Em depoimento, padrasto tenta atribuir crimes a uma das vítimas de envenenamento no Piauí - Polícia
ENVENENAMENTO COLETIVO

Em depoimento, padrasto tenta atribuir crimes a uma das vítimas de envenenamento no Piauí

Francisco de Assis cita que sempre desconfiou da vizinha que, segundo a polícia, tinha um relacionamento com Maria dos Aflitos


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Atualizada às 19h27

O pedreiro Francisco de Assis Pereira da Costa, acusado junto com a esposa, Maria dos Aflitos, pelo envenenamento que matou oito pessoas em Parnaíba, litoral do Piauí, prestou depoimento nesta sexta-feira (05) durante a audiência de instrução e julgamento. Em seu relato, ele negou envolvimento no crime e atribuiu a responsabilidade pelas mortes à vizinha Jocilene da Silva, que, segundo a polícia, tinha um relacionamento amoroso com a Maria dos Aflitos. A justiça manteve a prisão preventiva do casal. 


Ao relembrar as primeiras mortes, dos irmãos João Miguel e Ulisses, Francisco disse que tinha um forte vínculo afetivo com as crianças, chegando a apresentar João Miguel como filho dele. “Esse menino era muito querido por mim, levava ele na casa da minha mãe, dava comida na boca dele, deitava com ele. (…) Sofri muito com a morte dele”, declarou. 

  

Padrasto, réu em caso da família envenenada em Parnaíba aponta vizinha como responsável do crime
Reprodução

   

O réu alegou que, embora inicialmente a família acreditasse na suspeita de envenenamento por caju, sempre desconfiou da vizinha: “Eu suspeito todo o tempo é dessa Jocilene. (…) Até esse momento só era um [doente]. Fomos para o hospital, demorou um pouco, chegou o outro. (…) No final quem falou dos cajus foi a filha dela”.


Sobre o episódio de 1º de janeiro de 2025, Francisco descreveu a preparação para a confraternização de Ano Novo e afirmou que não percebeu nada de estranho até o momento em que os familiares começaram a passar mal. Segundo ele, a vizinha Jocilene esteve na casa e teve acesso à cozinha, junto com Maria dos Aflitos. 

  

Maria dos Aflitos Divulgação

   

“Ela entrou em casa e a Maria acompanhou ela. Elas compraram um vidro de champanhe e lá dentro ficaram. (…) Depois, perguntei o que a gente ia comer, a Maria disse que era o resto de ontem”, contou.


O réu disse que evitou consumir parte da comida, que estava contaminada, por não conseguir mastigar: “O que mais eu evitei de comer foi a manjuba, porque eu não tenho dente”. Cerca de 20 minutos após a refeição, Manoel Leandro, de 18 anos, foi o primeiro a passar mal. “Nisso a gente começou a dar atenção para ele, ele piorando. Fui chamar a Joyce para chamar o Samu”, relatou.

Questionado sobre quem acreditava ser o autor do crime, Francisco foi categórico: “Só vai na minha mente essa Joyce Lima”.

Relacionamento de Maria dos Aflitos e Jocilene

Durante a audiência, o réu comentou ainda sobre a informação de que sua esposa mantinha um relacionamento com Jocilene. Ele afirmou que não se incomodava: “As pessoas comentavam comigo, mas eu não me importava. Se era realmente o que ela queria, bastava ela me dizer (…) que eu caía fora”.


Apesar de afirmar que mantinha boa convivência, Francisco foi questionado sobre declarações anteriores sobre a família da vítima. A investigação apontou que o réu tinha ódio dos enteados. Confrontado, ele admitiu críticas duras aos familiares que moravam com ele, mas negou que nutria ódio pelos familiares: “Era como se fosse um pessoal indígena, preguiçoso. Tudo podre”.

Ele também negou que teria insistido em servir o arroz do dia anterior e ter negado comida às crianças, alegando que ajudava financeiramente a família.

Pesquisa na internet 

O Ministério Público questionou ainda a respeito de uma pesquisa encontrada no celular do réu sobre “carvão ativado”, substância usada em casos de intoxicação. Francisco respondeu que não foi ele quem fez a busca: “Foi o meu irmão que me deu a sugestão. (…) Minha mãe falou para ele que eu tinha dado entrada no hospital e tinha tido esse envenenamento lá em casa”, justificou. 

Saiba quem são as vítimas:

  • João Miguel Silva (7 anos, filho de Francisca e neta de Maria dos Aflitos),
  • Ulisses Gabriel Silva (8 anos, filho de Francisca e neta de Maria dos Aflitos),
  • Manoel da Silva (18 anos, enteado de Francisco, irmão de Francisca e filho de Maria dos Aflitos),
  • Igno Davi da Silva (1 ano e 8 meses, filho de Francisca e neto de Maria dos Aflitos),
  • Maria Lauane (3 anos, filha de Francisca e Neta de Maria dos Aflitos)
  • Francisca Maria (32 anos, enteada de Francisco, irmã de Manoel e filha de Maria dos Aflitos).
  • Maria Gabriela (4 anos, filha de Francisca e neta de Maria dos Aflitos) e
  • Maria Jocilene (vizinha da família e mantinha um relacionamento com Maria dos Aflitos)

  

Vítimas do envenenamento
Reprodução

   

Matriarca e padrasto agiram juntos em caso de envenenamento da própria família em Parnaíba, Piauí

O caso de homicídios em série por envenenamento de membros de uma mesma família, em Parnaíba, no litoral do Piauí, chocou todo o Brasil. Foram oito mortes, em cinco meses, que segundo as investigações, premeditadas por duas pessoas: a matriarca e o padrasto das vítimas, que encontram-se presos. As informações são do delegado Abimael Silva em entrevista ao Domingo Espetacular, da RECORD.  

No processo repleto de nuances e reviravoltas, um novo fato se destacou:  a morte de Maria Jocilene da Silva, 41 anos, que mantinha um relacionamento extraconjugal com dona Maria dos Aflitos. Segundo o delegado Abimael Silva, a idosa relatou em interrogatório que tinha a intenção de que a culpa sobre todos os casos fosse direcionada para a última vítima, o que livraria Francisco de Assis da prisão.


“Maria dos Aflitos tinha a intenção de envenenar a Maria Jocilene, mas ela não queria que ela morresse em casa. Houve uma atraso na ida dela para casa. Ela foi envenenada numa taça de vidro onde foi entregue o café. Já temos o laudo pericial. Ela tomou o veneno sem saber e ia para o trabalho, mas quando ela foi pegar o mototaxista, ele disse que atrasaria meia hora, então ela voltou para a casa da dona Maria dos Aflitos, e começou a passar mal. Nesse momento, ela pediu para os filhos para pegar a chaves da casa da dona Jocilene e guardar. Só que eles não esperavam que a polícia iria chegar tão rápido no local. Isso permitiu que coletássemos todas as informações e as evidências”, detalhou o delegado.

Nesse caso, segundo o delegado, diferente dos outros, apesar do mesmo método a dona Maria deu uma uma desculpa discrepante: “não foi mais a doação de alimentos, foi um infarto. Dona Maria disse que ela tinha um histórico”, destacou.

As investigações apontaram que os dois agiram de forma premeditada em todos os casos. A motivação seria para que eles acabassem com a família e ficassem apenas os dois por causa das condições financeiras.

“A gente acredita que eles agiram em coautoria nos dois primeiros casos, eles premeditaram os crimes. O que motivou seria uma dificuldade na família de se sustentar. Ele dizia abertamente que não queria os filhos dela lá, e esse relacionamento os manteve bem próximos”, disse o delegado.

Fonte: Portal A10+


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