Pré-candidatura de Flávio à Presidência é tática para herdar ‘espólio político’ do pai, dizem analistas - Política
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Pré-candidatura de Flávio à Presidência é tática para herdar ‘espólio político’ do pai, dizem analistas

Apesar de ‘fortalecer simbolicamente’ o bolsonarismo, entrada do senador na corrida presidencial deve gerar disputa interna na direita


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A oficialização de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) como pré-candidato à Presidência abriu uma nova fase na disputa eleitoral de 2026 e movimentou imediatamente pesquisas, mercado, aliados e opositores.

No novo levantamento da Gerp, divulgado na quinta-feira (11), o senador aparece com 25% das intenções de voto, atrás do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (34%), mas já se firma como o principal nome da direita no cenário estimulado. A troca de Jair por Flávio reconfigurou a leitura de especialistas sobre o impacto da jogada.

  
Flávio Bolsonaro Reprodução/Record
 
 
 

Em entrevista à RECORD, ele reforçou que a escolha do pai se deu num momento em que “pessoas estavam batendo cabeça” no campo da direita, e exaltou o papel de Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, como fiador de um “palanque forte” e “referência moral e técnica” para 2026.

Passo estratégico

Para o cientista político Gabriel Braga, a candidatura de Flávio não cria qualquer proteção jurídica ao ex-presidente, mas opera em um nível simbólico crucial.

“Politicamente, a candidatura funciona como blindagem simbólica. Ao transferir o centro de gravidade do bolsonarismo para um herdeiro direto, mantém-se ativa a base e eleva-se o custo político de decisões institucionais mais duras. A política volta a disputar espaço que, por anos, ficou dominado pelos tribunais”, comenta.

Braga destaca que, junto do debate sobre a prisão humanitária de Bolsonaro, a escolha reafirma a mensagem de que o projeto não recua, mesmo sob punições formais.

A movimentação, diz, mantém mobilizada uma base que se sente “sequestrada” junto ao ex-presidente. Narrativa reforçada pelo próprio Flávio ao declarar que seu “preço para desistir” seria ter Bolsonaro livre e nas urnas.

Disputa

Na avaliação do sociólogo Clésio Arruda, a jogada deve ser lida como uma disputa direta por um “espólio político” construído por Jair Bolsonaro ao longo de sua ascensão.

“A candidatura do Flávio está dentro de um contexto de disputa pelo espólio do Bolsonaro”, diz. “Ele foi capaz de fidelizar um eleitorado expressivo, que, sozinho, não elege um presidente, mas é fundamental para decidir o segundo turno.”

Arruda lembra que, dentro da própria direita, a disputa pela sucessão já estava aberta, e Michelle Bolsonaro chegou a despontar como nome competitivo.

“Michelle assumiu uma posição forte, mas o lançamento de Flávio a faz recuar. Desde então, ela praticamente desaparece do centro da articulação”, explica.

Segundo o sociólogo, Flávio entra no jogo sabendo que sua viabilidade ainda é baixa diante de nomes como Tarcísio de Freitas, preferido por setores do mercado e do centro-direita. A força real do senador estaria menos na vitória e mais na capacidade de negociar seu capital.

“Se Flávio retém esse espólio, pode negociar apoio futuro, compor governo ou garantir retorno ao Senado. É uma forma de se manter central na disputa de 2026”, afirma Arruda.

Fonte: R7


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