“Não existe justiça para quem é pobre. Justiça só existe pra quem é autoridade; eles são colocados na mesma hora em liberdade”, disse emocionada Iraildes Paiva, esposa de Francisco Neto, que morreu ao ser baleado durante uma perseguição policial contra 2 assaltantes no dia 10 de novembro, no bairro Lourival Parente, zona Sul de Teresina. A declaração foi dada à TV Antena 10 nesta sexta-feira (17), pouco mais de 2 meses após o ocorrido. Os dois policiais envolvidos foram postos em liberdade nesta quarta-feira, dia 15 de janeiro.
Iraildes contou à TV Antena 10 que não tem respostas sobre reconstituição do crime ou sobre os exames balísticos do caso. Emocionada, a mulher critica a soltura dos dois policiais militares envolvidos no caso, que ficaram pesos por cerca de 1 mês.
“A Justiça é assim, foi favorável pra eles. O advogado deles abriu uma brecha e agora eles estão aí soltos. A gente espera que não fique impune e que não abafem o caso. Eles estão dando um tempo para abafar o caso. Se eles recolheram esses projéteis, cadê? Por que não fizeram o exame que eles disseram que ia fazer? A reconstituição até agora não foi feita. Alguém foi lá e recolheu o projétil. Eles foram presos, soltos e até agora não temos uma resposta. Não sabemos quais serão os próximos passos”, disse.
O instrumento de trabalho de Francisco Neto, caminhoneiro que trabalhava com fretes, está parado em frete à sua casa desde o ocorrido. Francisco Neto era o responsável pelo sustento da família e no momento em que foi baleado estava trabalhando.
“Esse caminhão não ficava parado e agora está parado aí na porta porque a pessoa que trabalha nele teve a vida ceifada. Não tem como rodar, o provedor da família teve a vida ceifada sem explicação. Não existe justiça para quem é pobre, justiça só existe pra quem é autoridade; eles são colocados na mesma hora em liberdade. Quem está preso eternamente é meu marido, que está debaixo do chão. Eles [policiais envolvidos] voltaram pra família deles e vão trabalhar do mesmo jeito”, falou à TV Antena 10.
Na quarta-feira (15), o juiz Raimundo José de Macau Furtado, da Vara Militar do Estado do Piauí, concedeu liberdade aos policiais militares envolvidos na morte do caminhoneiro Francisco Neto, que faleceu ao ser baleado durante uma perseguição policial contra assaltantes no dia 10 de novembro do ano passado. Os sargentos Valdir Vieira da Costa, Carlos Alberto Vieira Carvalho e o subtenente Clenilson Vieira de Oliveira estavam presos desde o dia 19 de dezembro e foram soltos sob determinação de medidas cautelares.
O caso ocorreu no dia 10 de novembro. Francisco estava trabalhando transportando móveis quando o caso aconteceu. No pedido de prisão dos policiais, o Ministério Público pontuou que os bandidos atiraram contra a polícia durante a perseguição; os policiais teriam revidado os tiros e acertado um dos suspeitos na perna. A troca de tiros resultou na morte do caminhoneiro. Francisco Neto foi baleado no dia 10 de novembro, foi internado na UTI do Hospital Urgência de Teresina (HUT) e faleceu no 13 de novembro.