, mas a esposa relatou ao A10+ que ele foi chamado de "nego preto" por se recusar a tomar uma cerveja.

O A10+ teve acesso ao boletim de ocorrência e nele consta que o casal, a sogra de Françoar, um primo e o acusado e alguns parentes dele estavam em uma mesa no bar. O episódio teria acontecido quando a vítima se recusou a tomar uma cerveja que o acusado teria colocado próximo ao nariz.

  

"É muito doloroso", declara esposa de morador do Mimbó que sofreu racismo
Arquivo pessoal

  

"Quando o declarante chegou na mesa, os demais estavam com sintomas de embriaguez e por isso o primo confundiu a cerveja que estava tomando e pegou a de Françoar, que alertou que não estava bebendo Brahma e sim Glacial, neste momento Sebastião [acusado] pegou a garrafa e aproximou do nariz, por questões de higiene, o declarante disse que ele não deveria ter colocado a cerveja próximo ao nariz e acrescentou que não queria mais aquela cerveja", diz trecho.

Após isso, Françoar saiu da mesa e foi pegar uma nova cerveja, foi nesse momento que o acusado começou a falar frases racistas sobre a vítima para Tatiana, sem saber que era a esposa de Fraçoar. 

"Sebastião começou a falar 'Esse nego tá me tirando? Vai tomar no c*´', Sebastião chegou a jogar a garrafa de cerveja no chão…. Ele continuou repetindo 'esse nego preto tá me tirando? Vai tomar no c*, quem toma Glacial é o pior miserável do mundo", consta no B.O

O boletim de ocorrência só foi registrado nesta segunda-feira (05), por não conseguirem atendimento na delegacia de Água Branca ontem. O casal percorreu quase 200 km para registrar o B.O. na Central de Flagrantes em Teresina. 

Ao A10+, Tatiana contou que espera que o caso seja resolvido e que o marido está bastante abalado com a situação, tanto que não quer relembrar o episódio de racismo.

"A gente espera que esse caso seja resolvido o mais rápido possível, porque o emocional dele está abalado, tanto que ele me pede para responder por ele quando as pessoas chegam para falar sobre o assunto, porque ele não gosta de ficar lembrando e é algo que dói bastante nele. A gente não quer que isso passe despercebido, pois é muito doloroso", declarou a esposa da vítima.

Ela também afirmou que não imaginava que passaria por isso e que só tinha visto casos assim pela televisão, mas para ela o mais doloroso foi as pessoas que estavam com eles não se manifestaram.

"Eu via muitos casos assim na televisão, mas realmente eu nunca tinha visto. É uma dor que a gente mesmo não sabe nem explicar no momento, eu mesmo fiquei parada no tempo, fiquei sem noção na hora que eu vi tanta barbaridade que esse rapaz falando com meu marido . O que mais me doeu mais foi a família da esposa desse rapaz todos ficaram calados e todos são da minha cor e ainda tem deles que falam por esse racista", finalizou.

Entenda 

Praticar discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional é considerado crime com pena de reclusão de um a três anos e multa.

Fonte: Portal A10+


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